— SHIIII... — JOHN FEZ SINAL PARA que ela ficasse em silêncio, pousando o dedo indicador em seus lábios.
Isabella tremia. Imaginava se aquilo era normal, não sabia o que John poderia fazer com ela. Não estava preparada para nada. Por que ele não a beijava logo? Será que ele não a queria?
— Feche os olhos — ele ordenou.
— Não! Por favor, diga-me, o que pretende com essa faca? ― a jovem suplicou apavorada.
— Shiii... — ele sussurrou outra vez. — Vai ser rápido. Fique quieta.
Enquanto ela sentia as pernas ficarem bambas e o medo horripilante dominar até seus ossos, John pegou a mão direita de Isabella e pressionou a palma, fazendo o sangue se concentrar naquela área; só então deslizou a lâmina pela mão dela, respingando sangue imediatamente.
Isabella começou a choramingar, enquanto ele aparava o sangue com o cálice prateado, ainda pressionando a ferida para que o sangue continuasse a fluir pelo corte. A mão doía, ardia, mas ele lançou um olhar que a fez ter medo de reagir.
— Qual o motivo disso? — ela o questionou. — O que vai fazer com meu sangue? —
A imagem do esposo bebendo daquele cálice e depois tentando beijá-la a enojou.
John não respondeu, mas soltou uma das mãos que segurava a mão dela e alcançou um pano esfarrapado em cima da cômoda. Envolveu rapidamente a mão delicada e ferida com o retalho, fazendo com que o sangue parasse de fluir. Pegou o cálice, derramou o sangue dentro de um vidrinho transparente e o tampou com uma rolha de cortiça.
Aos poucos ela começava a se acalmar, mas o corte ardia por baixo do curativo.
— Por que guardou meu sangue? Para que...?
John permaneceu calado, guardou tudo de volta na cômoda e voltou-se para a jovem e inocente esposa.
O coração ansioso da moça martelava no peito, enquanto o marido deslizava as costas da mão pelo seu maxilar, curvando-se para baixo até seu rosto ficar na altura do dela.
Os lábios dos noivos se encontraram. Primeiramente, um leve toque, em seguida a boca de John se abriu contra a dela, e Isabella sentiu a dor na mão se esvair, assim como a força de suas pernas. Ele sugou de leve seu lábio superior e ela tentou imitar seu gesto, fazendo o mesmo, provando o gosto da boca dele. Ficou tonta. Um novo tremor percorreu seu corpo, a presenteando com arrepios na superfície da pele, que não tinham nenhuma relação com o frio do outono. Pelo contrário, a jovem sentiu a nuca umedecer com o calor que se apoderou dela.
Ele deixou os lábios de Isabella para contemplar seu olhar. O primeiro beijo que ela ganhou fez seu coração martelar tão forte que chegou a doer.
— Você está tremendo — ele comentou.
Isabella concordou com a cabeça, sentindo as bochechas corarem. A sensação era de estar nas nuvens.
— Posso ouvir seu coração batendo — John acrescentou com os cantos dos lábios arqueando-se em um sorriso cativante. Seus olhos eram de um azul raro e brilhavam com o reflexo das chamas na lareira. Sua boca carnuda e macia, além do modo como ele mordiscava discretamente o lábio inferior, quase imperceptível, era como um convite para mais um beijo.
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Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEIS
Mystery / ThrillerDesde os tempos mais antigos, os jogos de azar sempre foram muito procurados pelos homens. Roggero Fontana era um viciado em apostas, à beira da falência. Em uma de suas jogadas habituais, desesperado, aposta a mão de sua própria filha, Isabella, co...