XIII

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Os segredos nunca acabam



John se moveu lentamente, como se saísse de um estupor. Virou o rosto para encarar a esposa, carregando uma expressão de dor. A fumaça saia pelos seus lábios entreabertos, por onde ele respirava pesadamente.

— Você não precisa saber disso — murmurou, os olhos tristes a fitando.

— Preciso sim! — Isabella exigiu. Sabia que, de algum jeito, aquilo tinha a ver com ela.

— Você já me odeia, Bells, para que intensificar isso?

Isabella ponderou aquelas palavras. Saber tudo aquilo fez com que ela sentisse mais ódio de John? Não. Ela sentia algo, mas não era ódio. John havia feito uma coisa muito nobre por Ana, casando-se com ela, depois se vingando daqueles homens, os monstros. Entendia perfeitamente por que ele estava tão apavorado em ir para o inferno.

O que ele tinha feito para salvar a vida de Ana era... Isabella nem conseguiria encontrar a palavra certa. Pensou que John jamais faria isso por ela, que, o que ele sentiu por Ana estava morto e enterrado, o mesmo sentimento jamais se repetiria. Ela nunca seria amada daquele modo, a ponto de ele vender sua alma em troca da salvação dela.

— Não pense que fiz por vaidade, por medo da solidão — John começou a murmurar, como se soubesse que Isabella estava pensando em Ana. — Não teve muito a ver comigo.

— Não pensei dessa forma, John — Isabella sussurrou. Fora dominada por uma vontade enorme de escorregar para mais perto do marido, até sentir o calor do seu corpo.

— Ana viveu um tormento após ser violentada. Nunca tinha sido feliz.

— Até você aparecer.

Era estranho pensar que John, aquele crápula, tinha sido a salvação de alguém. Mas a verdade, surreal ou não, estava bem ali, estampada no rosto dele.

— Depois que nos casamos ela parecia outra pessoa, alguém que se libertou de um fardo muito pesado — John prosseguiu. — Então veio a doença. Não era justo que, logo quando ela estava feliz, sua vida acabasse. Foi por isso que me meti nessa enrascada, por Ana, porque ela merecia alguns anos de uma vida que valesse a pena. Todo mundo merece. Ainda mais ela, que sempre foi o tipo de pessoa que nunca causou mal aos outros.

— Você fez muito por ela. Foi a coisa mais nobre que já vi alguém se submeter a fazer por amor.

Cedendo à vontade, Isabella deslizou o quadril sobre a pedra onde estavam sentados. O calor que emanava do corpo de John atingiu seu braço direito. Num gesto inconsciente, ela mordeu o lábio inferior.

Ele pareceu surpreso com a aproximação.

— Não sente repulsa de mim? — perguntou, os olhos investigando a esposa.

— Não — a voz de Isabella saiu como um silvo. Ela não imaginava que John fosse o tipo de pessoa passional. Isso a surpreendeu, a deixou curiosa.

Não considerou muito o que estava prestes a fazer. Na verdade, estava farta de pensar, planejar, raciocinar. Queria deixar o cérebro ocioso por alguns instantes. Desejou que toda a paixão de John fosse por ela. Queria sentir o gosto dos lábios do marido outra vez, por mais absurdo que parecesse.

John ainda a encarava quando ela investiu, aproximando-se do seu rosto. Primeiro, seus lábios tocaram a bochecha, roçando sobre a barba. Ele ficou paralisado por alguns instantes. Aquela era a última reação que esperaria de Isabella. Então as bocas se encontraram, e ele a agarrou, puxando-a para si. John faria tudo que ela quisesse naquele momento, desde que ela pedisse carinhosamente.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora