A força do amor

Capítulo 9

Kaleb me aperta nos braços dele, e ficamos assim até eu sentir a respiração ritmada dele em meu pescoço. Tirei os braços dele de minha cintura, e o ajeitei na cama, pondo as pernas dele apoiadas em uma almofada que tem ali. O cubro com o cobertor de algodão. Me levanto, e dou uma volta na cama. Dou um beijo no rosto dele, e escuto ele murmurar algo como "não me deixa, Clarie". Sorrio, e calço as sapatilhas, saindo do quarto e fechando a porta.
Ando pelo corredor a procura da Mary, a encontrando na cozinha mexendo em algo no forno. Entro, e me sento em um banquinho que há perto do balcão. Apoio meus cotovelos no mármore, e meu queixo nas mãos.
- E ai, Clarie? Se resolveram?
- Ah, sim, tia... ele ficou bem abatido nessas últimas semanas, né?
- Sim... ainda bem que você voltou, ele quase não saía do quarto.
- Mas não vamos mais nos preocupar com isso, já passou, está tudo bem entre nós e é isso que importa.
- Isso mesmo! Vai ficar para o almoço? Não aceito não como resposta.
Rio baixo.
- O que você tá fazendo pro almoço?
- Frango com tomate, milho e ervilha, feijão, e arroz temperado.
- Ah...
Escuto Kaleb gritando, sua voz estava em um misto de choro e desespero. Encaro Mary, que faz o mesmo, e me levanto. Corro até o quarto, e abro a porta. Entro rápido, e encontro Kaleb deitado na cama chorando. Me aproximo dele, e seguro o rosto.
- Ei, ei, calma. - digo, o ajudando a sentar na cama.
Kaleb me abraça, apoiando o rosto entre meus seios. Sinto o nariz dele encostado ali, o que faz cócegas. Minha blusa fica molhada, e ele me aperta.
- O que aconteceu, Kaleb?
- Eu sonhei que você tinha se mudado e havia me deixado.
- Mas estou aqui, não estou?
- Está...
- Então, meu anjo, não precisa chorar.
Deito com ele na cama, e acaricio seu rosto até ver que ele retornou ao sono. Me encosto mais nele, e faço um laço com minhas pernas na perna esquerda dele. Adormeço segurando o rosto de Kaleb.

[...]

Acordo com Kaleb resmungando algo. Abro os olhos, e observo ele, que tenta ficar confortável, já que estou grudada nele. Me distancio, e sento.
- Desculpa te acordar, Clarie.
- Não, não peça desculpas.
A mãe dele bate na porta.
- Vocês vêm almoçar?
- Já vamos, tia!
Levanto, e ando até o outro lado. Ajudo Kaleb a ir pra cadeira de rodas, e o ajeito. Ele me puxa, e sela nossos lábios.
- Agora não, Kaleb. Vamos almoçar, não dá pra beijar o tempo inteiro.
Empurro a cadeira de rodas devagar pelo corredor enorme até chegar na cozinha. Coloco a cadeira de rodas onde não há cadeira perto da mesa. O pai de Kaleb, Rick, está sentado na ponta da mesa, a mãe está se servindo, e servindo Rick. Pego um prato, e coloco um pouco de cada alimento para Kaleb, e volto, deixando o prato sobre a mesa. Pego outro prato, e me sirvo, fazendo o mesmo trajeto de volta pra mesa. Me sento na cadeira ao lado de Kaleb, e pego os talheres. Coloco comida no garfo, e levo a boca, mastigando vagarosamente.
- O que tem feito nas duas semanas sumida, Clarie?
- Parte do tempo fiquei em casa, na cama, esperando pra ver se seu querido filho - e aponto pro Kaleb. - me ligava, e nos outros fui as reuniões. Em falar nisso, Mark perguntou de você esses dias, Kaleb.
- E o que você disse?
- Só dei de ombros, eu realmente não sabia o que havia acontecido contigo.
Ele assente, e abaixa o olhar, continuando a se alimentar. Faço o mesmo, e sinto os dedos gelados e compridos envolverem minha mão. O olho de soslaio, e, em seguida, olho pro meu prato, o raspando com o garfo.
Me ajeito na cadeira, e puxo a jarra com suco. Pego uma taça para suco, e despejo o líquido no espaço que há ali. Kaleb apoia a cabeça em meu ombro, e eu o abraço, enquanto afago-lhe os cabelos. Levo a taça lentamente até os lábios, e engulo um pouco do líquido. Abaixo o olhar, olhando o Kaleb. Ele mantém os olhos fechados. Sua expressão facial demonstra dor.
- Kaleb? - sussurro.
- Tá doendo. - quase não o escuto.
- Onde?
Kaleb aponta pro estômago.
- Hum...
Bebo o resto de suco que há na taça, e ponho a mesma sobre o vidro.
- Quer ir pro quarto?
Ele assente. Levanto calmamente, e puxo a cadeira de rodas. Vejo a cabeça do Kaleb pender para o lado, e empurro a cadeira pelo corredor. Passo pela porta, entrando no quarto.