Capítulo 2

621 42 9
                                    

Enceirar o chão. Tirar o pó dos móveis. Amaciar as almofadas. Coisas simples que tive que fazer pra deixar a casa "adequada" pra uma garota. O dia passou rápido, depois do almoço tive que dedicar todo o meu tempo em arrumar a casa. Faltam menos de cinco minutos para as 14:00. Não importa o quanto eu tente arrumar a sala de estar, apenas minha mãe tem o talento de conseguir deixa-la arrumada, é como se o universo se negasse a deixar a sala arrumada por minhas mãos. A janela está aberta, com a cortina bloqueando a luz, porém alguns raios de Sol conseguem entrar e iluminar o ambiente. A campainha toca, ela deve ter chegado. Nunca trouxe uma garota para casa, apenas alguns amigos íntimos, como Adilson, Igor e principalmente Thomas. Abrindo a porta, sou interrompido por minha mãe. Ela me afasta da porta, para ver quem é a tal garota que eu disse que estava à caminho. 

— Mas que linda amiga, Heleno! — Diz minha mãe, abraçando e beijando Savannah.

— Obrigado senhora... — Diz Savannah um pouco assustada com a reação de minha mãe. Eu também me assustaria se fosse recebido deste jeito por uma doida varrida que eu nunca tenha visto na vida.

— Pode me chamar de Elisa, minha querida... qual seu nome mesmo? — Pergunta minha mãe.

— Savannah. Savannah Von Morgante. Me mudei há pouco para a casa do final da rua — diz Savannah, um pouco tensa.

— Mas que nome exótico! É de que origem? — Pergunta minha mãe.

— Vem do Catalão. Dos burgos da Catalunha medieval — Explica Savannah, meio desconfortável.

Humilhante. Vergonhoso. É tudo o que tenho a dizer sobre o que minha mãe acabou de fazer.

— Preparei um lanche para os dois. Vou buscar na cozinha.

Minha mãe segue o corredor até a cozinha. Savannah me olha como se eu fosse filho de uma maníaca.

— Me desculpe pelo apego de minha mãe — Eu digo — É que eu nunca trouxe uma garota para casa antes.

— Nunca? Não me diga! Por que será que eu não me sinto impressionada? — Ela diz num tom sarcástico.

Está na cara que ela não foi com a minha cara. Nem eu fui com a dela. E é assim que nascem aminimigos.

 Chegamos na sala. Um tapete branco e felpudo, um sofá L verde água, uma estante marrom de mogno e um simples TV, ainda com o video-game que o Thomas trouxe semana passada. E é nisso que se baseia a sala de estar de minha casa. Bem-vindo a classe média. Nos sentamos no sofá, meu notebook está sobre a mesa de centro. Neste mesmo momento, minha mãe entra na sala, com uma bandeja com uma cumbuca cheia de pães de queijo, uma jarra de um litro com um suco roxo e dois copos de vidro.

— Aqui está, pães de queijo e suco de Amora — Diz minha mãe, colocando a bandeja sobre a mesinha de centro.

Por sorte, minha mãe não ficou plantada ao nosso lado, nos observando, esperando para que aconteça "algo" entre nós dois. Ao menos teremos privacidade. Enquanto comemos e bebemos, pesquisamos mais sobre Nicolau Flamel no Google.

[...]

— Aqui diz que seu corpo está velado nas catacumbas do subsolo de Paris. Também diz que ele era tachado como louco, por algumas pessoas. Que ele vivia dizendo que alguém nos controlava o tempo todo. Sabe alguma coisa sobre isso, Savannah?

— Não — Ela diz, balançando a cabeça — Não sei. Isso não faria diferença alguma na minha vida.

— É melhor pesquisarmos sobre aquela pedra filosofal — Eu digo

— Não! — Ela exclama, puxando minhas mãos de perto do notebook — Eu já vi um documentário sobre isso. Sei quase tudo sobre ela.

— Então me explique, já que sabe tudo sobre ela — Digo a desafiando.

A Casa do LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora