Acordado

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Ele ouve o vento soprar docemente, está sentado na grama, em frente de um grande penhasco de onde pode ver o por do sol. Na beirada do penhasco está uma mulher de cabelos negros presos por uma longa trança, seu vestido lilás claro com detalhes em ouro é balançado pelo vento.

"Não há um por do sol tão lindo como esse... Venha... Venha ver de perto..."

Ele levanta e fica ao lado dela.

"Você pode ver, meu príncipe?... Ali do outro lado do mar..." Ela aponta com dedo o pedaço de terra que surgi das águas. "Ali é o Santuário da Terra... Lar de sua Atena, a única deusa que ainda tem a nossa confiança... Depois de tanto sangue derramado em vão... Um ciclo foi aberto... Um ciclo tem que ser fechado... Agora, acorde agora... Acorde Seiya..."

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SANTUÁRIO de ATENA.

Seiya dá um pulo da cama, rapidamente se sente tonto e coloca a mão sobre o peito. O ferimento de Hades ainda dói. Ele se apóia numa cômoda para não cair de volta na cama, mas ao se apoiar ele derruba um frasco de barro no chão.

"Seiya?... Já acordou?..."

A voz era de Seika, sua irmã, a qual ele muito procurou, e graças a Marin, sua mestra, foi encontrada.

Ela entra no quarto e corre para auxiliá-lo a sentar na cama.

"Eu já não disse pra não tentar levantar sozinho?! Por que você é tão teimoso?"

"Eu to bem, Seika... Já não aguento mais ficar nessa cama..." Ele fala já sentando.

Ela se abaixa e começa a catar os pedaços de barros espalhados pelo chão. "Esse era o último vidro de remédio... E eu ainda tenho que fazer o jantar..."

"Se quiser eu posso ir buscar outro..." Fala Seiya mostrando intenção de se levantar.

"Nem pensar o senhor vai ficar ai mesmo onde está." Seiya olha em direção a porta, de onde tinha vindo a voz, na frente dele encontra-se Hyoga seu amigo e companheiro de batalhas.

"...Eu vou até a curand..."

"Sacerdotisa! Quantas vezes eu vou ter que dizer a vocês que ela é uma sacerdotisa!"

"Foi mal Seika... Eu não chamo mais a sua amiga de curandeira... Bem é melhor eu ir se eu quiser voltar a tempo para o jantar."

Hyoga sai de fininho pela porta deixando os dois irmãos sozinhos de novo.

"Mas o que o Hyoga estava fazendo aqui, mana?"

"Saber como você estava e trazer noticias. Se você quer saber..."

"Saori... Ela..." Seiya falava com um olhar perdido, como se estivesse relembrando algo.

"Você quer dizer Atena. Ela está bem. Shunrey é a nova auxiliar dela, está mais para babá que outra coisa, mas Shunrey disse que ela está bem, agindo como uma deusa deve agir."

"Uma vez pensei ter sentido ela perto..." Sim, por um momento Seiya sentiu Saori por perto, protegendo, tentando alcançar o cosmo dele, quase que desesperadamente.

"Ela nunca veio aqui. Seiya, ela é uma deusa, não pode se dar ao luxo de dar atenção a apenas um cavaleiro. Eu acho que já está na hora de você perceber isso"

Ela fala indo embora.

Seiya olha para o céu azul lá fora e apenas pensa em: "Saori..."

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Sala do trono

"Seiya..." Saori ouve o voz de Seiya sussurrar no seu ouvido

"Falou alguma coisa, poderosa Atena?" Pergunta Shunrey, olhando para Saori que estava sentada no seu trono.

"Ahn... Nada... Ainda tem algum assunto importante para eu olhar?" A jovem deusa fala como se uma nuvem saísse dos seus olhos.

"Deixe-me ver." Ela fala olhando um monte de papeis a sua frente. "Não poderosa Atena."

"Saori." A deusa fala sorrindo fala sorrindo tristemente.

"O que?"

"Me chame de Saori. Você é minha amiga Shunrey, não precisa ficar falando: Oh poderosa Atena... Oh inimaginável... oh, rainha da cocada preta... Me chame apenas de Saori."

"É que... Está certo Saori... Eu poderia sair mais cedo hoje? É que Seika está fazendo um jantar, parece que uma amiga de Shun está chegando."

"Um jantar?" Saori dá um sorriso triste. "Claro que pode, mande um oi pra todos por mim."

"Por que não vai também? Todos a receberiam bem ..."

"Eu... eu não posso..."

Ao ver que Shunrey saiu, os olhos de Saori se enchem de lágrimas.

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Redondezas do Santuário

Hyoga anda calmante pela floresta, por um trilha que há pouco tempo Seika havia apresentado a ele.

Se ele continuasse nessa trilha logo chegaria a uma grande vila, lar dos sobreviventes da cidade perdida de Atlântida. Mas ele não continuou, ao longe ele ouviu um canto, e não sabe bem o porquê, mas aquele canto lhe parecia bem familiar.

Seguiu a voz até um riacho ali perto, onde uma jovem, de cabelos tão negros quando a noite, recolhia um pouco de água. O vestido dela era de um lilás tão claro que quase era branco, com detalhes em dourado.

Por alguns segundo ele ficou observando, mas alguém atrapalhou sua visão.

"O que pensa que está fazendo, cavaleiro de Atena?" O rapaz a sua frente gritava, devia ter a mesma idade de Hyoga, usava uma armadura de material inferior a dos cavaleiros de bronze. 

Hyoga recuou um pouco, não era sua intenção machucar aquele jovem.

"Chega Mikael! Ele está aqui por que eu o convidei." A jovem que há pouco estava recolhendo água surgira trás de Mikael. Por alguns segundo Hyoga se perde no azul celestial dos olhos da menina

"Mas sacerdotisa Bella." Mikael fala sem graça.

"Eu disse chega. Por favor, leve essa água para minha avó, ela precisa pra fazer umas unções." A voz da jovem era doce e tranquila.

"Mas sacerdotisa, eu não posso deixá-la com um..." Mikael ainda tenta argumentar

"Ele não me fará mal, não é cavaleiro?"

"Nunca me atreveria machucá-la." Hyoga responde com a cabeça baixa em sinal de reverencia a moça a sua frente.

Mikael pega a frasco de água e se ajoelha em frente a Bela antes de sair correndo na direção da vila.

"Perdoe Mikael, ela exagera muito na função de me proteger." Ela fala levantando o rosto de Hyoga com uma das mãos. "Você é um dos amigos de Seika, não é? Qual o seu nome?"

"Hyoga, sou o cavaleiro de Cisne." O rosto do rapaz fica avermelhado ao sentir o calor da mão da jovem.

"Prazer em conhecer Hyoga. Meu nome é Bella, veio buscar mais um frasco de remédio para Seiya?"

Como ela sabe? Como ele podia ser tão bobo, ela devia estar suspeitando que o remédio acabou e agora ele teria que esperar até o próximo frasco ficar pronto.

"Aqui está. Eu estava esperando você já tem algum tempo." Ela fala estendendo o frasco com o medicamento.

"Mas como?" Ele fala um pouco pasmo.

"Fale para Seiya que ele não precisa ficar preocupado com o frasco quebrado, temos muitos daquele tipo por aqui."

"Mas..." Ele fala pegando o medicamento.

"Segundo a minha avó, faz parte da maldição que corre no sangue das sacerdotisas. Podemos ver o futuro, ou parte dele." Ela fala sorrindo, mas seu olhar reflete uma tristeza profunda.

"Mas, isso não seria uma benção?"

"Pode ser qualquer coisa, menos uma benção..." Ela fala caminhando para a aldeia. "Ver a morte chegando não é uma benção."

Ela some no meio da floresta deixando Hyoga atônito.

"Morte se aproximando?"

A Saga do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora