Dia 5 - Lazaro

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Acordo com o barulho do metal da cela rangendo.
Beatrice é jogada para dentro do meu lindo quartinho.
Que ótimo, tinha uma companhia agora. Pelo menos não ia apodrecer  sozinho.
Ela levanta o rosto em minha direção , ela tem alguns arranhões em cima da sobrancelha e alguns na bochecha, os olhos expelem raiva.Quando abre a boca não menos:

-SEU BABACA, OLHA NO QUE NOS METEU! - ela socou o chão , ainda estava deitada.
- Como eu ia saber que não era uma baleia de verdade Beatrice?! - Eu não gostava de gritar com as pessoas, até mesmo quando precisava não saia.
- Porra tu não disse que elas já estavam extintas faz tempo?! - ela já tinha se posto sentada, rastejou ate uma parede e apoio a cabeça pra trás. - Vamos morrer aqui agora por causa da sua súbita curiosidade por animais marinhos.
- Não é súbita , eu sempre  amei animais marinhos! - eu queria ter dito algo pra ela calar a boca mas depois que soltei aquilo percebi o quanto foi idiota.
Ela suspira. Acho que sabe que discutir agora não vai levar a nada.
Ela podia ainda pular no meu pescoço e me matar, claro.
-O que aconteceu Lazaro? Como te pegaram ontem? - ela parecia exausta, acho que esteve me procurando dentro daquela baleia a noite toda.
Eu suspiro e imito a posição dela, apoio a cabeça na parede que estou encostado.

- Quando mergulhei, vi que o olho dela me seguia. Não havia dor ou medo não havia nenhum sentimento na verdade.Achei aquilo muito estranho. Uma baleia presa que não liga muito pra isso?

Ela da uma risadinha, depois geme e coloca a mão sobre as costelas direitas. Talvez ela tenha tentando lutar pra se livrar dos guardas.
Burra é claro. Todos ali tinham mais de 1 metro e 90 e mais musculosos que os super-heróis das tirinhas do jornal.
Continuo minha história.
- Decidi nadar até embaixo dela, ver se estava presa a algum cabo gigante. Não sei.Quando cheguei embaixo dela havia um cabo sim.O problema é que o cabo não estava preso nela, o cabo saía dela, e se prendia no fundo do oceano.

-A cauda se mexendo serve só para estabilizar o submarino. - ela conclui, penso a respeito um minuto. Fazia todo o sentido agora, ela era esperta.
- Não entendi no começo então nadei até lá. Quando toquei naquilo parecia exatamente como a pele da baleia, uma pele dura. Não metal nem borracha nem pedra. Pele com certeza.
Decidi me afastar então, deixar aquilo pra lá, tirei a mão daquela haste. E foi quando percebi pequenos submarinos entrando no que parecia ser a boca da baleia.
- Comendo o que não deve não é Pots ? - ela me interrompe, não entendi nada que ela disse, fizeram lavagem cerebral nela eu acho.
-Enquanto nadava até a boca,outros pequenos submarinos entravam. Eles pareciam mais um tipo de "moto-subaquática" sei lá.Foi quando estava nadando na direção da  boca que senti um puxão no meu short , me levando pra frente rápido. Olhei para trás e vi o guarda que me segurava. Era realmente uma moto-subaquática , o rosto  do cara estava escondido embaixo de um capacete com uma estrela do mar como viseira , tinha vidro fumê nele claro. Não consegui ver o rosto.
- Uma estrela do mar, não é ? - ela suspira coloca a cabeça entre os joelhos. - você acha que esses caras são algum tipo de ativistas radicais?
Eu rio com a ideia, realmente era o que parecia.
- Talvez não sei.
- E o que aconteceu depois?
- Ele me arrastou até a boca, tentei me livrar dele mas ...
- Ele era mais forte que você labareda?
- Claro que não, não seja ridícula! - ela levantou o rosto em minha direção e sorrio. - Tá bom Beatrice, ele era... mas só um pouquinho.
Ela ri.
- Te levaram direto prá cá?
- Na verdade não , queriam saber quem eu era. Me levaram pro capitão, um cara barbudo e gordo  de terno preto com uma espada enorme no colo.
-É , conheci ele também . - ela sorria , acho que aquelas arranhões no rosto tinham algo haver com a história. Me senti covarde. Estava ileso.
- Ele me perguntou quem eu era , de onde vinha e o que queria. Claro tudo de um jeito amigável.
-Então está tudo bem, tu já ta acostumado. -  não entendi de imediato.Quem responde ironia com ironia?
- Quando me perguntou onde estava minha companhia eu hesitei, ele percebeu. Menti rápido que estava sozinho. Mas ele não acreditou, ordenou que os guardas pegassem meu fone e colocassem na porta principal,assim quando você apitasse veria a luz e...
- Cairia na armadilha. Que óbvio. - ela estava se culpando , mas sabia que o responsável por tudo fora eu. Tudo por causa do meu fascínio pelo oceano que começou por causa das histórias que aquele homem  de Sadonto me contou sobre a Ordem Maritus.

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora