Capítulo 26 - Kaleb

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Quando chego em casa, não vejo o carro dos meus pais. Eles devem estar atrás de mim.
Entro pela porta do fundo, que eles deixaram destrancada. Suspiro, e vou até meu quarto. Bato a porta, saio da cadeira de rodas, e passo pra cama, onde me sento, ficando imerso em meus pensamentos.

{...}

- Kaleb? - minha avó fala do outro lado da porta
- Oi, vó?
- Posso entrar?
- Pode...
A porta se abre lentamente, e por ela passa minha avó, uma senhora de 78 anos, de cabelos grisalhos e pele clara. Seus olhos amendoados se encontram com os meus. Ela se aproxima, senta-se perto de mim, e pega em minhas mãos.
- Seus pais estão preocupados... só não foram na delegacia, porque não deu as horas exatas para poder dar a queixa de desaparecimento. Por quê saiu de casa daquele jeito, sem avisar ninguém?
- Eu precisava pensar, precisava ficar sozinho, sem ninguém falando-me no ouvido que não posso fazer nada a não ser obedecer, ficar na cama e na cadeira. Eles fazem questão de jogar na minha cara que eu pretendo fazer isso pro resto da minha vida, que não vou mais poder fazer nada.
- Eu sei, meu filho, mas voltasse mais cedo, teus pais reviraram a cidade atrás de você.
- Vó... você também?
- Eu também o que, meu anjo?
- Vai ficar querendo dar lição de moral?
- Eu só quero abrir teus olhos, filho... só quero mostrar-te que em qualquer lugar que você vá, terá alguém disposto a dizer isso a ti, e não será por isso que você sairá que nem um louco de lá, deixando as pessoas que te amam preocupadas.
- Mas, vó... sabe o quanto isso dói?
- Eu sei, Kaleb...
- Eu encontrei a Clarie...
- Aquela garota que você disse-me uma vez?
- Isso... estávamos namorando, nosso relacionamento estava bem, nós estávamos bem. Mas aí a Julya mandou-me uma mensagem, e a Clarie viu. Nós brigamos, e nos encontramos quando sai.
- E o quê aconteceu?
- Terminamos.
Quando percebo, já estou chorando e soluçando no ombro da minha avó, que me acolhe em um abraço confortante.
- Ah, Kaleb... todos os relacionamentos passam por isso... você verá, daqui a pouco estarão juntos novamente.
Apenas fico ali, sentindo ela afagar minhas costas.
- Eu... posso entrar? - a voz da minha mãe atravessa a porta de madeira.
- Pode... - respondo a ela, que entra pela porta, e corre até mim, me puxando pra um abraço.
- Ah, filho... não faz mais isso... me perdoa por tudo que disse, foi na hora do nervoso... me perdoa, Kaleb?
- Tá tudo bem, mãe... - meus lábios se curvam, formando um sorriso.
Ela também sorri, e eu a aperto.
- Eu amo você, meu amor.
- Eu também te amo, mãe.

A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora