XV

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A família Fontana

QUANDO A TARDE CAIU, ELES voltaram para a cidade a fim de deixar Teresa em casa e fazer uma visita ao casal Fontana. Isabella se sentiu radiante por poder ver a mãe novamente, mesmo que esta não tivesse feito absolutamente nada para impedir que Isabella se casasse com um desconhecido, nem se deu ao trabalho de visitar a filha durante esse tempo. Apesar de toda a mágoa, Gisela era sua mãe, a pessoa que lhe deu a vida. A jovem sabia que não poderia guardar aquele ressentimento por muito tempo.

Se sentiu em casa e adorou o cheiro da comida da mãe. Antes de servir o jantar, a senhora Fontana preparou o quarto de Isabella para que o jovem casal dormisse, destinando o quarto de Teresa para hospedar Rafael.

Os seis sentaram-se à mesa. Rafael parecia confortável, mesmo que aquela fosse a primeira vez que visitava a família. Foi estranho ver John compartilhar a mesa com seus pais, mas ele não parecia deslocado. Isabella entendeu que John deveria estar habituado a jantar com famílias estranhas, cada vez que praticava suas boas ações.

― Você trabalha com investimentos, não é mesmo? ― Roggero questionou John.

― Exatamente ― o genro respondeu. ― Compramos de pessoas que estão à beira da falência e, posteriormente, vendemos pelo dobro ou triplo do preço.

― Isso é bom. Deve ter acumulado um bom dinheiro até agora ― o senhor Fontana disse com olhos brilhantes. Isabella sentiu-se incomodada com o assunto, mas não era educado atrapalhar a conversa dos homens.

― Tenho minhas economias ― John falou vagamente.

― Poderia me arranjar um pequeno empréstimo? ― o pai perguntou descaradamente. ― Considere como um investimento. Poderei lhe pagar com juros.

― Pai! ― Isabella esqueceu-se dos bons modos.

― Tudo bem, Bells ― John falou com sua voz macia e aveludada, acariciando a mão da esposa. ― Tomei o bem mais precioso de seu pai. Sou parte da família. O mínimo que posso fazer é ajudar nas finanças.

As palavras de John chocaram Isabella, de modo que ela ficou sem reação. Sabia que John estava mentindo, que ele não comprava de pessoas falidas e depois vendia mais caro. O marido jogava praticamente todas as noites, sempre envolvendo grandes apostas, e ganhava todas as vezes, porque sempre sabia qual seria a próxima jogada do oponente.

Com uma parcela do dinheiro, ele ajudava famílias pobres e cheias de bocas para alimentar. Essa era a parte que fazia Isabella suspirar. Sentia orgulho por ele ter um coração tão generoso. O que tinha acontecido ficara no passado. Apesar disso, não imaginou que ele se mostraria tão prestativo em ajudar Roggero Fontana.

― Eu sabia que tinha encontrado um ótimo partido para minha filha ― disse Roggero orgulhoso. Mal podia se conter de alegria.

― Vamos à casa de jogo. Tudo que eu ganhar em apostas está noite será seu ― John explicou. ― Está com sorte, senhor Fontana?

Após o jantar, os homens partiram. Gisela não se sentiu à vontade ao ver o marido sair para fazer apostas, mas Isabella disse que o pai estaria seguro na companhia do genro — ela estava consciente que John não deixaria seu pai perder.

As mulheres limparam a mesa da cozinha, cuidaram da louça e depois estavam livres para conversar. No entanto, havia uma questão perturbando a mente de Isabella. Por mais que ela quisesse evitar pensar sobre aquilo, não poderia se controlar.

Tinha consciência que não deveria sequer ponderar tal coisa, mas estava tomada por uma vontade muito maior que o pensamento racional, era seu coração que estava a dominando naquele momento.

Azul... TRILOGIA IRRESISTÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora