A Casa do Lago

Capítulo 10

— Assassina? — Retruca Savannah — Do que você está falando?

— Não seja sínica — Camila diz com um tom de voz carinhoso — Todos viram o vídeo.

— Vídeo? Mas que vídeo? — Savannah de vira para mim — Que vídeo, Heleno?

Camila pega o celular de uma de suas amigas e mostra o vídeo para Savannah.

— Sua idiota, essa não sou eu!

— Prove que não é você — Retruca Camila.

— Então ao menos prove que sou eu! Quem você pensa que é para sair acusando os outros de assassinato?

— É fácil provar que foi você! — Camila estende o braço e pega uma mecha do cabelo louro de Savannah — Está vendo esses cabelos? São os que apareceram no vídeo. Na verdade você por completo apareceu no vídeo.

— E daí? A Ursula também é loira, assim como eu! Outras garotas da escola também podem ter o cabelo da mesma cor que o meu, sem contar as que não estudam aqui! — Grita Savannah, no meio de toda a turma.

E foi nesse momento que quase todos presentes na sala de aula se levantaram para assistir a discussão.

— Quem garante que não é aplique? — Gagueja Camila — E mais ninguém aqui arranjou briga com a Andreia, a não ser você, não acha?

— Olha Camila, é melhor você parar de me acusar — Savannah bate com a mão em uma mesa.

— Ou o quê? Vai me matar? — Camila ri.

A professora entra na sala de surpresa, e todos vão para seus devidos lugares. Camila ficou até envergonhada após discutir com Savannah. Se a professora não chegasse, garanto que em trinta segundos, já estariam gritando "Briga, briga, briga", com toda aquela gente nos rodeando enquanto elas discutiam.

— Bom turma, hoje é o dia das apresentações dos seminários. Vamos à primeira dupla... Heleno e... Savannah?

— Desculpe professora, mas... esquecemos o pendrive com os slides — Eu digo.

— Escutem bem: Se há algo que me irrita, são alunos que não fazem o dever, e há algo que me irrita mais ainda são alunos que mentem.

— Não é mentira, eu...

— É tudo culpa minha, senhora — Interrompe Savannah — Eu combinei com o Heleno de eu montar os slides, e eu... não montei, exclama Savannah, em voz alta, na frente de todos.

— Ótimo. Ao menos alguém aqui consegue ser honesto. Agora vamos para a próxima dupla.

Nós tivemos o final de semana toda para montar essa droga de seminário, e não montamos. Podemos ter até feito a base dos slides, mas não da pra apresentar isso.

Savannah me encara, e sussurra

— Me deve uma.

Após longas e enjoativas seis horas na escola, somos dispensados. Andamos pela rua da escola, voltando a pé para casa.

— E então? O que quer falar comigo em sua casa?

— Só vai saber quando chegar lá - Respondo.

— Que suspense é esse? Vai me presentear algo?

— Não sei. Você acha?

Um carro preto passa; é Thomas e seu pai, voltando para casa. Da janela traseira, Thomas manda o pai parar e grita.

— Ei Heleno! Savannah! Entrem aí, nós moramos no mesmo bairro, não é?

O pai de Thomas estaciona em frente a uma padaria e nos espera entrar no banco traseiro.

O barulho dos pneus rodando na estrada; É a única coisa que se pode ouvir nesse silêncio mortal dentro do carro.

— Então... quando vão assumir? — Diz Thomas.

— Assumir o quê? — Eu digo.

— O relacionamento de vocês dois.

— Eu já disse, nó não estamos...

— Olha, se quer mesmo saber, é um relacionamento sério sim. Nós vamos nos casar, nos mudar para uma fazenda no Mato Grosso e ter 9 filhos — Diz Savannah, aparentemente brava.

— Sério?

Juro que nesse momento tive vontade de xingar Thomas de todas as ofensas sujas que existem no mundo... é claro que isso não é sério!

— É claro que não — Ela responde — Gente que não sabe o que é ironia não está preparada para a vida.

A viagem para casa continua, Thomas mora a um quarteirão de nossa rua, são aproximadamente uns quinhentos metros até lá.

Alguns minutos se passam, e chegamos até a casa de Thomas.

— Paramos aqui. Daqui em diante é a pé pra vocês dois. Talvez até seja bom, andarão sozinhos numa rua semi deserta, pra desfrutar sua intimidade — diz Thomas.

Dali, Savannah e eu seguimos andando.