Dia 16 - Lazaro e Semper.

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Talvez seja minha personalidade pessimista, talvez seja minha estranha obsessão de pensar que nenhuma criação está boa o suficiente.
Mas quanto tempo eu tinha? Eu poderia estar morto amanhã ou até mesmo hoje de tarde.
Segurava em minhas mãos aquele objeto branco e cheio de mecanismos que tinha a forma de um coração, mas era tudo menos isso. O fraco zumbido daquela coisa quebrava o silêncio de todo o momento tenso.
Agora me restava saber de fato, aquela coisa funcionava mesmo? Sera que todo esse tempo acordado sem fazer nada alem de construir esse coração valeu a pena?
Levanto com cuidado do chão da sala de maquinas, segurando-o mais cauteloso possível, se ele caísse no chão... seria o fim.

Vou até a pia da cozinha, e o coloco ali dentro, abro a torneira e respiro fundo.
O zumbido ainda emanava daquela coisa bizarra, ele passou no primeiro teste. Não parou de funcionar por causa de algum liquido corrente.

Voltei a sala de máquinas, deixando a torneira ligada. Tinha que ter certeza que não era só sorte.
Trago de volta pequenas mangueiras de plastico. Desligo a torneira e coloco cada mangueira nos buracos onde supostamente minhas veias e artérias iriam ser ligadas.
Faço com que um filete de agua entre por umas da mangueiras, indo direto ao interior da invenção.
O coração artificial zumbiu mais forte e depois cessou, um jato de água saiu forte por outra mangueira.
Funcionava, realmente....funcionava.

Como eu queria agradecer, a tudo, a todos mas em especial ao Armando.
Foi uma lástima das maiores, ele ter morrido em Sadonto e não em Felitia como ele merecia. Foi uma pena eu não ter tido adeus a ele. Uma pena eu não poder agradecer por ele ter mudado o rumo da minha vida mais uma vez.

O sol brilhava forte hoje, ou talvez seja só impressão minha. Eu estava feliz de fato, entusiasmado. Não é todo dia que se conta a alguém que não, que ela não vai morrer breve.

Milhões de emoções enchiam meu peito a cada novo passo, a bolsa de couro da Beatrice carregava o peso do meu futuro coração de plástico que zumbia ainda na mesma intensidade.
De acordo com o que Armando prévia ele iria continuar zumbindo porém para toda a eternidade.

Chego no hospital já mancando, não estou machucado, mas estou bastante,bastante cansado acho que VIRAE está começando a fazer seus efeitos.

A recepcionista me olha com cara preocupada, não sei com o que na verdade.
Olho para o lado, onde um grande espelho estava pendurado na parede. Meu reflexo mostra umas versão quase morta de mim. Olheiras enormes vertinham meus olhos que contrastavam com minha pele pertubadoramente pálida, meu cabelo estava mais despenteado que o normal. Realmente, sinceramente... eu estava parencendo um drogado.
Alem disso, a grande bolsa de couro que emitia um zumbido estranho não ajudava muito para minha credibilidade.

A recepcionista ainda me olhava de um jeito engraçado e agora eu já sabia que seu eu tentasse falar qualquer coisa não adiantaria. Afinal o qual normal é alguem entrar num hospital falando coisas do tipo " Com licença, vocês poderiam tirar meu coração fora e colocar esse negócio de plastico no lugar, por favor? Obrigado."?

Um suspiro alto veio a minha direita enquanto eu encarava a recepcionista com cara de quem comeu e não gostou.
Logo após o suspiro virou uma risada simpática e leve que me fez virar em sua direção.

Era ela, a enfermeira que não tinha sentimentos, bem pelo menos antes não tinha.
Ela chegou até mim e me deu um abraço muito forte. Na verdade eu não sei se foi realmente forte, mas acho que na situação que eu estava, um bebe apertando meu dedo iria ser muito forte.

- Você veio de novo! - ela disse com um grande sorriso.

- É vim sim, mas normalmente as pessoas não ficam felizes em voltar a um hospital.

A Ilha da Felicidade : O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora