Capítulo 2

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Tempo é uma coisa valiosa

Veja-o passar enquanto o pêndulo balança

Vejo-o contar até o fim do dia

O relógio marca o tempo da vida


— Eu.. eu vou buscar ajuda, vou ligar para a emergência você vai ficar bem! — me disse gaguejando desesperado.

Mas antes que ele se levantase, reuni todas as forças que restavam e segurei seu braço.

— Não! Você não vai falar para ninguém, e não vai chamar a emergência.

Mateus ficou com o olhar perdido, como se acabasse de entrar numa espécie de transe.

— Não falar para ninguém, não chamar ajuda — repitiu abobalhado.

Eu não fazia idéia do porque disse isso, é claro que ele precisava chamar a emergência! Eu estava morrendo!

Mas quando o ouvi falar que ia, algo me disse que não era uma boa idéia. O que não fazia o menor sentido! Uma má idéia é eu morrer aqui!

Estava muito arrependido, do que pedi para Mateus mas não tinha mais forças para dizer a ele que havia mudado de idéia.

A inconciência ia tomando conta de mim, minha morte agora tão desejada, colocaria fim ao meu sofrimento.

Então minhas preces foram finalmente ouvidas, e tudo parou, ouvi a voz desesperada de Mateus me chamar uma última vez, e tudo desapareceu.

Quando acordei Mateus estava sentado do outro lado do quarto, suas pernas estavam flexionadas, e ele abraçava seus próprios joelhos.

Quando me mexi, ele ergueu a cabeça na minha direção.

— Tri! — disse se levantando, se jogou em cima de mim, me abraçando forte — Eu achei que você fosse morrer! — disse entre soluços. Eu o abracei de volta.

— Mas eu estou aqui! — disse tentando tranquilizá-lo— Eu tô bem piralho! — ele sorriu um pouco quando eu o chamei assim — Que horas são? — perguntei, me sentando na cama, eu estava sem camisa.

— Duas horas da manhã — respondeu limpando as lágrimas — Você ficou aí apagadão a noite inteira. Eu queria chamar ajuda... eu queria ter chamado ajuda, mas... eu não consegui — disse se sentindo culpado — eu só orava, para você sobreviver.

— Hey Mateus, eu tô bem cara! Foi só um susto! Você fez bem em não chamar ajuda, só íamos assustar a mamãe a toa.

— Jura tato? Jura que você está bem?

— Eu juro, só estou um pouco cansado, mas eu estou bem.

Ele me abraçou de novo, respirando aliviado.

O Mateus e eu sempre fomos muito próximos, sempre fomos amigos, eu sempre soube que poderia contar com ele para tudo, e vice e versa.

— Vou tomar banho — disse me levantando.

— Não tranca a porta— disse com preocupação. Também pudera, se você tivesse visto seu irmão quase morrer, por mais que ele te assegurase que estava bem você também ficaria preocupado.

— Eu hein! Querendo me ver pelado! Saí fora pirralho! — brinquei, e fechei a porta, mas não tranquei como ele pediu.

Me olhei no espelho, eu estava bem, um pouco pálido, todo dolorido, mas eu estava bem, e vivo! O que era uma surpresa até mesmo para mim, eu realmente achei que fosse morrer mas pelo visto ainda não era minha hora.

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