XXI

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SEM ARREPENDIMENTOS

CHOVIA LÁ FORA.

Isabella estava febril e sentia que aquela infecção ainda poderia piorar gravemente. A dor não abrandava um só segundo, aliás, o corpo inteiro estava dolorido por causa da febre.

Sua cama fora arrastada para perto da lareira.

Ela não tinha certeza se os últimos fatos ocorridos na noite da marcação eram reais ou apenas um pesadelo. Estava se agarrando a segunda opção. A ideia de Rafael assumindo que seria um bom marido para ela a deixava apavorada.

— É difícil de acreditar, mas ele não fez por mal — o anjo sussurrava no seu ouvido.

Estavam a sós no quarto. Isabella permanecia petrificada encarando o nada, enquanto ele lhe soprava palavras de consolo.

— Acho que essa coisa foi longe demais — o rapaz comentou com um tom pesaroso assim que John entrou trazendo uma caneca de chá quente.

— Se a marcação fizer com ela o que você disse que faria, terá valido a pena. Mas precisamos testá-la para saber se funciona.

— De que jeito? — Rafael perguntou.

— Do jeito tradicional. E se não der certo, a culpa será sua! Agora me deixe a sós com ela.

Rafael levantou-se da cama e deixou o quarto. John colocou a caneca de chá entre as mãos de Isabella e deixou as pontas dos dedos escorregarem pelo braço da esposa.

— Beba — ele pediu com um sussurro, em seguida, ergueu os braços dela para que a caneca alcançasse seus lábios. — Ajudará a desinflamar.

Como a jovem se recusou a abrir os lábios rachados da febre, John apertou seu maxilar fazendo com que a bebida entrasse na sua boca. Mas ela cuspiu tudo dentro da xícara.

O homem respirou fundo.

— Fale comigo, Bells — ele implorou, após colocar a xícara no chão ao lado da cama. — Já fazem três dias que você não fala comigo. Eu juro que aquilo teve um propósito. Rafael disse...

Isabella bufou ao ouvir aquelas palavras e virou o rosto na direção oposta ao marido. Ele deu um sorriso torto e beijou o pescoço da esposa com delicadeza, satisfeito por ela esboçar alguma reação.

— Rafael disse que isso te deixaria protegida. Ele mandou forjar o ferrete com minhas iniciais e fez um ritual, assim você estaria segura...

— E você acredita em tudo que ele diz — Isabella o interrompeu, virando o rosto para encará-lo com ódio no olhar. — Eu te odeio! Odeio os dois.

Ele ficou feliz ao ouvir aquela voz doce novamente, mesmo que ela estivesse irritada.

— Mas se ele estiver certo, se a marcação exercer o poder que Rafael disse que exerceria, você poderá me acompanhar a qualquer lugar.

— Não quero ir a lugar nenhum com você, monstro! — a bela moça rosnou.

— Beba o chá, pelo menos, vai ajudar a se curar — John pediu, se agachando para pegar a xícara no chão. — Prometo pela minha alma, que um dia vai queimar no inferno, que eu nunca mais vou te machucar.

— Já machucou demais — ela retrucou após um longo e desconfiado gole de chá.

— Eu tive um motivo.

— Que diabos você está falando? Explique logo! Me proteger de quê, se a única coisa que me machuca é você?

— Lembra do barulho em volta da casa? Lembra que eu fui lá fora e os espantei? — John perguntou e ela fez que sim com a cabeça. — Eram espíritos furiosos que queriam vingança.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora