**Explicando, a musica ali de cima é do capítulo, essa aqui é só zueira com o começo do capítulo. Meu Conselho: escuta essa de baixo primeiro, Mas na hora que o Trian estiver sentado na cadeira de balanço, escute essa aqui de cima**
-- Vamos lá Tato... bye bye...
Por Deus, ou qualquer outra entidade que os vampiros acreditem (eu realmente preciso descobrir se os vampiros tem algum tipo de religião), a viagem estava acabando. Depois de horas de conversas bobas com o Edgar, em que ele fugiu do assunto "Debby" a maior parte do tempo, falamos sobre Alec e nosso desânimo em ele recuperar sua memória.
-- Seja lá o que Balthazar fez com ele, foi algo muito sério. Ele fez Alec apagar centenas de anos dá sua memória. Pior, Alec esqueceu de Júlia, o que sempre achei que seria impossível acontecer. Não se apaga sentimentos.
-- Mas Perseu não esqueceu dá Li?
-- Sim, mas ele esqueceu dela, não do amor. E quando Zeus fez isso, ele era o Deus máximo do Olimpo. O ser mais poderoso. Só que o que houve com Alec foi diferente, foi mais forte. Não apagaram a Júlia dá mente dele, apagaram quase mil anos de histórias e lembranças, substituíram a verdade por mentiras, essas coisas mexem com a mente.
-- Como assim? Alec pode ter sequelas? -- ele podia estar sendo um filho da puta, mas Alec ainda era meu melhor amigo, eu ia arrumar um jeito de salva-lo!
-- Não dá pra saber, mas bem ele não deve estar. Imagina que toda a sua vida está sobreposta a outra. Assim que Alec tiver a primeira lembrança real, isso vai desencadear as outras, e uma vida vai se fundindo a outra, sem que você saiba o que é real.
Mas nossa conversa foi interrompida porque meu irmão acordou do seu "cochilo" (que durou três horas) e agora ele e Edgar estavam cantando música pop dos anos 90. Por que? Não tenho a mínima ideia.
-- Don't want to be a fool for you -- ele cantavam e tentavam fazer coreografia -- Just another player in your game for two.
Ótimo, Justin Timberlake tinha tomado conta do corpo do meu irmão.
-- Pare de ser travado, Príncipe -- Edgar bateu no meu braço -- vamos lá... You may hate me but it ain't no lie.
-- Baby bye bye bye.
E depois de mais shows, finalmente chegamos. Meus pais moravam numa cidade do interior, tínhamos nos mudado para uma cidade grande quando eu era criança, meus pais quiseram dar um futuro melhor para mim e meu irmão. Mas agora que já eramos adultos e meus pais tinham se aposentado, eles voltaram a morar na pequena cidade.
-- Aquela casa -- indiquei para Edgar.
A cidade não tinha mudado muito, quase nada. Eu a tinha visitado uma semana antes do meu último aniversário, que foi quando mudou tudo na minha vida. Ou, como diz Júlia, quando eu morri.
Era nostálgico estar aqui. O portão escuro, as paredes rosa claro que meu pai vivia falando que ia pintar, mas nunca fazia. Será que na árvore no quintal tinha o balanço de pneu que meu pai fez para nós?
-- Vamos? -- Matheus perguntou, mas não tinha outra resposta.
-- Sim -- eu respirei fundo e saí do carro.
Matheus estava alegre, quase saltitante.
-- Olha que lindo, parece um filhotinho que ganhou um presente novo!
-- Eu ouvi -- meu irmão reclamou.
-- Filhote, se não fosse para você ouvir, eu não teria falado -- Edgar sorriu presunçoso.
Os dois começaram a se provocar, revirei os olhos e fui na direção do portão. O mesmo portão baixo que não protegia nada, só impedia que o cachorro gordo da minha mãe escapasse. Se bem que Titi era tão velho e gordo, que duvido que ele sequer levantasse a cabeça do seu pote de ração caso o portão fosse arrancado do muro.
Titi, eu ri me lembrando, eu sempre disse para minha mãe que esse nome era ridículo e que o cachorro era gordo porque descontava na comida seus problemas com sua sexualidade, que veio depois que minha mãe batizou ele assim.
Meu pai sempre ria, já minha mãe não achava tão engraçado.
Passei pelo portão, ele já não rangia mais. O jardim da minha mãe continuava bonito, com várias flores coloridas. Minha mãe tinha um ciúme absurdo desse jardim. No canto da varanda, de frente para o jardim, tinha uma cadeira de balanço. Ela era antiga, minha mãe disse que tinha ganho da minha bisavó. Quando eu era pequeno, minha mãe se sentava ali, comigo no colo, e me contava histórias fantásticas de princesas que lutavam e poderosos guerreiros. Eu sonhava em ser um desses guerreiros, quem diria que em vez do guerreiro, eu era a "princesa"?
-- Trian? -- uma voz trêmula soou e me virei na hora, vendo minha mãe parada na porta, me olhando cheia de lágrimas. Ela era baixinha, bem mais que eu ou meu irmão cabelos loiros na altura do ombro, era magra e parecia tão frágil agora, que meu coração quebrou.
-- Mãe... -- eu fechei o espaço entre nós, a abraçando forte. Ela começou a chorar, chegou a soluçar -- Tá tudo bem, mãe, tudo bem...
-- Meu filho. . . Tanto tempo. . . Amor. . . -- ela falava e chorava, não me deixando entender o que dizia -- Ela. . . Eu queria. . . Me perdoe...
-- Te perdoar? -- eu não entendi, mas minha mãe sempre foi meio dramática mesmo, então a abracei mais apertado -- Mãe, quem tem que pedir perdão sou eu.
-- É verdade! -- ela falou se afastando de mim e limpando as lágrimas -- Você quase me matou de preocupação!
-- Mãe, eu... Aí!
-- Isso é para você aprender! -- ela gritava comigo enquanto puxava minha orelha e a torcia.
-- Mãe, solta! -- eu sou a porra do príncipe dos vampiros e minha mãe humana, de 1,58 de altura, estava quase arrancado minha orelha fora.
-- Tato se deu mal -- meu irmão zombou.
-- Você também, senhor Matheus!
-- Há -- eu gritei para o meu irmão quando ele também teve a orelha agarrada.
-- Vocês dois vão me deixar velha mais cedo! Ainda morro do coração por causa de vocês! Vocês não tem consideração comigo? É isso? Eu não sou uma boa mãe?
-- É sim, ótima mãe, melhor mãe do mundo -- eu e meu irmão choramingavamos.
-- Eu não sei para vocês, mas eu acho que é a melhor mãe do mundo -- a voz de Edgar veio de trás da minha mãe. Ótimo, agora eu seria zoado pelo resto da minha existência.
-- Ah, oi -- minha mãe finalmente nos soltou e foi cumprimenta-lo -- Me perdoe, eu não te vi aí. Eu sou a Carla, mãe do Trian e do Matheus.
-- Muito honrado em conhecê-la -- ele beijou a mão da minha mãe, que sorriu tímida. Revirei os olhos, fala sério! -- Sou Edgar, sou amigo deles.
-- Por que não me falaram que um amigo tão elegante viria? -- ela nos fuzilou com o olhar. Edgar riu, ainda mantendo seu jeito conquistador -- Eu teria me arrumado mais, teria arrumado melhor!
-- Ficar mais bonita do que está, seria difícil -- Edgar estava flertando com a minha mãe?
-- Edgar -- eu disse em tom de aviso.
-- Caí fora -- meu irmão praticamente rosnou. Mas, Edgar sendo Edgar, apenas riu e voltou a elogiar minha mãe, que corava como uma adolescente.
-- Gostei desse amigo de vocês -- ela disse encantada por aquele anjo metido a besta -- Venham, eu preparei o café da manhã. Espero que goste de bolo de fubá, Edgar.
-- Eu adoro -- ele sorria amavelmente para ela, que o puxava para dentro -- Aliás, antes de entrarmos, devo confessar, seu jardim é lindo. Nunca vi um tão bonito!
Golpe baixo!
-- Obrigada! Eu me dedico muito a ele. Minhas flores são minhas únicas alegrias, já que meus filhos não se importam mais comigo! -- a última parte ela quase gritou, nos olhando feio.
-- Mãe, não é assim. É complicado... -- o que eu podia dizer? Liderar uma revolução no mundo sobrenatural tomava muito tempo?
-- Se eu tivesse uma mãe como a senhora, eu nunca deixaria de ligar, um dia se quer -- Edgar continuava no seu papel de bom moço.
-- Não me chame de senhora, só de Carla. Ou tia, já que você é tão amigo dos meus filhos mal agradecidos -- alô, mãe, estamos aqui ainda! -- Mas você não tem um bom relacionamento com sua mãe?
O brilho dos olhos de Edgar mostrou que ele ia aprontar. Assim como apareceu, o brilho sumiu e ele assumiu uma expressão triste.
-- Eu não tenho mãe... -- O quê? Ele não ia fazer isso!
-- Oh meu querido, eu sinto muito -- não sinta mãe! Anjos não tem mãe!
-- Quer dizer, todo mundo tem mãe, mas eu nunca... sabe, nunca tive mãe ou pai -- minha mãe estava emocionada, ela o abraçou fortemente, o consolando.
-- Imagino como deve ter sido difícil -- ela o abraçava e fazia carinho nas suas costas.
-- Mano, será que a mãe me perdoa pelas manchas de sangue na parede, de quando eu rasgar a garganta dele -- Matheus me perguntou.
-- Provavelmente -- eu dei de ombros -- sangue de anjo é dourado, vai combinar com a decoração amarela do corredor.
Edgar estreitou os olhos para nós, ainda com o sorriso de canto.
-- Foi muito difícil no começo, mas agora eu sinto que encontrei uma família nos meus amigos -- ele disse, se sentando a mesa enquanto minha mãe lhe servia um pedaço de bolo -- Trian e Matheus, assim como Aurora e Lyn são como irmãs. Até mesmo o sogro do Trian, Liam.
Filho da puta!
-- Sogro? -- minha mãe perguntou.
-- Sim -- Edgar respondeu se fingindo de inocente -- Liam e Trian são muito próximos, praticamente moramos todos juntos. Somos uma grande família.
-- Então, enquanto eu ficava aqui, morrendo de preocupação, vocês estavam vivendo com sua nova família? -- ela se virou para nós, Matheus cobriu as orelhas na hora.
O quão patético é essa situação? Eu, príncipe herdeiro da Família Real Vampírica, uma das peças chaves para vencer uma das maiores guerras sobrenaturais da história, com medo de uma humana com menos de 1,60 de altura!
-- Não foi bem isso, estivemos muito ocupados e aconteceu muita coisa e. . . -- o que mais eu podia falar?
-- É mãe, não foi assim -- meu irmão tentou ajudar, mas não havia nada que pudéssemos falar. Edgar estar aproveitando que minha mãe estava de costas, jogando néctar no pedaço do bolo, o comendo e dando "joinha" com o dedo, aprovando o bolo da minha mãe, não ajudava.
-- Cheguei, alguém em casa? -- a voz salvadora do meu pai soou pelo corredor. Nunca, na minha existência, fiquei tão feliz de ver meu pai na minha frente.
-- Pai! -- Matheus e eu praticamente gritamos e o abraços -- Que saudades!
-- Eu támbem meninos, mas o que vocês aprontaram?
-- Que ultraje, pai! -- Matheus se fez de ofendido -- Como pode achar que aprontamos algo? Não conhece seus filhos?
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Mestizo
FantasyO que fazer quando seu mundo vira do avesso? Quando você descobre que todas as certezas da sua vida, não passam de mentiras? E quando a verdade é a única coisa que você nunca acreditou, sempre achou impossível? Meu nome é Trian, num dia eu era um...