XIV

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Confiar

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Pela janela, Isabella pôde constatar que ainda estava escuro. O sol não tinha nascido. As brasas na lareira mantinham o quarto iluminado e aquecido. Ela piscou os olhos e bocejou. Havia uma mãozinha descansando em sua bochecha. As maçãs do rosto e as pálpebras possuíam um lindo tom rosado, os cílios grossos e compridos contrastavam com a pele clara. Tereza seria uma jovem muito bonita. Provavelmente teria mais sorte que a irmã mais velha quando estivesse na idade de se casar.

Respirando fundo, fazendo uma prece, Isabella se aproximou da irmã deitada ao seu lado e beijou sua testa. Ela parecia muito frágil, porém, estava protegida entre o casal.

Isabella se moveu para levantar e sentiu dor nos músculos internos das coxas. Riu com a lembrança. John passara dos limites quando ela resolveu ceder, ainda na floresta, no frio. Mas não existia vento suficiente para esfriar o casal.

Dirigiu-se ao cômodo de banho e fez a higiene bucal como John lhe ensinou. Voltou a cama e, com muita delicadeza, puxou o corpo de Tereza para o lado em que estava deitada, deixando o meio do colchão livre. Então se enfiou entre o marido e a irmã.

Por alguns minutos observou as pálpebras de John. Pensou na infinidade de coisas que ele já tinha vivido, nos seus defeitos, erros irremediáveis, a paixão que estragou sua vida e, acima de tudo, o inferno — seu maior medo. Como ele conseguia dormir à noite?

Aproximando-se dele, Isabella beijou sua testa. Sentiu a respiração de John mais pesada. Desceu roçando os lábios até encontrar a boca do marido. Os braços fortes e ágeis rapidamente agarraram sua cintura, apertando-a contra o peito. John correspondeu ao beijo com voracidade, não recordava que existia uma criança dormindo ali.

Ela conseguiu afastar-se por tempo suficiente para lhe dar um sinal de advertência.

— Tereza! — Isabella sussurrou.

— Podemos levá-la até a sala — John sugeriu com a voz convidativa. — Derrubo Rafael do sofá e a coloco em seu lugar antes que ela acorde.

— Outra hora — ela se negou, procurando ganhar espaço. Não gostava de ter certos tipos de desejos enquanto estava perto de Tereza.

— Vamos para outro lugar — John insistiu, foi quando ouviram o relincho de cavalos enfurecidos.

— O que é isso? — Isabella perguntou assustada, sentindo o coração acelerar demais quando notou o alarme nos olhos do esposo.

Ele se levantou com pressa e foi até a janela. O maxilar estava trincado, a boca entreaberta deixando passar a respiração forte e acelerada. Isabella sabia que o medo de John ao ouvir aquele barulho só poderia significar uma coisa: o demônio vindo cobrar a dívida. A mente trabalhou rápido: a única alma inocente ali era a de Tereza. Instintivamente agarrou a irmã, puxando-a para seu peito. A criança permaneceu em sono profundo. John teria que matar Isabella primeiro para conseguir colocar as mãos na menina. Ela jamais permitiria que ele fizesse algum mal à sua irmã, enquanto estivesse viva. Pelo menos, era esse o pensamento que a confortava.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora