Duras verdades
O CORAÇÃO DE ISABELLA BATEU forte no peito.
Ainda era cedo da noite, e certamente John estaria na casa de jogo com seu pai, ainda assim, seu peito se apertou.
— Deve ser a enfermeira que vem trocar meus curativos — Stefan explicou ao ver o olhar apreensivo de Isabella. — Está na hora. Não se preocupe, ela tem a chave.
As batidas continuaram. Será que a enfermeira tinha perdido a chave?
— Você está aí, Isabella? — uma voz conhecida quis saber, ainda batendo na porta. — Sou eu, Elena!
A jovem apertou os olhos. Seu coração batia forte demais. Como Elena saberia que ela estava ali. Com o medo castigando, ela caminhou até a porta — os passos vacilantes. Tocou a maçaneta, sentindo-a gelada contra seus dedos, e abriu a porta devagar.
Lá estava Elena, não sozinha; o que já era de se esperar.
Todos os seus medos nadaram rapidamente, subindo, até encontrar a superfície, emergindo da água gelada com voracidade.
Pensou em sair pela porta, sem se despedir de Stefan, mas seu plano foi destruído quase que instantaneamente.
— Saia da frente — a voz aveludada e letal de John exigiu. Sua mão grande e forte segurava o cotovelo de Elena.
As lágrimas de medo escorriam pelo rosto da amiga. Aquilo só podia significar que John tinha a ameaçado para fazê-la dizer onde estava Stefan.
Ele escoltou Elena para dentro da casa. Rafael os seguia.
— John, por favor, eu imploro, solte Elena e não o machuque! ― a jovem implorou com cuidado, temendo que alguma tragédia acontecesse à amiga.
Mas o marido já estava ao lado da cama de Stefan, os olhos ferozes encarando o moribundo. Largou a moça e se aproximou ainda mais da cama.
Isabella conseguiu se colocar entre os dois: agressor e vítima.
— Saia! — John ordenou. — Não posso confiar em você por alguns minutos. Pegue sua amiga e vá para a casa de seus pais! Consegue fazer isso?
— Vá embora, Isabella — Stefan pediu com a voz torturada. Apesar do pavor, ele tentava se mostrar forte.
— É Senhora Smith! — John grunhiu o corrigindo.
— Vá — repetiu Rafael.
Isabella sabia o que eles fariam. Não matariam o rapaz sem antes torturá-lo com covardia. E, outra vez, seria a culpada.
— Cale a boca, Rafael! — ela berrou.
Elena estava soluçando. Apesar do medo, não deixaria aquela casa sem levar Isabella.
— O que pretende fazer, John? — ela exigiu saber, agarrando os ombros do esposo, encarando seus olhos azuis.
— Ele nunca mais fará você me desrespeitar — o marido respondeu, mas antes que ele tirasse a jovem à força do seu caminho, Isabella abaixou o tom.
— Por favor — pediu aos sussurros —, eu não suportaria saber que meu melhor amigo foi morto pelas mãos do homem que amo.
Aquela declaração pegou John desprevenido. A respiração pesada e difícil fazia seu peito inflar. Suas mãos seguravam o corpo esguio da esposa. Ela o amava mesmo ou era apenas um truque, uma façanha para detê-lo?
— Acha que vim aqui para te desrespeitar? — ela perguntou tão baixo que ouvidos humanos não poderiam escutar. — O que imagina que estávamos fazendo além de conversar? Pensa mesmo que sou tão devassa a ponto de fornicar com um homem praticamente inválido? É essa a ideia que tem a respeito de sua esposa?
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Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEIS
Mystery / ThrillerDesde os tempos mais antigos, os jogos de azar sempre foram muito procurados pelos homens. Roggero Fontana era um viciado em apostas, à beira da falência. Em uma de suas jogadas habituais, desesperado, aposta a mão de sua própria filha, Isabella, co...