Dia 20 - Lazaro

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Os lençóis estavam bagunçados,  sentia o perfume floral da Beatrice em cada pedaço de tecido.
Mas ela não estava ali.

Sentei na cama no intuito de me deparar com ela de pé, desacabelada, sonolenta. Mas também não foi desse jeito.
Ela não estava lá, nem no quarto nem mesmo no momento.
E agora me pergunto se aconteceu de verdade, se tudo aquilo não passou de uma simples alucinação de última hora, feita pelo trauma de perceber que eu estou com a Ordem.
Eu sentia uma ardência nas costas, e uma sensação de estar totalmente puro. O banheiro deve estar em algum lugar aqui perto.
Me levantei, me vesti. Sai pelos corredores tentando me manter acordado e pouco entusiasmado ao mesmo tempo. Algo tinha mudado dentro de mim,pra melhor, para mais verdadeiro.

As paredes de madeira rústica pareciam mais grossas e longas a cada novo passo.
Atravessei a porta do banheiro, cultivando dentro de mim um tipo se alívio e incerteza ao mesmo tempo: Onde está todo mundo?
O barco parecia mais vazio do que nunca, tem alguma coisa errada.
Lavei meu rosto e tirei a camisa para saber o que ardia nas minhas costas.
Riscos avemelhados cortavam minha pele, alinhados paralelos 4 deles distintos. Unhas.
Então foi real, menos uma preocupação.
Andei perdido em meio aos corredores tentando achar algo, qualquer um, que me dissese que não era o único no navio. Enquanto passava pelos corredores principais, ouvi um murmúrio atrás de uma porta.
A feixe de luz escapava entre o pequeno vão que a porta deixava.
Algumas frases eu captei, desgarridos  no som abafado do quarto.

- Tem  certeza que vamos arriscar isso?

-Que escolhas temos?

- Não acredito que vão deixa-lo impune.

- O velho podia ter sido salvo.

- E se ele tiver mais de uma essenvia dentro dele?

- São pessoas , disso nós sabemos.

- Ele matou Semper! Isso é um absurdo.

- Ache opção melhor cabeludo!

Me afastei da porta, assustado com tudo que acabei de ouvir. Claro nada parecia ter nexo mas tudo parecia se encaixar de um jeito assustador demais e com esse lapso de memória, poderiam estar falando de mim não poderiam?
E se eu tivesse escutado errado? E se os sussuros tivessem sido algo diferente? Não posso tirar conclusões preciptadas, tenho que ter certeza.

Tomava cuidado para não fazer barulho na madeira no piso, deixei meus passos leves e lentos, se eles me notassem tudo iria por água abaixo.

Voltei os corredores, passando por cada porta pensando ter sido a que eu precisava. Onde estava aquele quarto? A minha memória não podia ser tão ruim assim.

Viro para direita e entro na primeira porta, assim sem pensar, um insinto que rendeu frutos.
O anel escuro com a pedrinha verde reluzente formando uma carinha sorridente.
Smiley 1.

Apanhei ele rápido da cômoda,  e o coloquei no dedo.
Sai caminhando do quarto com pressa, não queria que aquela reunião acabasse antes de eu ouvir pelo menos um pedacinho decentemente. 
Voltei os corredores trotando, para não fazer barulho e não ser tão lento, passava na frente dos espelhos e não via meu reflexo.

Cheguei a porta deles de novo, o filhete de luz agora estava mais fraco, o sol começava a brilhar um pouco mais lá em cima, iluminando a água que enclarecia o navio por meio das escotilhas.

- Temos alguma notícia deles?

- Não,  mas conhecendo aqueles caras , vão se apresentar logo.

Tentei me esqueirar na fresta, mas percebi antes mesmo que não conseguiria.

- Então vamos só esperar que eles cometam crimes?

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora