Senti primeiro um impacto,que se transformou na sensação de frio, que logo mudou para uma sensação de molhado, tudo muito rápido. Arregalei os olhos e abri a boca para puxar todo o ar que conseguisse.
Na minha frente primeiro vi o balde feito de madeira, segurando o balde tinha um homem velho barbudo e imundo com uma aparecência de bêbado louco.- Se levanta rato se convés!
Meus pés estavam presos em grilhões nos tornozelos ligados ao chão do lugar que mais parecia um tipo de sela feita de madeira molhada e barras de metal enferrujado.
Não tinha entendido muito bem o qur estava acontecendo.
Quem ele era ? Que direito tinha de me dar uma ordem? Qual o sentido do universo? 2+2 = peixe?A primeira coisa que fiz foi olhar ao meu lado.
Beatrice estava do meu lado, ainda apagada, mas na mesma situação que eu , suas roupas estavam rasgadas.
Nunca tinha notado antes, mas Beatrice usava muitas cores e todas sempre bem vivas, um contraste comigo que só uso preto, tirando meu cabelo defeituoso claro.- SUA GAIVOTA DE MASTRO! Eu disse: levanta!
Eu me levantei devagar, dores no corpo se denunciaram a medida que eu me erguia.
Outro balde de agua foi jogado na minha cara.
A água escorregou ate minha boca e pude sentir o sal. Estavámos no mar e esse cara é um pirata.- Você vem comigo, as gaivotas fazem muito cocô no navio sabia? - E gargalhou. Uma gargalhada seca, que o fez tossir.
- Que foi marujo? Escorbuto?- debochei.
Ele parou de rir e um vulto marrom atingiu meu rosto em cheio. Um corte razoavel abriu-se na minha bochecha esquerda.
Percebi um pouco depois que tinha sido acertado por um balde.- Vamos logo antes que eu corte sua lingua, gazela do mar.
O homem possivelmente não notou que eu estava preso no chão e não iria a nenhum lugar.
Agitei os grilhões e ele me olhou.- Aaaaa que carambola! - abafei um riso. Carambola? Sério? - Os novatos sempre prendem os prisioneiros não sei por que. Prisioneiro tem que trabalhar. É isso que eles fazem.
O homem encheu o balde de novo e me jogou na cara enquanto falava.
- Acorda esses seus amiguinhos imbecis pirralho, que vocês tem muito trabalho pela frente.
Não saibia quem aquele velho caquético era mas prometi a mim mesmo que assim que eu pudesse contaria os dedos dele fora e os enfiaria no seu nariz.
Coisa leve assim, não sou agressivo e nem vingativo.Ele foi embora cambaleando e cantarolando algo que todas as frases terminavam com " Iohou!"
Seja lá o que foi fazer, espero que não volte cedo.Só agora percebi que tinha mais gente do meu lado do que só Beatrice. Acorrentados e apagados do mesmo jeito que ela estavam Thomas e Marcelo.
Avançei na direção deles para estrangula-los ou sei lá. E esqueci que havia uma corrente no meu tornozelo. Quando cheguei no limite da corrente a troncada me puxou para trás. Caí de cara no chão, perto dos pés dela. A morte dos namorados ia ter de esperar mais um pouquinho, o importante agora era tirar Beatrice dali... e eu claro.
Minha cara amassada do impacto tentou focar o rosto dela, mas foi díficil, precisou de algum tempinho.
Quando tudo clareou, consegui ver ela ali, queita. Sem sorriso.
Notei como nunca tinha realmente visto ela dormindo, como nunca tinha visto ela, sem os olhos cor-de-mel lhe encarando e arrancando tudo de dentro dele.
Pensei em como ela simplesmente deixar as palpebrás cairem faz com que ela se torne alguém totalmente diferente.Engatinhei até ela, e toquei seu rosto. Ela ainda estava tão morna e suave quanto das últimas vezes que a toquei.
Minha palma se afastou e eu dei um tapinha de leve em seu rosto.
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A Ilha da Felicidade : O Pacto
FantasyE se eu te dissesse que do outro lado do oceano tem uma ilha onde todo mundo é feliz? Lazaro e Beatrice são dois adolescentes que decidem abandonar sua cidade natal em uma viagem de barco sozinhos em busca de uma terra prometida . Uma ilha onde todo...