V

15K 1.3K 394
                                    

ISABELLA PISCOU OS OLHOS ALGUMAS vezes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ISABELLA PISCOU OS OLHOS ALGUMAS vezes. Aos poucos, recobrava a consciência, caindo em si. Não estava mais em seu quarto de menina. Um pouco de claridade entrava pela janela, infiltrando-se nas cortinas de rendas amareladas, mas o sol estava escondido atrás de uma espessa camada de nuvens cinzentas que cobria o céu de norte a sul.

A lareira estava apagada, restavam apenas pequenos resquícios de brasas. Isabella virou-se de lado, esperando encontrar John Smith dormindo ali, junto com ela, mas estava sozinha no quarto. Agora o cômodo parecia ainda mais mofado, abandonado.

Precisou respirar fundo para afastar a sensação de solidão.

Ela levantou-se e foi até o espelho. O corpo parecia mais voluptuoso, como se a noite passada tivesse despertado algo.

Na verdade, as últimas horas que passou acordada tinham-lhe deixado sinais: havia três marcas roxas e arredondadas, ambas entre os seios e seu pescoço, um arranhão bem na curvatura de sua cintura, as marcas avermelhadas nos pulsos e o curativo do corte que ele havia feito em sua mão direita.

Isabella olhou em volta. Nada que John usara para apanhar seu sangue estava ali. Ela suspirou e, vendo as manchas de sangue e outras sujeiras na roupa de cama, decidiu rapidamente que aqueles lençóis precisavam ser trocados. Foi até a sala procurar um dos baús onde tinha trazido seu enxoval — Gisela mandara bordar, de última hora, as iniciais dos noivos JI em letras azuis. O baú era de madeira escura, com tiras de couro presas a fivelas acobreadas para mantê-lo fechado.

Isabella o arrastou para dentro do quarto e escolheu o melhor jogo do enxoval. Os lençóis na cor marfim contrastavam com a madeira escura da cama com dossel.

Após arrumar tudo, Isabella puxou outro baú, que estava embaixo da cama. Ali, John guardava objetos extremamente íntimos e singulares, que foram usados durante as núpcias do casal. Com os olhos brilhando de curiosidade, e a respiração acelerada devido à lembrança, ela levantou a tampa do baú e observou o interior dele. Com cuidado tocou o açoite, o puxando pelo cabo. Os dedos macios deslizaram sobre as tiras de couro escuro, brincando com os nós arredondados das pontas.

Seu coração disparou com a recordação do que haviam feito há poucas horas. Sentiu o cobre frio das algemas, que mantiveram seus pulsos presos durante boa parte da noite, e engoliu em seco. Apesar de, a princípio, ter ficado receosa quando John apareceu com todos aqueles itens, ela confiou nele e, nem por um segundo, ele a decepcionou.

Não esperava por nada daquilo. Ainda assim, os olhos do marido passaram confiança. Além disso, sua mãe fez advertências a respeito da estranheza dos homens, e de como ela deveria ser obediente, a todo custo.

Isabella não estava arrependida de ter obedecido cegamente ao marido. Ele foi carinhoso, mesmo usando coisas que remetiam a instrumentos de tortura. Ela pensou na maneira como ele beijou seus pulsos avermelhados após liberá-los das algemas. John importava-se com ela — Isabella concluiu com um sorriso —, queria fazê-la feliz.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora