(especial) Capítulo 21

312 31 13
                                    

Estou imaginando o porque de Savannah decidir usar outro vestido só pelo terno que vou usar. Pelo que Simone disse, ela a presenteou com muita intensão... mulheres são estranhas. A mãe de Simone se aproxima de mim e pergunta:

— Wilt u meer?

— O quê?

— Ela perguntou se você quer mais — Diz Simone, cruzando a sala.

— Não, obrigado — Balaço a cabeça, como um sinal negativo para que ela possa entender.


Depois delas terem arrumado a cozinha, todos vamos nos deitar. A casa pode ser velha, mas é muito grande. É quase o dobro da que os Von Morgante moram. Dormi abraçado com Savannah numa cama num pequeno quarto do segundo andar. É tão pequeno, que além da cama, tem espaço apenas para uma simples cômoda. 

Às 04:00, acordo assustado com passos no corredor. Não é só uma pessoa que está caminhando. Pela luz que entra por baixo da porta, posso notar que as luzes do corredor estão acesas... e que tem duas pessoas na frente da porta. Começo a ouvir vozes. Vozes que não falam meu idioma. Parece ser holandês, mas não é a voz de Simone ou de seus pais. É de Nicolai. E de mais alguém, que nunca ouvi a voz antes... parece ser uma mulher. Nesse mesmo momento Savannah acorda, e me vê olhando para a porta, com os olhos arregalados.

— O que foi Heleno?

A luz se apaga e as sombras desaparecem no mesmo instante. Não ouço nenhum passo, é como se essas duas pessoas tivessem evaporado no meio do ar.

— Heleno, você está bem?

— Estou — Tiro suas mãos de meu pescoço. — Só volte a dormir. O fuso horário vai nos atrapalhar se não dormirmos.

— Está bem — Ela me abraça novamente e dorme em questão de segundos.


Ouço um sino tocar. É o pai de Simone tentando nos acordar de uma forma nem um pouco delicada.

— De zon is aangebroken, zijn luie!

Savannah e eu levantamos assustando, olhando um para o outro, tentando entender a situação. 

— We wakker al op — Savannah diz, levantando da cama e guiando o velho homem para fora do quarto — We wakker al op.

Depois dele sair, Savannah se encosta na porta e resmunga.

— Como é ótimo estar de volta a Rotterdam.

— O que foi que você disse para ele?

— Que nós já estamos acordados.

Um galo cacareja do lado de fora.

— Esse deve ser o despertador deles — Eu digo — Você não morava na área rural, morava?

— Não. Mas tive que vir pra cá frequentemente aos domingos quando Erik e Simone estavam começando a namorar, antes de fugir.

Depois de trocarmos de roupa e escovarmos os dentes, descemos as velhas escadas de madeira para o café da manhã. A gigante mesa de jantar está forrada de comida. Mas não é comida comprada no supermercado... eles não compraram nenhum caixa de leite, e sim deixaram um enorme balde cheio de leite recém ordenhado. Ovos recém botados são fritos e frutas recém colhidas são postas à mesa. A única coisa que tenho coragem de comer, são as panquecas que a mãe de Simone fez. Erik e Simone são os únicos que estão sentados à mesa junto de mim e Savannah. 

— Onde estão seus pais? — Perguntou sem saber quem é que vai responder.

— Foram organizar o salão onde será o casamento — Diz Erik — Os de Simone estão cuidando dos animais que eles tem nos fundos.

A Casa do LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora