Capítulo 15

67 3 0
                                    

Pego o celular dentro da mochila, e dou as costas para o Kaleb. Aperto uma tecla do aparelho, e olho as horas. Bloqueio o celular novamente, e enfio a mão embaixo do travesseiro, deixando o que está na minha mão ali. Fecho meus olhos, e me perco em meus pensamentos, que posso denominar confusos. E, nessa posição, adormeço.

Acordo com Kaleb chamando-me.
- Clarie?
- O que foi? - minha voz sai mais seca do que eu esperava e sonolenta.
- Você estava dormindo... só queria pedir desculpas, volta a dormir.
- Desculpa pelo quê?
- Não, esquece...
Apenas dou de ombros, e volto a dormir.

[...]

Acordo com o barulho da porta se abrindo. Abro os olhos, e me viro, para poder ver quem é.
- Bom dia...
É o Jonathan.
- Ah, desculpe te acordar. É que preciso acordar o Kaleb pra poder levá-lo a alguns exames antes do café da manhã.
- Ok...
Jonathan chama pelo nome de Kaleb, e o cutuca, até ele acordar.
- Ahn... bom dia. - a voz do Kaleb sai rouca e arrastada por conta do sono.
- Tenho que te levar a alguns exames antes do café, ok? É rápido.
- Hã... ok.
Jonathan ajuda Kaleb a passar pra cadeira de rodas. Reparo que o corpo dele está mais mole do que ontem.
- Jonathan.
- Oi?
- Ele não parece estar mole?
- Você reparou nisso também?
Assinto.
- Ele tomou um remédio ontem, e disse que tomou tudo que havia naquela caixinha.
Jonathan o olha.
- Era um que estava na mesa ao lado da maca, Kaleb?
- Era.
- Caramba, Kaleb. Você tem noção do quão perigoso é esse remédio?
- Kaleb!
- Tá, foi mal.
- Foi mal? FOI MAL? Só isso você tem a dizer.
- Quer que eu diga o quê? Quer que eu faça o que? Que eu diga "eu sou um idiota burro que não pensa antes de fazer as coisas", apesar de eu ser? Que eu me ajoelhe na sua frente e peça pelo amor de Deus que me perdoe? Não tem nem como eu fazer isso, não tem nem como sair dessa droga dessa cadeira de rodas.
O encaro por alguns minutos, até Jonathan quebrar o silêncio.
- Vamos, então?
Kaleb assente, e eles saem. Levanto do sofá, e ando até o banheiro. Tiro o pijama, enquanto ligo o chuveiro, e prendo os cabelos que já estão nos ombros em um coque mal feito. Passo pelo box, e me molho, desviando com a cabeça para não molhar o cabelo. Quando me molho o suficiente, desligo o chuveiro, e me ensaboo.
Após me ensaboar por inteira, ligo o chuveiro. Tiro a espuma do corpo, lavo o rosto, e desligo o chuveiro novamente. Puxo uma toalha, e enrolo no corpo. Passo pelo box, e calço meus chinelos que estão em cima de um tapete. Saio do banheiro, e ando até a mochila. Pego uma lingerie, short saia preto, regata branca, e coloco no corpo, e calço sapatilhas. Ajeito as almofadas no sofá, o lençol da maca, pego celular e dinheiro, e saio do quarto. Direciono meu corpo até a lanchonete que há no hospital, e me sento em um banquinho com os cotovelos no balcão. Pego um cardápio, e o leio. Vejo que uma loira alta se aproxima sorrindo.
- Bom dia, o que deseja?
- Bom dia... um cappuccino
e um cupcake.
A mulher assente, pega uma caneca e anda até uma máquina. Faz o cappuccino, e anda até uma espécie de geladeira. A abre, e pega um cupcake. Ela coloca em um prato pequeno, e me entrega.
- Deu... cinco reais.
Assinto, e entrego uma nota de cinco reais. Me levanto, e ando até uma mesa perto do vidro, onde dá pra ver os quartos do hospital. O quarto do Kaleb é bem na frente da lanchonete. Pego o papel em que o cupcake está embrulhado, e o tiro. Deixo o papel no canto do prato, e como primeiro o chantilly que há em cima dele, e olho pelo vidro. Dou uma mordida pequena no cupcake, e pego meu celular no bolso do short. Reparo que tem uma mensagem. Desbloqueio, e entro no aplicativo pra ver a mensagem. É de uma amiga. Charlotte.
"Clarie?"
"Eu."
"Onde você está?"
"No hospital."
"Ah, meu Deus. O quê aconteceu?"
"Não é comigo. É com meu namorado."
"Quê? Você está namorando?"
"Sim."
"O quê aconteceu com ele?"
"Fez cirurgia no estômago."
"Ah. Depois quero saber mais sobre ele. Você não vai voltar pro colégio não?"
"Vou... só deixa meu namorado receber alta, que aí irei tentar voltar. Você pode passar aqui no hospital, pra deixar a matéria pra eu poder copiar? Assim fico sossegada pra voltar pro colégio."
"Ok. Mais tarde passo aí. Estou na aula de música. Tchau."
"Ok, vai lá. Tchau."
Bloqueio o celular novamente, e termino o cupcake. Pego a caneca com cappuccino, e dou um gole. Olho pelo vidro novamente, e vejo Jonathan correndo até o quarto. Ele abre a porta, entra, e depois saí. Ele me vê, e corre até dentro da lanchonete.
- O que foi, Jonathan? - pergunto assim que ele para na minha frente.
- O Kaleb...
- O que tem ele?
- Eu havia recebido um chamado, e pedi pra ficarem de olho nele. Um enfermeiro ficou lá. Fui, fiz o que pediram, e quando voltei o Kaleb estava no chão desmaiado.
Tomo o resto do cappuccino, e me levanto rápido.
- Onde ele está?
- O médico está examinando ele, e tentando acordá-lo, mas ele não acorda.
- Me leva lá.
Jonathan sai correndo, e eu o sigo. Ele para em uma porta, e manda eu entrar. Entro devagar com ele atrás, e vejo Kaleb em uma maca. Parece que está dormindo. Há um médico mexendo nele. Me aproximo, assim como Jonathan.
- E então, doutor, o que vai fazer?
- Bom... não será necessário realizar nenhuma cirurgia. Ele ia sair semana que vem, não é?
Jonathan assente.
- Ele vai ter que ficar essa semana, a que vem, e a outra. Ele vai ficar desacordado por algumas horas. Pode levá-lo ao quarto, mas recomendo que fique lá. Você, mocinha, quem é?
- Clarie. Namorada dele.
- Ah, ok. Vai ficar com ele?
- Sim.
Ele assente, e manda Jonathan levar Kaleb.

A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora