Bônus Aurora

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Continue a tentar

Eu não vou morrer tão fácil

Eu não vou morrer


Após tentar me mexer e sentir todo meu corpo doer abri meus olhos.

O quarto estava parcialmente escuro, olhei pela pequena janela de vidro, os postes da rua já estavam acessos.

Em frente a minha cama a luminária da pequena escrivaninha estava acessa, vovô com certeza deveria estar escrevendo em seu diário.

Me sentei com algum esforço na cama, estava com sede, mas não era do líquido transparente que tinha numa pequena garrafa, no criado mudo entre as camas minha e de vovô, era de outra coisa.

Quando me ouviu sentando, vovô virou-se para me olhar.

- Boa noite minha preciosa! - disse amorosamente.

- Boa noite vovô - respondi com um sorriso.

Ele se levantou com certa dificuldade, e veio até mim, se sentando ao meu lado.

- Como está se sentindo minha pequena?

- Estou bem - disse com um sorriso, fazendo carinho no seu rosto enrugado, ele sorriu.

À alguns dias eu estava doente, era a primeira vez desde que nasci que isso acontecia.

- O que o senhor estava fazendo?

- Escrevendo em meu diário - respondeu.

- Porque o senhor sempre faz isso?

- Porque já estou muito velho, não posso mais confiar na duração das minhas memórias, e há algumas coisas que você precisa saber, mas não agora, porque ainda é muito pequena - disse apertando a pontinha do meu nariz como sempre fazia.

- Isso tem a ver com meus pais? - perguntei deitando a cabeça no colo dele.

- Sim preciosa.

- Quando o senhor vai me contar tudo sobre eles? - perguntei olhando para cima.

- No momento certo - respondeu.

E era assim que sempre terminava nossas conversas sobre meus pais.

Eu não sabia praticamente nada sobre eles, a não ser que eles eram vampiros assim como eu.

Eu tinha dez anos, completaria onze em algumas horas, e desde muito cedo percebia que era diferente do vovô.

Com um ano de idade eu andava e falava perfeitamente, inclusive me lembro de coisas que aconteceram antes dessa época.

Sempre tive muita facilidade em aprender. Aos cinco anos de idade, lia, e escrevia, em três idiomas diferentes, mesmo sem nunca ter ido a uma escola.

Foi nessa época que vovô me disse que eu não era uma humana como ele, e sim uma vampira como meus pais.

E que esse era motivo de eu ser tão mais inteligente e forte que a maioria das crianças da minha idade, e que era por isso que eu não comia nenhum tipo de alimento, e era por isso também que meus olhos mudavam de cor de acordo commeu humor.

Morávamos no Cairo capital do Egito, mas não passávamos muito tempo num único lugar, estávamos sempre fugindo, do que o vovôchamava de guarda real.

Eu não sabia exatamente o que era a guarda real, nem porque estavam atrás de nós, esse era mais uma das coisas que vovô dizia ainda ser cedo para me contar.

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