Dia 15 - Beatrice

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Eu tentei,tentei mesmo. Mas não consegui me manter acordada, talvez pelo trauma de ser deixada pelo garoto que eu achei ser meu amigo, ou talvez por estar em algum lugar com um cara esquisito que estranhamente  sabia meu nome.
O fato é que dormi, me entreguei a qualquer que fosse o meu futuro, afinal pior que estava não podia ficar.

As luzes passearam sobres minha meus olhos fechados, fazendo com que tudo ficasse vermelho por alguns segundos. Tive a sensação de que estava segura, sozinha, perdida e com medo. Mas no final de tudo... segura.

O lugar era quente, confortavél. Me fez lembrar uma rede num dia de sol, em uma varanda qualquer.
Senti que não estava realmente no mar, a sensação era incrível e eu já estava me sentindo feliz mesmo  não tendo aberto os olhos.

A rouca e jovem pertubou meus ouvidos e minha sensaçã de liberdade mais um vez, a frase não era perigosa, muito menos assustadora.

- Bom dia senhorita, está se sentindo melhor?

Abri os olhos devagar, tentando me acostumar a luz ou a sensação de estar tudo bem.

Quando a luz já não parecia tão forte o vulto preto que tampava parte de minha visão revelou  o que seria um garoto muito mal cuidado, o cabelo extremamente longos dele pendiam em minha direção escuros como uma noite de lua nova, seu sorriso era largo e amarelo e tinha uma fina barba por fazer, mas o que mais me intrigou foram seus olhos.

Eram iguais aos meus, olhos cor- de-mel.
Pela primeira vez entendi o porque das pessoas não me olharem tanto nos olhos. Era como olhar pro infinito, para um espelho sem reflexo, uma imagem ao mesmo tempo linda e pertubadora.

Seu sorriso fechou e os lábios deram a vida as palavras, notei que ele não fazia esforço para falar, o que indicava que a voz era rouca assim naturalmente.

- Vamos lá menina, a capitã quer saber quem é nossa nova inquilina.

E então o garoto se foi, deixando minha visão limpa para olhar o teto de madeira, a lâmpada fosforescente e  as quinas de cada quadro do quarto.

Confesso que demorei para me mexer, não porque não consiguia, mas simplesmente porque estava morrendo de medo. Morrendo de medo daquele cara voltar, de que ele tenha amigos.

...

Eu estava agora a só três passos da porta aberta, que preenchida o corredor escuro e úmido que eu vinha seguindo desde o meu quarto.

O que eu ouvia não era ruim, elas apenas os sons de talheres batendo em porcelana.
Eles só estavam comendo.

Dei meus últimos três passos em direção a porta aberta.

Era uma cozinha, com uma grande mesa de uma madeira muito pesada e velha, as cadeiras eram igualmente rústicas.
Sentado nela haviam dois caras e um deles era o que tinha me acordado ou me posto para dormir, o que for.

O outro era alto e musculoso, a pele morena contrastava muito com seu olhos azuis, o cabelo era a parte mais distinta, grandes dreadlocks que estavam presos em um rabo de cavalo. Mas o cabelo do cara não era maior do que o do que me acordara, nem o meu era.

Na pgonta da mesa, um prato de comida em perfeito estado estava repousando sobre a mesa.
Estava esperando por alguém. Seria eu?

Ficou com medo da ideia e dei um passo para trás involuntariamente.
Meu calcanhar bateu em algo metálico, talvez um latinha de refrigerante e o barulho do objeto batendo no chão do corredor chamou a atenção dos dois garotos.

Só pude pensar em uma coisa: FUDEU!

Fiquei supresa porém, quando percebi seus olhares irem de curiosidade e espanto, para cordialidade e o hospitalidade.
Os dois sorriam, mas  não sorrisos maliciosos, eram amigáveis. Quentes.
Sorrisos sinceros de quem só quer teu bem.

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora