XVI

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Duras verdades

O CORAÇÃO DE ISABELLA BATEU forte no peito.

Ainda era cedo da noite, e certamente John estaria na casa de jogo com seu pai, ainda assim, seu peito se apertou.

— Deve ser a enfermeira que vem trocar meus curativos — Stefan explicou ao ver o olhar apreensivo de Isabella. — Está na hora. Não se preocupe, ela tem a chave.

As batidas continuaram. Será que a enfermeira tinha perdido a chave?

— Você está aí, Isabella? — uma voz conhecida quis saber, ainda batendo na porta. — Sou eu, Elena!

A jovem apertou os olhos. Seu coração batia forte demais. Como Elena saberia que ela estava ali. Com o medo castigando, ela caminhou até a porta — os passos vacilantes. Tocou a maçaneta, sentindo-a gelada contra seus dedos, e abriu a porta devagar.

Lá estava Elena, não sozinha; o que já era de se esperar.

Todos os seus medos nadaram rapidamente, subindo, até encontrar a superfície, emergindo da água gelada com voracidade.

Pensou em sair pela porta, sem se despedir de Stefan, mas seu plano foi destruído quase que instantaneamente.

— Saia da frente — a voz aveludada e letal de John exigiu. Sua mão grande e forte segurava o cotovelo de Elena.

As lágrimas de medo escorriam pelo rosto da amiga. Aquilo só podia significar que John tinha a ameaçado para fazê-la dizer onde estava Stefan.

Ele escoltou Elena para dentro da casa. Rafael os seguia.

— John, por favor, eu imploro, solte Elena e não o machuque! ― a jovem implorou com cuidado, temendo que alguma tragédia acontecesse à amiga.

Mas o marido já estava ao lado da cama de Stefan, os olhos ferozes encarando o moribundo. Largou a moça e se aproximou ainda mais da cama.

Isabella conseguiu se colocar entre os dois: agressor e vítima.

— Saia! — John ordenou. — Não posso confiar em você por alguns minutos. Pegue sua amiga e vá para a casa de seus pais! Consegue fazer isso?

— Vá embora, Isabella — Stefan pediu com a voz torturada. Apesar do pavor, ele tentava se mostrar forte.

— É Senhora Smith! — John grunhiu o corrigindo.

— Vá — repetiu Rafael.

Isabella sabia o que eles fariam. Não matariam o rapaz sem antes torturá-lo com covardia. E, outra vez, seria a culpada.

— Cale a boca, Rafael! — ela berrou.

Elena estava soluçando. Apesar do medo, não deixaria aquela casa sem levar Isabella.

— O que pretende fazer, John? — ela exigiu saber, agarrando os ombros do esposo, encarando seus olhos azuis.

— Ele nunca mais fará você me desrespeitar — o marido respondeu, mas antes que ele tirasse a jovem à força do seu caminho, Isabella abaixou o tom.

— Por favor — pediu aos sussurros —, eu não suportaria saber que meu melhor amigo foi morto pelas mãos do homem que amo.

Aquela declaração pegou John desprevenido. A respiração pesada e difícil fazia seu peito inflar. Suas mãos seguravam o corpo esguio da esposa. Ela o amava mesmo ou era apenas um truque, uma façanha para detê-lo?

— Acha que vim aqui para te desrespeitar? — ela perguntou tão baixo que ouvidos humanos não poderiam escutar. — O que imagina que estávamos fazendo além de conversar? Pensa mesmo que sou tão devassa a ponto de fornicar com um homem praticamente inválido? É essa a ideia que tem a respeito de sua esposa?

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora