Capítulo 30

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Savannah e eu corremos desesperadamente para minha casa. Não nos importamos em nos despedir de Thomas, nem nada. Meu único objetivo é ver minha mãe. Corro tão rápido que acabo deixando para trás. Chego em minha casa em questão de segundos. Quase levo o portão ao chão com a força que o empurrei. Corro rapidamente em direção da porta da frente e abro-a desesperadamente e me deparo com minha mãe estática, com as duas mãos tapando a boca, enquanto assiste ao noticiário. Mesmo com o barulho que fiz com toda essa correria, ela não notou minha presença.

— Mãe?

Ela respira e se vira para mim, rapidamente.

— Pelo visto já ficou sabendo. — Ela abre os braços para me abraçar.

Sigo o embalo de minha mãe e a abraço.

— Escute bem — Ela sussurra. — Savannah vai precisar de você mais do que nunca.

— Eu... eu sei.

— Veja só você — Ela sussurra novamente. — Em poucos meses irá se formar. Em poucos meses terá 18 anos. Em pouco meses... você já vai ser adulto. Sabe o quanto é difícil saber que seu bebê está crescendo?

— Mãe, eu...

— Sh... não fale nada. Savannah... ela deve estar arrazada, não é mesmo?

Tento atuar da melhor forma possível.

— Sim, ela... ela não parou de chorar — Savannah entra correndo pela porta da frente.

— Heleno! — Ela finge estar chorando.


E foi assim que o show começou. Lágrimas. Lágrimas por todos os lados. O mundo parou. Um dos empresários mais influentes do mundo "morreu". A imprensa foi até a casa dos Von Morgante e não saiu mais de lá. Todos os noticiários de todos os canais tinham apenas um assunto em foco. Acho que foi o dia em que mais vi lágrimas na minha vida.

À noite, após todos os repórteres e as equipes de gravação terem ido embora, fiquei para o jantar na casa de Savannah. Helene, Erik, Simone e Savannah vão ser obrigados a chorar quase todos os dias. Eles devem fazer de tudo para que a morte realmente seja real. Durante o jantar, Erik chegou a praticar seu choro. Estou impressionado. Eles aprenderam a chorar quando querem. Não precisam que algo triste aconteça para que uma lágrima escorra pelos seus olhos. Mas Savannah é diferente. Ela simplesmente não consegue chorar desnecessariamente. Hoje foi o primeiro dia em que a vi chorar. Chorar de verdade. 

E isso também me lembra que Ayla foi a pessoa que a fez chorar. Suas mentiras. Seu ego. Seu ciúme grotesco e desnecessário sobre ela. Talvez, quem sabe, ela realmente tenha feito tudo isso para a "proteger", mas, mentir não era algo necessário. Tentar me incriminar também não. 

Savannah me explicou como funcionou a "morte" de Nicolai durante o jantar. Ele morre fisicamente. Seu corpo fica, mas "Nicolai" vai embora. Sua mente. Ele simplesmente se torna um ser existente e inexistente ao mesmo tempo. E a única maneira de poder vê-lo é na reunião. Helene me mostrou um pequeno esboço do Coliseu onde será realizada a reunião. Um altar dourado no meio, com uma longa mesa de cinco metros com cinco cadeiras também douradas. Na frente do há um pedestal com um gigantesco livro velho aberto com um relógio de bolso no meio das páginas.

Ao redor do altar, centenas de bancadas individuais com um pedestal e um livro menor em cada uma. todas alinhadas uma sobre a outra, ao redor do altar. Mas no topo, são apenas 7. Helene disse que as 7 cabines posicionadas no topo do coliseu pertencem às famílias mais influentes dos Regeeners. Entre essas famílias, ela citou eles, os Von Morgante, e também os Heronberg — Família de Ayla —, e os Gregor — Família de Lysandre.

Após comermos, Helene, sentada na ponta da longa mesa de jantar, pede para que continuemos na mesa. À sua esquerda sentam Erik e Simone, e à sua direira, Savannah e eu.

— Hoje pela manhã um de nossos decretos do ano passado falhou — Diz Helene — Um incêndio deveria acontecer em uma vila no nordeste da Nigéria. Mas os Ayuk, a única família Regeener do país impediu que isto acontecesse. Como sabem, interferir em um decreto é um crime com pena de... morte — Ela começa a ficar nervosa. — Como um dos decretos não foi realizado, a reunião este ano será mais cedo. No dia 23 de dezembro, para ser exata. A reunião deste ano será realizada no subsolo do Vaticano. Será uma reunião especial, pois como sabem, o pai de vocês dois irá se tornar um de nossos governantes. Mas... o que importa agora, é decidir se Heleno...

— Não mãe, — Interrompe Savannah. — Não sobre vamos falar sobre isso agora.

— Sim, Savannah, nós vamos. Não é uma decisão apenas sua. Você sabia que muita coisa entra em jogo quando se transforma uma Humano em um de nós.

— Há apenas um simples problema — Digo. — Minha mãe. Como vou dizer para ela que vou ir para o Vaticano com vocês? Vai ser quase Natal, ela com certeza vai ficar louca. — Ao menos mais do que o de costume.

— Quer saber? Acho que você é o tipo de garoto certo para Savannah — Diz Erik. — Você é claramente um garoto de ouro. Em alguns momentos cheguei a pensar de a própria Savannah não era digna de namorar você.

— Erik! — Diz Savannah, envergonhada.

— Tudo bem, me desculpe a sinceridade. Mas acho que prefiro ter o Heleno como cunhado do que aquele Lysandre Gregor. 

— Enfim, acho que Savannah estava certa — Helene interrompe a discussão. — Não falamos mais disso até o dia 22 de dezembro. Até lá, não quero ninguém aqui falando sobre os Regeeners, sobre a reunião ou sobre Heleno e Savannah... vocês sabem. Quero que cumpram isso, em respeito à Savannah. Feito?

— Feito. — Todos dizemos ao mesmo tempo, simultaneamente. 

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