Capítulo 33 - Clarie

66 4 0
                                    

Entramos, e damos de cara com minha avó.
- Eu ia chamar vocês agora! Lavem as mãos pra almoçar.
- Tá.
Vamos pro banheiro, lavamos as mãos, e nos direcionamos para a cozinha. Kaleb põe a cadeira perto da mesa enquanto eu nos sirvo. Me sento ao lado dele, ponho um prato na frente dele e o outro na minha.
- Só isso, Clarie? - ergo a cabeça e olho na direção de quem me chamou. Foi a tia Taylor.
- É, tia. Não estou com muita fome.
- Ah... ok.
Pego meu garfo, e ponho um pouco do arroz temperado por cima de seus dentes.
- Como está o colégio, minha filha?
- Ah, vó... eu vou voltar a estudar semana que vem.
- Oh. Então, quando voltar, me conta como foi.
- Pode deixar. - e levo o garfo a boca, soltando o arroz ali.
- E você, Kaleb?
- Hum... - ele engole a comida - não frequento o colégio já faz alguns meses.
- Ah... bom, volte a estudar. Vai ser bom pra você.
- É. Eu vou voltar. Só não sei quando. - e enche a boca novamente.
Empurro um pouco o prato vazio. Pego um copo, e a jarra de suco, e encho o copo até a metade. O levo a boca, e engulo um pouco do líquido.
- Então, Kaleb... - Nalu fala - se aparecesse alguém melhor que a Clarie você - fuzilo-a com os olhos - a trocaria?
- Claro que não. Até porquê não existe ninguém melhor ela. E ninguém vai conseguir quebrar a crosta de gelo que tem em volta do meu coração como ela.
Olho pra Nalu sorrindo de lado, e ela tira o sorriso - ridículo - do rosto. Ponho o copo na mesa, cruzo os braços, e fico encarando Nalu, que ainda está comendo. Me seguro pra não rir, e olho pro Kaleb. Será que eu sou muito pequena, ou ele que é grande? Porque, mesmo estando numa cadeira de rodas, ele é quase do meu tamanho! Tudo bem que eu não tenho nem um metro e quarenta e cinco, mas... ele está numa cadeira de rodas!
- No quê você está pensando, Clarie?
- Não, em nada. Esquece.
O abraço de lado, e beijo sua bochecha, repousando a cabeça no ombro dele logo em seguida. Olho em volta, e estou apenas eu, minha avó e o Kaleb na cozinha.
- Amor, vai lá pra sala. Vou ajudar minha vó aqui.
- Tá. - e sai.
Me levanto, e começo a arrumar a mesa.
- Vó, você não vai acreditar!
- No quê?
- A Nalu, quando chegamos, me chamou em um canto, e começou a dizer que se eu "desse" o Kaleb pra ela, ela iria dividir a herança que vai receber quando você morrer.
- Hã? Ela? Receber herança? Hahaha.
- Eu tive a mesma reação que você!
- Me solta, garota! Sai daqui! - escuto o Kaleb gritando.
- Solta ele, Nalu!
Corro até lá, e vejo a Nalu em cima do Kaleb tentando o beijar, enquanto ele a empurra. Me aproximo, cravo as unhas no braço dela, e puxo ela. Bato no rosto dela com a palma da mão, enquanto a aperto.
- OLHA NO MEU ROSTO!
Ela não olha.
- OLHA PRA MIM, PORRA!
Ela me ignora novamente. Ergo o rosto dela violentamente.
- Olha aqui! Se você acha que vai conseguir algo beijando ele, ou tirando ele de mim, está muito enganada! Então, presta atenção: nunca mais chega perto dele, senão eu acabo contigo em um minuto com uma só mão! Fica atenta, Nalu, senão a casa cai pro teu lado!
Respiro fortemente, e jogo ela no chão. Piso na barriga dela, e me sento no sofá. Olho o garoto, que está encolhido no canto do sofá. Não sei se é porquê está assustado, ou se está com medo, de mim ou da garota pular nele de novo. Ignoro os olhares que estão em minha volta e a Nalu caída no chão, e me aproximo do Kaleb, que se encolhe cada vez mais.
- Ei... - digo esticando meu braço pra tocá-lo, e ele se abaixa um pouco.
Ele está com medo de mim. Mas... por quê? Será que... ai meu Deus!
- Kaleb... você... você está com medo de mim?
Ele apenas assente, fitando o sofá. Levanto, e me sento quase em cima dele.
Kaleb tenta ir mais para o lado, mas não consegue, pois já está grudado no braço do sofá. Pego no rosto dele, e ele tenta desviar o olhar do meu.
- Meu amor... eu não vou brigar com você, se é isso que você pensa.
- N-não?
Nego com a cabeça, e o abraço o mais forte que posso.
- Quer saber? Vou sim, porquê você está merecendo!
Ele se separa de mim rápido. Seus olhos demonstram desespero.
- Mentira, amor da minha vida! - digo rindo e o abraçando novamente.

A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora