Cap.IV

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               Estava de madrugada e eu não conseguia dormir, abri os olhos e Thomas estava na beira de minha cama me observando:
-Te assustei? -perguntou ele com seus olhos cor de mel me fazendo parar por um instante de respirar e encará-lo. Recuperei o ar que me faltava e enfim disse:
-Só um pouco, o que faz aqui?
-Eu vim te fazer um convite! -explicou ele chegando mais perto.
-Não podia esperar o dia amanhecer?! -perguntei coçando os olhos.
-Não...é mais iluminado à noite. -respondeu.
-O que??
-Troca de roupa. Vem comigo.
-Aonde ? -perguntei.
-Você verá. -disse ele saindo do quarto. -Te espero lá fora. - disse ele, então fui até o guarda roupa e me troquei. Thomas me levou para um parque.
-Um parque?
-Sim. Eu estava com saudades. -disse ele, permaneci calada. Olhava para baixo tentado fugir de seu olhar.
-Não sentiu minha falta?! -perguntou ele.
-Não é isso... Claro que senti! Eu....
-Não diga nada. -ele disse -Me espere aqui. Ele saiu correndo tão rápido que mal deu tempo de piscar e ele já tinha sumido. Eu observava o lugar ... Lindo, mas algo me incomodava, estava atenta observando as coisas, as pessoas...até ver uma luz cinza que me chamou a atenção. Segui ela até me deparar do lado de fora do parque. Meus olhos estavam fechados e meu corpo começava a gelar.
-Com medo? -disse uma voz masculina atrás de mim, uma voz que penetrava minha alma e fazia com que ela gritasse por dentro. Meus olhos não queriam se abrir, mas não resisti e tive que abri-los e enfrentar qualquer que fosse o problema. Ao abrir meus olhos, me deparei com uma criatura totalmente sombria, um garoto moreno dos cabelos loiros e olhos .... Amarelos?? Isso nem era o mais assombroso, ele tinha longas, medonhas e poderosas asas pretas. A peça me olhava de cima a baixo, me analisando.... E eu me irritava de algum modo.
-Quem é você?! -perguntei sem me mexer, como se qualquer movimento fosse totalmente brusco, mantive até minha respiração controlada, ele me dava medo.
-Não precisa ter medo. -disse ele me rodeando. -Não vou te matar, mas só porque eu não posso, Blair foi bem
clara ao dizer que iria pegar a descendente de Amélia e matá-la com suas próprias mãos.
-Blair? - perguntei, ele me olhou com desprezo, pude observar que ele estava com uma faca em seu bolso e parecia não ter medo de usá-la
-Você realmente tem uma cara de tolinha, você não é páreo para Blair, a lua de sangue se aproxima e ela vai vim acompanhada de muito sangue, eu garanto. Principalmente o seu. -engoli seco, mas não iria demonstrar fraqueza, ou pelo menos não demonstraria o medo que eu estava sentindo por dentro.
-Espera você é amigo de Blair ? -perguntei me atrevendo a me mexer.
-Amigo? -ele debochou. -Ninguém é amigo de Blair. -ele me olhava de um jeito tão incômodo que eu me tremi todinha, de repente comecei a ouvir ruídos e pessoas gritando como se estivessem sendo mortas ou torturadas.
-Pare, por favor pare! -pedia, ele me olhava tão intensamente... Dava para ver seu ódio. Os barulhos continuaram até eu ficar de joelhos no chão, tapando os ouvidos. Fechei meus olhos bem forte como forma de imaginar algo que fosse me ajudar....senti meu anel coçar em meu dedo, mas não podia usá-lo, pelo menos não agora. Comecei a gritar até sentir alguém pegar em meu braço, foi então que dei um tapa no braço desse alguém.
-Thomas? -perguntei ao vê-lo segurar uma maçã do amor, me olhando com as sobrancelhas franzidas.
-Sophia o que aconteceu aqui?! -ele perguntou sem entender nada, eu o abracei, um abraço que não me confortou exatamente, só me fazia sentir mais medo, eu estava chorando.
-Vamos sentar... -nos sentamos e ele limpou minhas lágrimas. -Eu queria te dar um presente.
-Que presente ?
-Uma espécie amuleto.
-Amuleto? -perguntei enquanto ele tirava um cordão preto com uma pedra vermelha, simplesmente Thomas tinha bom gosto.
-Sim, nunca tire! Nunca... -dizia ele enquanto colocava o cordão em mim.
-Obrigada! -dei um abraço nele e no primeiro momento ele parecia meio inseguro de retribuir, mas resolveu me abraçar e depois de devorarmos maçãs do amor e pipocas, ele me levou em casa.
              No dia seguinte, sai de casa e estava tomando café na lanchonete ao receber uma mensagem: "Aonde você está? Estou preocupado! Me liga. -Vincent."  Sai da lanchonete e fui até sua casa. Bati na porta igual uma condenada e ninguém atendia. Até que quando estava quase desistindo, ele abriu a porta e me abraçou forte, meio molhado.
-Ah, que bom que está bem! -disse ele. Retribui o abraço não quis ser mau educada, mas ele estava todo molhado.
-Estou ótima. -respondi.
-Desculpe, acabei de sair do banho.
-Tudo bem.
-Achei que tivesse acontecido algo. Fiquei muito preocupado. -disse ele
-Ficou é?! -disse, trocamos de olhares por 5 segundos.
-Entra ai, você quer comer algo?! -Convidou Vincent.
-Não, acabei de vir da lanchonete e sim, aconteceu algo. -disse.
-Senta ai. -sugeriu ele apontando pro sofá. Expliquei o pequeno episódio que havia ocorrido com Lorenzo. Conforme as palavras saíam de minha boca, Vincent aparentava mais preocupado.
-Isso não é bom!
-Qual parte? -perguntei.
-Toda a história. Lorenzo ... Lorenzo.... -dizia ele repetitivamente.
-Algum problema ?!
-Esse cara! Esse nome...
-Você o conhece ?
-Sim! -ele olhou pela janela de sua casa e fechou a cortina, depois abaixou a cabeça e a levantou, mostrando ódio, nojo e rancor. -Não tem como esquecer ... -ele ficou em silêncio, então resolvi me pronunciar.
-Então .... -perguntei pedindo para que continuasse.
-Foi ele que cortou as asas de meu pai antes dele ser queimado por ajudantes de Blair que estavam a procura de algo. -disse até então e seus olhos incharam.
-Nossa que horror! -respondi meio que sem jeito, sem saber como consolá-lo, mesmo querendo eu não sabia como poderia falar algo que o tranquilizasse, então só segurei sua mão e sentamos no sofá, ele me olhou.
-Que bom que está aqui! -disse ele, observando cada centímetro de meu rosto.  -Adoro o seu batom vermelho. -dizia ele passando suas mãos pela minha bochecha e meus lábios, nos abraçamos.
-Eu não poderia estar em outro lugar. -respondi, por um só momento foi como se nada no mundo existisse, nem a maldade, nem a esperança, nem Blair nem anjos ou bruxas. Havia apenas eu e Vincent e nossas bocas se encostando como uma só.

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