Culpa

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Eu estava andando pelas ruas de Long Islande, sem rumo, como se estivesse em um transe. Desde que saí daquela maldita rua eu estava assim, fazendo tudo no modo automático.Tinha alguns trocados então resolvi comprar um café. Precisava tomar banho e dormir, mas não conseguia.Enquanto eu lembrasse da morte de Izabel nunca mais faria nada com a paz de antes, a culpa era como uma tatuagem feita em meu coração,não tem como remover só aprender a conviver com ela.Não podia ir pra casa.Como eu explicaria para meu pai que a caminho de sua casa Izabel morreu? " Oi pai, fugi do acampamento com dois amigos,um deles morreu no caminho por eu ser uma completa idiota e problemática filha de Atena que não consegue passar um dia sem decepcionar alguém.
Nossa que justificativa interessante.Sentada naquela cadeira nenhum pouco confortável eu,dormir.
Mais que porr...Não sabia onde estava, só sabia que meus sapatos haviam ido embora e tinha um menino muito chato olhando pra mim.
-Christian?
-É.
-Onde você me trouxe?
-Estamos na rua.Temos que voltar ao acampamento.Dionísio voltou e quer falar com você.
-Por que voltou? Pensei que me odiava...
-Eu te odeio,mas também tenho outros sentimentos por você. Infelizmente.
-Nossa claro! Desprezo,raiva...
-Você é muito idiota Sofia.
-Obrigada. E não vou voltar para o acampamento, eles vão fazer o quê comigo? Me matar, talvez?
-Você é bem idiota mesmo.Claro que não, eles tem uma notícia ruim para você, mas nada a ver com o que aconteceu.
-Christian, eu não quero voltar.
-Sofia, eu não vou deixar que façam nada com você.
Na volta para o acampamento estava muito nauseada pensando em todas as acusações que poderia receber.Eu já esperava o pior como sempre.
Christian achou melhor caminharmos no finalzinho do trajeto para o acampamento.De longe eu podia ver a grama verde e a sensação diferente de estar em um lugar conhecido.
Na metade do caminho, em meio às árvores Christian me puxou pelo braço e gritou :
-Sofia corra!
Eu virei de imediato e vi uma coisa tão assustadora quanto a Quimera.Era como um falcão todo preto, com unhas pontiagudas.O pior eram seus olhos.Eram negros, vazios e sem vida.Ele estava indo em direção à Christian.
-Christian abaixe-se!
Mas foi tarde de mais.Christian não estava morto, apenas desmaiado pelo forte impacto com o falcão. Era só eu e ele. Agora não teria ninguém pra me defender, então teria que criar vergonha na cara e lutar pela minha própria vida e pela de Christian.
Suas garras estavam preparadas, minha adaga estava em mãos e minha única saída era atacá-lo antes de eu ser atacar.O problema era que eu nunca o acertaria.Comecei a correr por entre as árvores e me joguei no chão bem a tempo, vendo o grande falcão passar em minha frente.Era minha chance.Ele estava voltando em minha direção, então mirei minha adaga em seu pescoço e sem pensar duas vezes a arremecei.Abrindo os olhos eu vi à dois metros de distância o grande falcão. Ele jazia morto com minha adaga em seu olho.Assim que começou a se esvair corri e peguei minha adaga.Minha outra preocupação era Christian.Já estava ficando desesperada, quando enfim o encontrei.
-Christian? Christian? Pelo os deuses! Você não pode morrer!
Ainda de olhos fechados esboçou um sorriso.
-Por que?
-Por que precisamos de você.
-Eu me lembro de ter inventado essa mentira.
-Você não sabe mentir.Não pra mim...Vamos!
Christian e eu seguimos para o acampamento, ainda estava descalça, e meus pés sangravam.O cheiro de morangos me lembrava a primeira vez em que estive aqui. A noite já havia chegado, e como que de costume olhei para o céu.Lá estava ela, Izabel.Tinha quase esquecido de sua morte.É como se ela estivesse me esperando com os campistas de Apolo.Me abraçaria mesmo estando chateada, por que apesar de tudo tínhamos a amizade,e isso não é uma coisa que se possa apagar.Com os olhos marejados, eu olhei para Christian e falei :
-Eu vou consertar meus erros Christian, prometo.Você não vai mais precisar ter raiva de mim.
-Não importa Sofia, minha raiva não é pelo o que fez.Minha raiva é por...Que seja.Estou com você.
Olhei para ele de outra forma.Chris não era ruim, só fingia ser.E talvez gostasse dele por isso,por eu ser assim.
Primeiro passo, segundo passo, enfim dentro do acampamento.Pessoas me olhavam, e quase como impulso olhei de relance para Christian.Ele me olhou e então apenas movimentando a boca entendi: "Não importa .Estou com você."

Cria de Atena - ( Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora