Dia 13 - Beatrice.

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Já se passa do meio dia agora, o sol bate na água que está acima de mim, refletindo no vidro que me separa do oceano, aquela cadeira que a apenas um dia atrás parecia ser tão divertida, agora já me transmitia um ar de aprisionamento.
O único barulho que se ouvia era o suave zumbido que as hélices do submarino de Frido faziam. Já tinha me acostumado porém a sensação de estar debaixo da água.
Parece que hoje vai ser melhor que ontem, menos movimentado no minímo. Precisavamos chegar até o pai de Frido logo, queria voltar para Lazaro o mais rápido possivél, porque temia chegar tarde demais, e trocarem o nome dele de uma prancheta para uma lápide.

Talvez Lazaro não tenha sentido tanto medo quanto eu estou sentindo por ele, mas eu preciso ajuda-lo, pelo menos a se manter vivo mais um pouco, a pelo menos chegar em Felitia, por ele, não por mim.
Agora com todas essas coisas acontecendo como Thomas , Marcelo, Frido, Rives, Madame Navalha, Lazaro e a VIRAE. Felitia já não parecia importante , de repente me deu vontade de voltar a Sadonto, desistir de tudo, voltar a como era quando eu era menor.

- Sabe, você está muito queita, está tudo bem?

Frido continuava a usar seu uniforme que mais parecia um traje de mergulho, talvez porque ele gostasse , talvez porque fosse a única coisa do tamanho dele.
Ele estava com a mãos apoiadas na minha cadeira, e curvado por causa do teto muito baixo para ele.

- Não exatamente Frido, sei lá. - minha voz saiu baixa e atrapalhada, fazia tempo que não falava.

Ele se sentou na cadeira ao lado, a do "motorista" e se ajeitou.

- Que foi? É o ar condicionado?

Ele consigui tirar um sorriso de mim, primeiramente fiquei com raiva dele , não queria sorrir, não devia. Mas depois senti que ele só queria ajudar.

- Não Frido, o ar está ótimo. - entrei um pouco na brincadeira. - É... - me perdi nos meus pensamentos, e me deparei com algo extremamente esquisito: eu não sabia de verdade o porque que estava triste - Sei lá.

- Claro, sei como é a sensação, - ele botou as pernas em cima do painel , pelo visto as pernas dele eram grandes demais para ficar ali em baixo. - a sensação de "sei lá". Todo mundo tem.

Ele se virou e sorriu para mim, aquele sorriso de tubarão que me deixava nervosa, não porque sentia algo por ele , mas por ser tão assustador, tão fora do normal. Mas sorri de volta, mesmo que o sorriso tenha sido minímo.

Um peixe espada passou nadando rápido na frente do "parabrisa".
O nariz da criatura me fez lembrar daquela capitã metida a besta, da espada que ela manejava tão bem, do grito de dor de Lazaro quando ela o cortou.
Percebi estar suando frio, e me acordei do meu próprio transe.
Frido me olhou preocupado, ele sabia que tinha algo de errado comigo, mas não queria me perguntar nada, ele parecia querer me dar todo o espaço possível, mas ele não era assim antes ... de me ver beijando o Lazado no hospital.

- O que você acha do Lazaro , Frido?

- Ele tem um cabelo bem bacana. - ele sorria, ele olhava para frente, para o oceano, para o nada.

- Você acha que ...- hesitei, era díficil demais falar aquilo.

-Que ele vai morrer ? - ele sugeriu, mas não me deu tempo de responder - Claro que não, aquele cara nem assustado ficou com a notícia, tenho quase certeza que vai ficar tudo bem.

Eu sabia que ele estava apenas tentando me tranquilizar , mas ele estava junto quando a enfermeira falou, ele sabia que VIRAE não tinha cura.

Ele pos o braço na nuca, para coçar a cabeça, talvez pensando o que ele ia falar agora, tentando achar outra piada para aliviar as coisas e eu percebi o corte no seu antebraço, que estava enrolado em uma bangagem com cor muito branca, empapado de sangue e algum liquido estranho que fez o tecido ficar molhado.

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora