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ISABELLA ABRIU OS OLHOS E piscou algumas vezes

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ISABELLA ABRIU OS OLHOS E piscou algumas vezes. Sentia-se estranha, atordoada.

Estava deitada de lado, virada na direção contrária à porta. Moveu-se para o meio da cama e deu de cara com John deitado de barriga para cima, os olhos fixos no teto e as mãos atrás da nuca. Seu peito desnudo subia e descia preguiçosamente com a respiração tranquila.

Ela sentia que faltava algo, mas não conseguia entender o que era.

— Rafael dormiu aqui? — perguntou após um longo bocejo. O nome do amigo de John ecoava em sua mente. Recordava-se de tê-lo visto carregando água morna em baldes de madeira, mas depois do banho, não o vira mais.

Não conseguiu entender o porquê de ela não ter se preocupado em arranjar algum lugar para ele dormir, de lhe oferecer lençóis limpos. Era o papel de uma dona de casa tratar bem a visita do marido. John poderia ficar furioso.

— Sim. Na sala — John respondeu ao tombar a cabeça de lado para encarar a esposa.

Seus olhos azuis encontraram os de Isabella, fazendo-a lembrar de toda a mágoa que tinha dele. Mas a jovem estava consciente que, se fosse tentar fugir, precisaria ganhar a confiança de John.

Levantou-se da cama e vestiu-se. Resolveu entrar no vão anexo ao quarto para lavar o rosto. Até usou um pouco da substância esverdeada e refrescante para higienizar a boca.

Enquanto fazia isso, ela pensava que John poderia ser um crápula, monstro, ainda assim, sabia muito bem como ficar cheiroso. Isabella não estava se rendendo. Longe disso. Ela o mataria naquele exato momento caso não existissem consequências. Esconderia uma faca bem afiada no espartilho. Aquela seria sua primeira atitude ao deixar o quarto. Se ele tentasse machucá-la novamente, não sairia impune.

Passando pelo quarto, viu que o marido permanecia deitado na cama, os olhos azuis fitando o teto, uma expressão enigmática no rosto. Ela não tinha o menor interesse em saber a respeito dos pensamentos que prendiam tanto a atenção de John. Abriu a porta e saiu para a sala.

Tomou um susto ao encontrar Rafael sentado no velho sofá de John.

Ainda não tinha descoberto por qual motivo o rapaz moreno não abandonava seus pensamentos. Memórias de Rafael vinham em ecos, como se ela estivesse se esquecendo de algo importantíssimo. Mas não fazia sentido algum.

Observou o jovem com cautela. Ele estava absorto na leitura de algo. Os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos segurando o livro grosso de capa preta. Isabella estreitou os olhos, aproximando-se com passos sutis, até conseguir ler o título. Bíblia.

Rafael estava lendo a Bíblia?

Isabella deu mais um passo e ele notou sua presença.

— Bom dia, amor — a cumprimentou fechando o livro rapidamente e ocultando-o ao seu lado no sofá. — O café está pronto.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora