Crisalys

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Crisalys observa o corpo sem vida de Atena a sua frente. "Eu a matei..."

Apolo que ainda embalava o corpo de Primus infla seu cosmo em fúria. A mulher a frente dele foi o amor da sua vida e ela o traiu. Crisalys o traiu, e ele não está falando do caso dela com Jarilo, isso ele poderia perdoar, poderia ter sido um lapso causado pelo ritual da Lua Vermelha, podia ter sido apenas uma pequena diversão (como Apolo já tivera com várias mulheres). Mas não, ela tirou algo muito mais sagrado para ele. Ela matou Atena, matou uma de suas irmãs caçulas, tirou alguém que deveria ser imortal... Como ela matou um imortal?

A adaga dourada na mão dela. "O sangue de Zeus banhou essa adaga para salvar um mortal e eu usei esse mesmo sangue para matar um imortal... E para sempre esse adaga está destinada a matar Atena, sempre e sempre e sempre..." Crisalys falava, perdida em seus pensamentos, enquanto deuses e poucos sobreviventes observavam a cena. "Não, preciso lacrar o feitiço para que isso aconteça..." Ela olha bem no fundo dos olhos de Apolo. "Desculpe não te amar do jeito que você merece, mas amei Jarilo desde a primeira vez que o vi em Atlântida, quando ainda éramos crianças, eu realmente lutei, mas... Jarilo?" Ela olha para o corpo do homem que ela amou e matou. "Um dia eu irei reencontra-lo, mas ele não vai mais me amar... Terá amado muitas outras mulheres, em muitas outras vidas, e eu observarei tudo, torcendo para que o amor dele não se transforme em ódio..." Ela sorri para o deus Sol. "E você? Você ainda vai me amar?" Mas antes de ouvir a resposta ela canta um curto cântico, um antigo feitiço e corta o próprio pescoço.

Agora a adaga seria destinada a matar Atena.

Agora Primus sempre reencarnaria, na tentativa de ficar mais forte e vencer a Sombra que habitava dentro dele.

Agora o Ciclo se iniciou... Um ciclo foi aberto... Um ciclo deve ser fechado...

E o preço pago por Crisalys foi barato, só custou todas as suas reencarnações, todas as possibilidades de ela evoluir, todas as chances de reviver um grande amor, todas as tristezas e alegrias que ela partilharia com seus amigos. Ela seria um fantasma, vagando na Terra, por quase toda eternidade, esperando que todas as peças que iniciaram o ciclo estejam de volta ao tabuleiro na mesma época.

E só então ela poderia reencarnar... Mas ficar tanto milênios como um espírito errante tem um preço... Ela nunca seria somente uma...

-x-x-x-

"Apareça, Crisalys!" Apolo grita, apertando ainda mais o pescoço da sacerdotisa.

Não! A mente de Bella grita. Afinal ela queria ser só ela, só Bella. Que em seus minutos finais ela possa ser somente uma. Deixe-me sair. Mas não é isso que Crisalys quer.

Um segundo, foi o tempo de um abrir e fechar de olhos. A expressão da atlante muda do medo para o prazer. Finalmente ela poderia viver e cumprir sua missão, finalmente o ciclo seria fechado e ela saberia o que é paz... Finalmente esse mundo acabaria.

Crisalys coloca as duas mãos no braço de Apolo e queima seu cosmo ao máximo, fazendo a pele do deus se queimar. "Saudades, meu prometido?"

Apolo sorri e joga o corpo da jovem para longe. "Meu eterno amor, chegou a hora de acertarmos as contas."

"Então ainda me ama?" A jovem se levanta e observa o portal aberto. "Urano, ele está com Atena." Uma tristeza cobre seus olhos, mas logo depois ela sorri. "Finalmente esse mundo imundo vai se acabar."

"Como pode dizer isso?" Kido novamente. "As sacerdotisas deveriam pregar o amor e paz nesse mundo."

Paz, ele diz.

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