Dia 9 Parte II - Beatrice

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Era fim da tarde quando o barco atracou na I.S.L.A, a primeira a saltar do barco foi a Madame Piranha.
Não,eu não gosto nem um pouco dela.
Piratas saiam alucinados pela ruas e lojas e antes mesmo de eu descer do mastro já ouvia os gritos dos mercantes e os vidros das vitrines sendo quebrados.
Apertei o passo quando vi Lazaro correndo junto com os marujos, totalmente louco. Igual a eles.
Quando estava a um pequeno salto da I.S.L.A, hesitei.
Pensei comigo mesma no quanto aquilo de ser a única no navio me ajudaria a entender o plano deles, decidi ficar no lugar e tentar achar algum tipo de pista.
Além do mais, se algo acontecer, Lazaro está com eles.

Dei meia volta e encarei aquela pequena escada que dava para um corredor muito escuro, não veria nada ali mesmo se quisesse, precisava de algum tipo de iluminação.

Rondei o convés atrás de qualquer coisa, um isqueiro, uma vela , uma lanterna... uma tocha!
Na parte traseira do navio havia uma tocha presa na parede.Ao seu lado uma porta de metal vermelha intacta.
Me surpreendi com aquilo, algo de metal no mar , sem nenhum sinal de maresia. Até mesmo a tinta parecia posta a pouco tempo.
Se tinha algum lugar que eu tinha que ir naquele navio vazio, aquele lugar era ali.
Forcei a maçaneta, pensando ser algo inútil, que estaria trancada.
A porta se abriu com um clique, e eu fiquei muito mais curiosa.
Uma porta no meio do navio que parece ser tão importante, simplesmente destrancada?

Iluminei a sala escura que aquela porta tinha me mostrado, vi alguns espelhos e papéis, muitos papéis.
Dei um passo para dentro e a porta bateu em minha outra perna, talvez um vento não sei.
A unica coisa que não queria descobrir era se aquela tranca abria por dentro ou não.
Ao meu lado havia uma pequena estante, arranquei um livro pesado e ainda segurando a porta com minha outra perna o coloquei entre o vão, impedindo a porta de se fechar, mantendo somente uma pequeno filete de visão do lado de fora.

Me virei para a sala e pude ver com clareza como o lugar era.
Um pequeno quarto, estantes grandes estavam abarrotadas de livros, mapas e pergaminhos estavam presos na parede.Alguns dos pergaminhos continham linguas que nunca tinha visto antes, colocados em arranjos parecidos com poemas.
Pensei em como aquilo poderiam ser profecias.

Me perguntei de quem aquele quarto seria. Madame Navalha não parecia ser do tipo...estudiosa.
Uma pequena mesinha com uma cadeira estavam dispostos a minha frente. Em cima dela estavam livros , canetas, potes de tinta , copos, pratos e o mais interessante o que parecia ser um livro escrito a mão, muito grosso e com capa de couro.

Cheguei mais perto e pus a tocha em um suporte acima da mesa, que pelo jeito servia exatamente para aquilo.
Deitei meu dedo na página que estava aberta para não desmarcar, o papel era velho. Muito velho.
Olhei a capa e uma sensação desconfortável percorreu quando li as palavras marcadas em dourado.

RELATÓRIOS DE MISSÃO
Ordem Maritus
Primeiro Batalhão.

Primeiro tentei focar meus pensamentos, aquele livro parecia tão velho, mas a Ordem Maritus só parecia ter começado 50 anos atrás.
Aquele livro poderia ter séculos, milênios.
Meu dedo ainda marcava a página onde estava, era uma parte final do livro.
A letra não se assemelhava a nenhuma que eu já tinha visto mas estavam listadas como um diário, primeiro uma data e depois pequenas clausulas.

Me lembrei de como era os relatorios de missão no escritório do meu pai.
Eram exatamente o mesmo formato de texto, a data em cima e frases que seriam então resumos muito sucintos de cada parte do progresso da missão.

Olhei para os papeis ao redor do livro e colados nas paredes. Rabiscos rápidos e frases sem sentido.
Vi alguns letras iguais as do livro com uma palavra escrita do lado.

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora