Capítulo 33 - O Fim

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O fim sempre chega. . .


- Temos que sair daqui! - puxei Julia do chão, ainda ensanguentada e chorando.
- Me deixa morrer! Eu não aguento mais isso! Eu o perdi de novo! E foi culpa minha! Eu fiz tudo isso! EU! - ela gritava. No meio daquela confusão toda, Aurora e Dylan impediam que qualquer um chegasse até nós dois, mas ela tinha desistido. E eu podia julga-la?
- Ju, eu nunca vou te deixar para trás! Vamos! - eu a puxei para o meu colo, havia muito mais sangue do que eu tinha imaginado.
- Eu o perdi. . . eu o perdi. . . - ela chorava - Trian, eu não quero mais lutar, só me deixa. . .
- QUE MERDA! DÁ PRA VOCÊ ENTENDER QUE EU NÃO VOU TE DEIXAR? EU TE AMO TAMBÉM, DE MANEIRA DIFERENTE DELE, MAS AMO! AURORA, DEBBY, MATHEUS, RAQUEL, ATÉ O DAMIEN! TODOS AMAMOS VOCÊS E EU PREFIRO MORRER A TE DEIXAR MORRER!
- VOCÊ NÃO ENTENDEU QUE EU JÁ MORRI POR DENTRO? - ela gritou de volta.
-- JÚLIA, A ÚLTIMA COISA QUE ELE FEZ FOI ME FAZER PROMETER QUE TE PROTEGERIA E É ISSO O QUE VOU FAZER! -- ela me encarava muda, com os olhos cheios de lágrimas vermelhas. Apenas concordou com a cabeça.
- Chega de papo! - Aurora apareceu do nada - Meu pai chegou e você - ela apontou para Julia, que ainda estava no meu colo - Vem comigo!
- Príncipe - Rodolfo veio atrás de mim - Vamos abrir espaço, você corre!
- Você não vai escapar! - Magno tentou me segurar - Você vai morrer!
- Vai para o inferno! - desviei do golpe de Magno e passei a ponta da espada no rosto dele, o deixando com um corte no outro lado do rosto - Mais uma cicatriz para a coleção!
- Você vai. . .
- Morrer, eu sei blábláblá - eu disse com desdém e corri para o carro que Aurora entrava com Julia no colo.
- Se segura! - Damien era o motorista. Ah não!
Ele arrancou com o carro, fazendo manobras para não acertar nenhum membro da Irmandade, jogando o carro em todos os possíveis alvos da realeza.
- É verdade? - Damien sussurrou, eu olhei interrogativamente e ele olhou para o espelho retrovisor. O banco de trás Julia ainda estava no colo de Aurora que falava algo tão baixo que não escutávamos. Ju tinha diminuído o choro, mas ainda chorava.
- Sim - eu suspirei pesadamente. Ainda não tinha assimilado aquilo, tínhamos mesmo perdido Alec? De novo?
Julia já tinha dito que não resistiria se isso acontecesse, como ela sobreviveria agora?

Tivemos que trocar de carro duas vezes, em todas elas encontramos algum vampiro no meio do caminho que levou o carro que usávamos para um caminho totalmente diferente e nos deixava um novo. Quanto mais tempo a realeza demorasse para nos encontrar, melhor.
- Como você está podendo dirigir se está de dia? - perguntei depois de tantas horas na estrada.
- Nossos carros possuem proteção UV, são feitos para nós - Damien respondeu - mas também tive que fazer algo difícil.
- O que?
- Beber sangue de Liam - ele fez careta - Ele é meu pai, eu realmente o amo, mesmo que ainda existem pessoas que duvidam da minha capacidade de amar, mas ele tem um gosto muito ruim!
- Gosto ruim? - segurei minha risada, Aurora e Julia pareciam ter adormecido.
- Não sei como você aguenta príncipe, gosto de vampiro é horrível. Tudo bem que quando está rolando aquele sexo gostoso, umas mordidas são bem-vindas, até apimenta. Mas meu pai? Ele não é vampiro comum, ele tem coisas diferentes no sangue. Vou ficar forte por um tempo, mas depois vou precisar de muitas horas de sono para me recuperar.
- É tão ruim assim?
- Como se eu bebesse um litro de energético, mas não um normal, um xarope concentrado com gosto de morte. Esse gosto ruim vai ficar na minha boca por dias - ele fez uma careta exagerada de novo.
Depois de mais alguma horas, ele entrou por uma estrada de terra, passando por um zona rural e indo além, até chegar num local que o carro mal podia passar.
- Chegamos - ele disse, saindo do carro, já que já era noite.
- Onde estamos? - sai atrás indo abrir a porta para Aurora e pegando uma Julia inconsciente no colo.
- No meu acampamento - Kylan disse, indo nos recepcionar. Atrás dele estavam Andréa, Kirian, Lyn, Matheus, Raquel, Debby e Edgar.
- Trian - Debby, com lágrimas nos olhos, foi a primeira a falar - por favor, me diga que é mentira! Alec. . .
- Eu sinto muito - eu disse. Edgar a abraçou no instante que ela começou a chorar. Todos entenderam e sentiram o impacto da noticia.
- Minha irmã - Raquel falou, saindo do abraço de Damien - como ela está?
- Ferida, tanto fisicamente, quanto psicologicamente - respondi.
- Precisamos coloca-la em alguma lugar, temos que cuidar dela, fora que ela precisa descansar. Vamos precisar de muito sangue de anjo - Aurora disse saindo do carro.
- Darei todo o meu, se ela precisar - Debby respondeu.
- Venham, temos uma tenda especial para vocês- Andréa foi nos guiando - podemos colocar a Julia na. . .
- Nossa! - Aurora disse rapidamente - Ela fica conosco!
- Tem certeza? - o olhar duro de Aurora, calou a pergunta da loba - Certo.
Lembra da primeira vez que isso aconteceu? De como Julia gritava e chorava, quis morrer, se machucou? Dessa vez foi diferente.
Ela acordou no dia seguinte, obedeceu aos tratamentos, tomou o sangue oferecido, respondeu às perguntas, mas, mesmo assim, não era ela. Era uma casca vazia, apática, sem brilho, sem risadas, apenas.
Não queria levantar da cama, não queria conversar. Saía andar com Aurora todas as noites, porque era necessário. Alias, a única pessoa que ele realmente aceitava algum tipo de contato maior, era Aurora, elas podiam passar horas conversando aos sussurros, eram os únicos momentos que se via alguma reação em Julia. Não que ela rejeitasse os outros, mas após cada abraço, ela voltava a se encolher, se reencostando na minha loira. Os pesadelos também vieram, mas ela não acordava gritando mais, os aceitava como se o merecessem.
Aquela era a nova vida dela, realmente Julia tinha morrido diante dos meus olhos e não havia nada que eu pudesse fazer.

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