O príncipe do Sonho

63 2 2
                                    

Tjukurpa observa o mundo do alto do Uluru, abaixo dele milhares de humanos esperam a resposta. Entrarão ou não na guerra.

"Meu marido?" A doce esposa se aproxima, tocando suavemente o ombro da armadura dourada. "Todos aguardam a sua resposta."

O jovem príncipe se vira e beija suavemente o rosto da mulher. "O Tempo dos sonhos acabou."

Sim, uma nova era estava para começar.

-x-x-x-

Miro se aproxima lentamente do grande morro, quando um grupo de aborígenes se coloca no seu caminho. O escorpião tem presa, mas pela primeira vez resolve seguir o conselho de Kamus.

Curvando-se ele busca conquistar aqueles que são os donos da terra. "Sei que a montanha é sagrada, mas preciso ir ao topo dela." De relance ele observa que o pequeno exército de Atena repete o seu movimento e se curva diante dos aborígenes. Eles não são nossos inimigos, devemos protegê-los.

A falta de resposta faz o Escorpião olhar para frente, só para encontrar todos os nativos curvados no chão, com suas testas tocando o solo. "Meu príncipe." Fala o que parece ser o líder do povo. "Estivemos esperando a sua volta, a montanha sagrada é sua, para fazer o que quiser com ela." Miro levanta e agradece, volta a caminhar, mas dois passos depois ouve uma pequena confusão atrás de si. Os aborígenes impediam a passagem do exercito. "A montanha é sua." Fala calmamente o líder.

O cavaleiro confirma com a cabeça e pede para o exercito ficar onde está, afinal só havia um cosmo divino naquele lugar.

O caminho até o topo da montanha foi tranquilo, suas frestas e cavernas pareciam reconhecer Miro. Já estive aqui? No topo de Uluru o cavaleiro encontra uma grande mesa, na sua cabeceira o jovem deus prova um cálice de vinho, enquanto a direita dele encontra-se uma linda mulher de cabelos castanhos, enrolando uma linha no sisal. Nenhum deles usava uma kamei ou uma asa.

"Sente-se, cavaleiro." O jovem deus fala. "Temos muito que conversar." Miro se aproxima com cuidado, não entendendo o que o deus queria. "Não estou disposto a lutar, muito menos enviar minha amada Ariadne ao combate. Acredito que o final de um ciclo de aproxima, quem sabe um novo Tempo dos Sonhos."

Tempo dos sonhos? Aquilo soa mais como uma recordação do que um desafio.

"O que quer Dionísio?" Miro pergunta sentando na outra cabeceira.

Dionisio sorri. "Atena e Primus."

Miro se levanta em frações de segundos ataca com a agulha escarlate, mas seus movimentos são impedidos, ao olhar para seu corpo ele percebe que está envolvido por uma linha. Seu olhar se desvia para mulher ao lado de Dionísio, Ariadne ele disse, a esposa dele, a senhora do labirinto do minotauro.

"Meu amor." O deus fala segurando um das mãos do arcanjo. "Pedi para que não entrasse nessa batalha." Ele beija delicadamente a mesma mão.

"Ele poderia machucar você." Ariadne responde séria. "Não sou só sua esposa, sou também seu arcanjo, devo protegê-lo" Ela fala afrouxando a linha e fazendo Miro cair de joelhos.

"Minha senhora do labirinto, sua preocupação por mim é divina." Dionisio puxa a esposa para si e a beija profundamente.

O cavaleiro então olha para o casal e sua mente é preenchida por milhares de imagens, de Lia, não, não era Lia, mas era. E ele, o cavaleiro, não o príncipe. Sua cabeça doía com todas aquelas imagens.

"Beba." Dionísio oferece o cálice de vinho. "Vai ajudar a acalmar sua alma. Afinal esse é lugar onde o mundo onírico é mais forte."

Mundo onírico? Tempo dos sonhos... Não, tinha que se controlar, não podia simplesmente aceitar a bebida de um inimigo.

"Tolo." Ariadne fala pegando a taça da mão de Dionísio e bebendo. "Meu marido e eu só queremos falar com você" Ela oferece o mesmo cálice, mas dessa vez o relutante cavaleiro de ouro aceita. "Devagar, faça com que cada gota seja uma parte sua."

Miro bebe três goles antes de colocar a taça na mesa, seu corpo está mais leve e sua mente não mais luta contra as memórias. Memórias? Deve pensar nisso depois. "Como querem que eu não lute, se ele acabou de me afirmar que quer Atena e Primus?"

O casal se olha e sorri docemente, mas é Dionísio que responde. "Sim, quero eles vivos e ocupando o trono que lhes foi prometido." O deus se levante e ajuda Miro a se sentar na cadeira ao lado esquerdo dele, depois volta a cabeceira e enche três taças de vinho. "Os quatro santuários devem pertencer a eles, juntos eles devem trazer uma época de paz e harmonia para Terra."

"Atena, sempre aceitou a todos." Agora quem fala com doçura é a esposa do deus. "Mesmo a mim, uma mulher mortal e já tocada por outro homem."

Dionísio rapidamente segura as duas mãos de Ariadne. "Toda a eternidade e você ainda se culpa por isso? Você foi enganada por Teseu, ele é o culpado."

"Meu amor, só você para ver dessa maneira. Eu já tinha idade para saber o que estava acontecendo."

"E isso faz você menos pura que as outras mulheres?"

"Hera..."

"Não me importa o que minha madrasta acha."

"Ela é a rainha..."

"Er..." Miro fala visivelmente envergonhado. "Desculpe, mas podemos voltar ao assunto principal?"

O casal pisca junto e depois sorriem. "Desculpe." Fala o arcanjo.

"O mesmo para mim." Fala Dionísio. "Como dizia, meu pai prometeu o reino para meus irmãos caçulas. Por isso que quando ele mandou trazermos o nossos exércitos para a Terra eu me recusei."

Miro apoia o queixo sobre as mãos e pensa. "E qual é o plano de vocês?"

"Eu ia fazer a mesma pergunta." Dionísio fala sério. "Qual o plano de Atena?" A falta de resposta de Miro faz o deus respirar fundo e bater levemente na testa. "Ela está pensando em defender os portais, mas não pensa em contra ataque, não é?"

"Atena pensa em proteger os mortais." Miro fala.

"Mas não ela mesma." Responde Dionísio. "Tão minha irmãzinha, desde cedo ela sempre se preocupou mais com os outros do que com ela. Heróis, mortais, deuses, ela protegia a todos da mesma forma, sem se importar se ela seria machucada ou não." Dionísio olha para o céu estrelado e sorri. "A proteção de Atena era responsabilidade de Primus. Mesmo que todos nós nos uníssemos em segredo para protegê-la, era Primus que sempre protegia Atena da forma mais eficiente." Dionísio olha sorridente para Miro. "Ele dava o amor que ela precisava."

Todos se calam por alguns minutos, lembrando-se dos momentos que Atena/Saori e Primus/Seiya, mostravam esse amor. Mais uma vez a cabeça do cavaleiro volta a doer e ele se sente tonto.

"Por que resiste?" Pergunta calmamente Dionísio. "Esse lugar era seu principado. Ele só está querendo que você lembre quem é."

Quem ele é? Miro de escorpião, cavaleiro de ouro de escorpião.

Dionísio se mostra preocupado e outra garrafa de vinho aparece. "No vinho está à verdade". Ele fala servindo o vinho. "Se beber desse vinho vai encontrar a verdade sobre a sua vida passada, vai se lembrar de tudo, vai compartilhar todas as suas lembranças, por favor, beba."

Miro estica a mão, segura a taça perto da boca, se beber vai lembrar de tudo. Mas eu sei quem eu sou, sei quem eu sou agora. O passado realmente importa ou é só curiosidade?

Nesse momento a explosão de um cosmo atinge o lugar, Dionísio protege Ariadne enquanto Miro encara o tranco com seu Cosmo.

"Atena!" Miro grita. "O santuário, tenho que ir!"

"Vamos com você." Responde Dionísio. "Vamos, meu amor, vista sua Asa."

Ariadne vê o marido e o cavaleiro de ouro partirem, ela também estava indo quando reparou a taça do escorpião. Ele não bebeu. A senhora do labirinto sorri, pois tinha certeza que o cavaleiro de escorpião sabe quem é.

��Q���F+3 

A Saga do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora