Capítulo 26

183 28 8
                                    

— E se ela realmente tiver feito isso? O que você vai fazer nela? Espancar a Ayla até que ela peça desculpas?

— É Claro que não! — Ela põe o celular no ouvido. — Eu nunca bateria na minha melhor amiga.

Ela sai do quarto com o celular, para falar com Ayla. Posso ouvir suas vozes vindo do fim do corredor. Finalmente o jogo virou, e Ayla finalmente se deu mal. Cansei de ter que ficar aturando suas ameaças e ter de ficar longe de Savannah por simplesmente vontade dela.

— Ela disse que é mentira. Ela não disse nada sobre o Lysandre e também não colocou esse preservativo na sua mala

— Você realmente falou com ela? Não parece que você sequer ligou para ela. Foi um diálogo muito curto, não acha?

—  Ah claro, eu só fiz uma ligação internacional para Genebra, só para perguntar para Ayla, se o clima lá está bom o suficiente para brincar na neve.

— Eu ainda não confio nela.

— Fique calmo — Nos sentamos na cama. — Ayla sempre foi ciumenta sobre mim, mas ela não vai te  machucar. Eu acho que nunca te contei quando ela jogou sorvete no Lysandre. Nós três estávamos numa sorveteria em Beverly Hills, quando ela teve um ataque de ciúmes só porque ela não se sentou do meu lado. Daí ela pirou, e jogou aquele caríssimo sorvete que o Lysandre pagou, na cara dele! Ele ao menos era cavalheiro.

— Então quer dizer que eu não sou cavalheiro?

— Não tanto quanto ele era.

— Não gosto quando me compara com seu ex. Na verdade, ninguém gosta de ser comparado a um ex.

— Eu nunca quis te ofender — Ela vira meu rosto para o dela. — E você sabe que eu não te trocaria por ninguém nesse mundo. — Ela me beija.

É nesse momento em que me lembro que essa é a primeira vez que amo alguém de verdade. E também é a primeira vez que Savannah namora alguém que não a trate como um objeto. Olhando para ela agora, não consigo acreditar que ela era aquele garota estranha, fechada e agressiva que todos tinham medo. Não consigo aceitar que foi ela que jogou suco na cabeça de Andreia e Camila, no mesmo dia em que entrou na escola. Andreia e Camila! As duas garotas que praticamente implantaram uma ditadura na escola, as duas garotas que quase todos os alunos da escola um dia sonharam beijar, ou esganar, assim como Savannah. Isso me faz lembrar que desde que Savannah e sua família se mudaram para cá, tudo em minha vida mudou. Perdi o medo de entrar nesta casa, Andreia foi assassinada, Camila se suicidou, Saio do país pela primeira vez na vida... namoro pela primeira vez na vida. Amo pela primeira vez na vida.

— Me responda uma pergunta. — Interrompo o beijo, e acaricio seu rosto.

— O que quiser. 

— O que aconteceu com Lysandre?

Ela suspira, e funda seu rosto nas palmas de suas mãos.

— Ele... — Ela suspira profundamente. — Depois do dia em que nós terminamos... ele não aceitou minha decisão. Ele ficou depressivo, ficou muito mais rebelde do que ele costumava ser. Pintou o cabelo se branco... ele mudou interiormente. Um certo dia ele...

— O que ele fez?

— O Sol tinha acabado de se por, a lua já estava no céu... Ayla e eu estávamos voltando das compras que fizemos em Beverly Hills, pela calçada, quando Lysandre passou numa altíssima velocidade com a moto de seu pai, que ele havia acabado de roubar. Ela passou como um foguete na rua, e enquanto nós o acompanhávamos com os olhos, ele perdeu o controle da moto.

— Lysandre morreu?

— Quase. Depois que ele bateu a moto num poste, ele foi arremessado como se fosse um boneco. Voou uns vinte metros a frente e caiu no meio da rua. Quase foi atropelado por outros carros que estavam passando.

— Ele se machucou muito?

— Digamos que sim. Hoje em dia ele só pode se alimentar com o auxílio de um canudo. Sem falar que ele também não pode mover um sequer músculo do pescoço para baixo. Triste. Da última vez que o vi, seus pais estavam o empurrando numa cadeira de rodas pelas ruas de Los Angeles. Ele ainda estava com os cabelos brancos. Perdi o contato com dele depois daquele dia.

— Um contato que nem se você quisesse, deveria ter.

Alguém abre a porta do quarto. Helene.

— Tem alguns garotos no portão querendo falar com vocês dois. Um deles mandou dizer que é sobre a Camila... que ela deixou um bilhete relacionado a vocês, ou algo assim. — Ela fecha a porta.

Savannah e eu nos encaramos, temendo o pior. Camila deixou uma nota de suicídio com os nossos nomes.







A Casa do LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora