Henry
Saio do café muito irritado, como Benjamin se atreve de me perguntar aquelas coisas.
Ele não sabe amar, não foi feito para isso, sinto pena da Margo por acreditar nele.
Evito esse tipo de pensamento, e sigo para o apartamento de Margo.
Sempre gostei desse espaço, o prédio não é chique, por fora ele é um amarelo claro, e por dentro tem apenas tons claros e moveis de segunda mão.
O apartamento de Margo se destaca, porque a parede é pintada de vermelho, nunca entendi o porque ela fez isso, mas sempre gostei.
Margo raramente tranca a porta do apartamento, então entro sem nenhum esforço. A casa de Margo é toda com cores calmas.
A única parte vibrante da casa é a cozinha, que é branca e vermelha.
Os móveis do resto da casa são antigos, e isso faz o lugar ficar aconchegante.
A casa estava um silêncio, vou para o quarto e encontro as duas enroladas na cama dormindo.
Me aproximo, fazendo o máximo de cuidado para não acordar as duas, começo a recolher os brinquedos de Alice e guardando tudo na mochila dela, piso em uma boneca que estava no chão e solto um gemido de dor, acabo acordando Margo.
- Desculpe não queria lhe acordar - digo, e tiro a boneca do chão.
Margo tira os braços da minha pequena de cima dela delicadamente e se levanta.
- que isso, faz tempo que chegou?
Sorrio ao perceber o estado que seu cabelo se encontrava.
- não, acabei de chegar.
- vem vamos pra sala, senão vamos acordar ela.
Margo vai pra cozinha e começa a arrumar seus livros na estante.
- então me diz Henry, como é ser pai?
Sorrio
- é a coisa mais maravilhosa desse mundo, principalmente porque sou pai da Alice, ela é a filha mais perfeita desse mundo, tenho muito orgulho dela, e sou muito feliz com ela...
Margo me olha e começa a rir
- você é um pai muito babão
- sou mesmo, fala que Alice não é linda e faz qualquer um se apaixonar por ela
Ela ri mais uma vez
- concordo Henry, Alice é uma garota agradável, e muito linda, brincamos bastante, eu consegui distrair ela sobre aquela história de me chamar de mãe... mas acho que vai ser por pouco tempo.
Olho para meus próprios pés
- peço desculpas pelo comportamento de Alice, ela fica falando de você o tempo todo, desde aquele dia que você a socorreu.
- oque ela fica dizendo? - Margo pergunta
- ah, ela fala que deveríamos namorar, porque formamos um casal bonito, e que você é uma boa mamãe pra ela
Margo derruba um livro no chão, não tenho coragem de olhar pra ela.
- caraca - ela ri - sabe Henry, sempre sonhei que iriamos ter os nossos próprios filhos, correndo pela casa, dando primeiros passos, parece que foi ontem que te encontrei na formatura beijando a Sophie...
Suspiro
- sabe que fiz aquilo sem pensar... que sempre amei a garota de cabelo vermelho - vejo ela sorrir - nunca consegui te esquecer, mesmo depois de eu conhecer Mariana, eu amei ela na mesma intensidade que amei você, talvez um pouco mais até, por ela ter me dado a Alice, só ainda tenho pesadelos com a notícia que Mariana não resistiu ao parto...
Margo me puxa pra sentar no sofá
- E hoje... eu senti uma coisa que não sentia a quatro anos... eu me irritei quando o Benjamin me ligou e marcou comigo naquele café, pra me pedir ajuda, ajuda pra te reconquistar, me perguntou qual era o seu tipo de flor preferido, eu não suportei, disse que nunca o ajudaria, porque ele não te merecia, não merecia seu amor...
Margo tem uma cara confusa.
- porque fez isso?
- porque descobri que ainda te amo...