Capítulo 9

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Perturbado, ando em círculos na sala de estar. Savannah aparece e me sussurrar:

— Isso não vai no separar, apenas feche os olhos e isso vai acabar em questão de segundos.

Ela se aproxima de mim com uma adaga e a crava em minha barriga.

Ofegante, me levanto da cama com meu despertador tocando. Esses pesadelos já estão se tornando rotina. Olho para o lado e já são 06:00. Então quer dizer que dormir 18 horas seguidas? Como assim? Eu não dormi, e sim entrei em coma!

Levanto-me rapidamente, deslizo minhas pernas para fora da cama e corro para me vestir. Escovo meus dentes na velocidade da luz e tento dar um jeito no meu cabelo o mais rápido possível. Com passos pesados, saio do banheiro, coloco uma das alças de minha mochila no ombro e saio de casa. Uma longa caminhada de uma hora. Minha mãe milagrosamente estava dormindo, não iria acordá-la só para pedir uma carona para a escola.

Minutos e mais minutos se passam e uma longa caminhada se vai: Cheguei até a escola e não há quase ninguém na entrada. É claro que não vai ter ninguém na entrada, saí muito cedo! Acordei com tanto sono que não percebi que ainda era cedo e não tinha necessidade de sair correndo feito um louco dentro de casa. Encosto minhas costas no muro da escola, coloco fones de ouvido e tento esperar o tempo passar. O clima em meu redor muda, sinto alguém respirar em meu pescoço. Me viro para o lado, retiro os fones e me surpreendo: Savannah. Ainda por cima, ela está sorrindo.

— Me desculpe por ontem... eu fui infantil demais — Eu lamento.

— Não tem problema — Ela também lamenta — Ontem acabei brigando com meus pais... tudo porque bati a porta quando você foi embora. Nós dois fomos infantis... na verdade, estamos sendo infantis.

O portão se abre e os outros alunos começam a entrar na escola. Savannah e eu andamos lado a lado à caminho de nossa sala. Estamos prestes a subir as escadarias quando alguém me puxa pela gola da camiseta para trás.

— Preciso falar com você.

— Adilson? Por que me puxou assim?

— Eu só preciso falar com você — Ele olha para Savanah — A sós.

— Ótimo - Savannah murmura — Tudo bem, vou sozinha daqui em diante. Encontro vocês dois na sala de aula.

Esperamos ela subir para o segundo andar para começarmos a conversar.

— O quê foi agora?

— Lembra da morte da Andreia?

— Sim, o quê tem?

— É que... — Ele olha para os lados e me sussurra — Ela foi assassinada.

— Por quem? — Eu o interrompo.

— Por Savannah - Ele sussurra novamente.

Não acredito que ouvi isso. O pior de tudo, é que ouvi de um amigo meu.

— Adilson, dê um soco em si mesmo antes que eu faça isso.

— Olha, sei que pode parecer estranho, mas é verdade.

Ele estende seu celular e dá play em um vídeo com uma péssima qualidade. É a praça do shopping... e o chafariz onde Andreia morreu... Andreia estava sentada em um banco quando uma garota loira com um capuz preto a puxa para a fonte e afunda sua cabeça dentro da água. Ela a mantém pressionada para baixo até deixar de respirar; até seu frio coração deixar de bater; até Andreia estar morta. Ela deixa seu corpo jogado no chafariz e sai andando como se nada tivesse acontecido. Não é Savannah. Não pode ser Savannah.

— Viu só? Ela é loira! — Ele explica.

— E quantas garotas loiras você acha que moram em Joinville?

— Muitas, mas a estatura dela é conforme a de Savannah e as duas brigaram recentemente...

— Você está blefando — Eu o interrompo.

— "Só porque você não acredita na gravidade, não significa que se você se jogar do topo de um prédio, você não vá cair". É uma das frases de um filósofo que estou estudando. E isso é o que você está enfrentando agora. Pense. Reflita -—Diz Adilson, se virando e indo para as escadarias. 

Desde quando ele se tornou um bom aluno? Já estou surpreso o suficiente por ele não ter me chamado para conversar sobre aquele jogo idiota.

No andar de cima, encontro Savannah parada, conversando com Paulo e Sarah. Logo ao me avistar, os dois se despedem de Savannah e saem andando como se nada tivesse acontecido neste instante.

— O quê eles queriam? — Pergunto.

— Estavam querendo saber o motivo porque faltei na reunião deles na sexta passada — Ela diz, cansada de tanto discutir com eles - Acho que querem alguém original em seu grupo. Devo ser um tipo de pessoa não muito comum por aqui.

— E não é. E isso é bom — Ela ri.

A sala de aula novamente está com um clima tenso, mas dessa vez ninguém está chorando, apenas encarando Savannah. Camila se levanta de seu assento, se aproxima de nós e exclama:

— Bom dia, assassina.


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