O Mistério do Livro Lensson

A Banda

INTRODUÇÃO

Era noite e a chuva ficava cada vez mais forte. Ventos batiam com muita força em janelas e árvores causando barulhos no mínimo incômodos. Naquela estreita rua passava um homem imperceptível com suas roupas pretas na escuridão. Parecia não se intimidar nem um pouco com a situação, andava devagar causando apenas discretos ruídos da bota encharcada. Carregava uma maleta entre os braços e segurava firme o guarda-chuva contra o vento. De repente ele começa a se apressar e logo para de andar, olha desconfiado para os lados e curiosamente berra e cai no chão, começa a ter convulsões e grita de maneira agonizante deixando cair sua mala e a ventania levar o guarda-chuva. Uma mulher aparece da escuridão e se aproxima do desconhecido, que imóvel já estava completamente inconsciente. A mulher pega a mala caída próxima ao corpo e tira algo de dentro semelhante a um livro enfiando-o em seu longo casaco para protegê-lo da chuva. A desconhecida joga a mala aparentemente vazia no chão e sai caminhando friamente desaparecendo nas ruas escuras. Minutos depois um jovem rapaz que andava com muita pressa e não parecia nem um pouco querer se proteger da chuva, pois estava completamente molhado, se assusta com a cena atemorizante do homem no chão. Sem saber o que fazer, o garoto puxa o celular do bolso que mesmo molhado funciona e liga pra alguém, logo depois guarda o celular e dissimuladamente enfia a mão nos bolsos do morto, não encontra nada, pega a mala do chão e também foge sumindo na noite.

CAPÍTULO UM

O crepúsculo chegava e eu já sentia a emoção. Um frio na barriga tomava conta de mim e um imenso prazer me satisfazia plenamente, esquentando meu corpo, me fazendo vibrar. Milhões de pessoas gritavam nossos nomes, e nossa música ecoava na multidão, mas estranhei a música tocando antes de entrarmos no palco, que de repente pareceu se dissolver em minha vista, a sensação de prazer aos poucos foi se esvaindo, assim como as vozes nos chamando diminuindo, mas o som da música só aumentava... Aumentava... E finalmente com um choque de realidade eu acordei.

Eu tava apenas sonhando e a música era meu despertador tocando que eu logo desliguei, fiquei frustrado por tudo ter sido fantasia. Bom, sou Davi, 17 anos, estava sozinho em casa, meu pai havia viajado a trabalho o que eu não achava nada mau, não via à hora de morar sozinho, mas tava quase mudando esse pensamento, pois a responsabilidade não tava sendo nada fácil, principalmente pela dificuldade de acordar com o despertador que já tocava à meia hora. Com muita pressa eu logo me arrumei. Morava na pequena e pacata cidade de Santa Rita, mas uma dessas perdidas no meio do nada onde dificilmente alguém quer morar, estou sendo cruel com a cidade, na verdade eu é que não gostava por ser muito parada, já conhecia cada beco e pessoa, ás vezes que aparecia rostos novos de turistas perdidos por aqui procurando os altos e famosos penhascos do estado.

Saindo de casa ouvi alguém me chamar. Me virei, era Adam que ainda vinha longe, me fazendo o esperar aborrecido pelo atraso. Adam era mais forte e corpulento que eu, que era um pouco mais alto que ele. Vinha com sua mochila nas costas, sua frouxa e gasta bermuda marrom, e o largo uniforme branco da nossa escola. Adam era branco, cabelos curtos - quase careca e olhos castanhos, nariz não muito fino assim como os lábios. Já eu acho que tinha o rosto mais comprido que o de Adam, cabelos e olhos negros, nariz fino e lábios normais eu acho, é estranho descrever lábios. Vestia o uniforme, uma jaqueta cinza e uma calça preta, bem Punk Rock!

- Cara você mora na frente da escola, por que vem dali? - perguntei confuso a Adam que me alcançava sorridente.

- Você também mora perto e tá atrasado! E esqueceu Davi? Amanhã eu sou oficialmente um homem livre - disse ele ofegante pondo o braço sobre meus ombros.

- Cara você ta fedendo! - resmunguei tirando os braços dele dos meus ombros. - E amanhã você só é oficialmente de maior, ser livre é outra coisa.