Uma longa tarde

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CAPÍTULO QUINZE



Acordei assustado na manhã seguinte ao perceber que eu não estava em minha confortável cama, estava com muito frio e com o corpo dolorido daquele chão duro. Espreguicei-me com um estalo nas costas, tirei o celular do bolso: Ignorei as mensagens de Bom dia, eram sete horas. Ouvi risos do lado de fora. Calcei o tênis, levantei embrulhado com o lençol e saí da barraca. O dia estava bem claro o que me dificultou a abrir os olhos de imediato, quando os abri avistei Ramon olhando pra árvore em que estava próximo.


- Olha lá! - disse ele rindo.


Olhei pra cima e vi Adam na alta árvore.


- O que esse louco tá fazendo lá? - perguntei com minha voz rouca da manhã.


- Ele acha que dá pra ver a rua.


Adam de bem alto fez um sinal de legal.


- Cadê o Carmos? - perguntei.


- Não sei, quando acordei ele não tava mais.


- Pra que lado fica a rua mesmo? - perguntei. Não tinha mais noção.


- Qual delas? - perguntou.


- A do parque.


- Eu acho que é pra lá - disse apontando para o lado direito.


Entrei na barraca novamente e deixei o cobertor.


- Cara que loucura! Não acredito que to no meu bairro - eu disse.


Não parecia mesmo, mas se ouvia bem o barulho de carros e motos nas ruas. Eu e Ramon começamos a caminhar para a o lado direito onde ficava o velho parque abandonado.


- Será se tem algum bicho, animal, sei lá aqui? - perguntou Ramon.


Comecei a rir da ideia absurda.


- Formigas eu sei que tem - disse coçando meu braço esquerdo que ficava vermelho de uma ferrada.


Caminhamos mais um pouco e já pisávamos em velhos pisos quebrados rodeados de capins do antigo parque. Em toda aquela área não havia mais árvores, apenas capins altos.


- Você se lembra disso aqui quando ainda funcionava Davi? - perguntou.


- Um pouco e você?


- Um pouco também.


Eu devia ter uns sete anos quando o velho parquinho ainda era atração em Santa Rita, tempo em que meus pais ainda eram casados e minha mãe viva. O local foi abandonado depois de um incêndio.


Caminhamos mais um pouco, também havia uma larga piscina vazia e quebrada que depois do incêndio serviu por um longo tempo como rampa de Skate, no tempo em que eu tentava ser Skatista, mas não deu certo, sempre fui ruim em esportes. Também havia outros trecos de criança destruídos e os balanços já quase perto da rua.


- Vou dá uma olhada!


- Na rua? - perguntou Ramon.


- Bem rápido.


- Não é seguro Davi - avisou Ramon.


- Não vão me ver, talvez eles nem estejam mais por aí.


Atravessei o parque e me aproximei da entrada, que agora era apenas um espaço mais limpo entre os capins próximos à rua. Já avistava o Slogan do MeuCafé, andei mais a frente e saí até a beira da rua.

O Mistério do Livro LenssonOnde histórias criam vida. Descubra agora