CAPÍTULO VINTE E DOIS
Eu não sabia que horas começaria o festival, mas ainda eram sete horas e toda arena já estava em um barulho ensurdecedor. As pessoas provavelmente começaram a chegar ao amanhecer, acordei assustado com buzinas, gritos histéricos, e uma empolgação rapidamente foi se expandindo em mim. Adam já havia tomado banho e animado trocava de roupa na barraca.
- Cara aí fora tá muito louco! - disse ele pondo a bermuda. Eu deveria estar mesmo em um sono muito pesado pra ainda não ter acordado com o barulho. Sorri empolgado pra ele e rapidamente saí da barraca. As barracas haviam se multiplicado, as nossas que eram as ultimas da fileira agora eram as do meio. As pessoas esfregavam os olhos, outras vinham apenas de toalha de onde ficavam os chuveiros. A arena já estava lotada. Ok! O festival não era um rock in rio ou Lollapalooza da vida, mas estava tão animado quanto - coisa de graça é assim. De repente me toquei que daqui umas horas todas essas pessoas poderiam estar hipnotizadas, minha animação logo se transformou em tensão.
- Davi! - gritou Carmos. - Cadê o Adam?
Rapidamente coloquei a cabeça de volta na barraca e puxei Adam.
- Que foi? - resmungou ele.
Carmos, Daniel, Ramon, Fred, Jen e Alice já estavam juntos e caminhavam para o fundo entre as fileiras da barraca rumo ao final. Apressamos-nos e logo os alcançamos onde estava menos movimentado.
- É o seguinte - começou Carmos. - Hoje é o dia em que o Lensson sai do estado de proteção.
- A que horas mais ou menos ele se fechou no hotel? - perguntou Daniel.
- Umas nove - respondeu Fred.
- É a hora que o lensson sairá do estado de proteção - disse Carmos.
- Temos que recuperá-lo antes disso? - perguntou Ramon.
- Sim! Vamos nos dividir - respondeu Carmos. - Eu e Daniel já descobrimos que dois dos satas deram um jeito de fingir ser uma banda e se apresentarão às oito e meia.
- E quem são eles? - perguntei.
- Será a Águia que subirá no palco com o hipnotizador, que pelo que vimos na ficha se chama Patrick. - disse Daniel.
- Eu, as meninas e hmm... Adam, ficaremos cuidando o palco esperando eles subirem e na hora eu cuido deles - disse Carmos apalpando a arma embaixo da roupa.
- Você vai atirar neles? - perguntou Alice chocada.
- Tem certeza Carmos? - perguntou Daniel.
- Sim! Vou atirar nesses desgraçados, esperei isso por muito tempo. - respondeu.
- Podemos ser presos - disse Jennifer.
- Não seremos não! - disse Carmos, os mais errados aqui são eles e se nem eles conseguiram nos pegar, a policia é que não vai mesmo. Eu andava tão assustado com os satas que nem me lembrava de policia.
- E vocês e Daniel irão atrás do livro - continuou Carmos.
Nos entreolhamos tensos.
- Qual é mesmo o plano? - perguntou Ramon sarcasticamente.
Carmos o encarou. - Improvisar.
- Vão! Se arrumem, comam alguma coisa e depois me encontrem aqui mesmo - disse Daniel a mim, Ramon e Fred.
- E vocês venham comigo, que aproveitaremos o show bem de perto - disse Carmos com um sorriso nervoso. Abracei Adam, Alice e beijei Jennifer e eles logo se foram desaparecendo na multidão mais densa da arena.
- Vão! - disse Daniel.
Também tomamos outra direção rumo as laterais da arena.
- Alguém de vocês tá com fome? - perguntei a eles sentindo um embrulho no estômago.
- Nem um pouco - respondeu Ramon.
- Eu to! - disse Fred.
Continuamos andando entre pessoas conversando, até nos aproximarmos de um dos boxes de lanche. Fred foi falar com a atendente enquanto um cara que tinha os cabelos longos até a panturrilha passava por nós.
- Achei que eles tinham um plano - disse Ramon tenso com os cabelos mais assanhados que os de Fred.
- Também achei! Mas vai dá tudo certo - disse seguro me sentindo mais inseguro que nunca.
- Falou o Davi! - disse Fred entalado se aproximando com um suco e sanduiche na mão.
Um grupo de meninas bem estilosas passaram por nós e sorrindo, Fred me cutucou com o cotovelo e de repende pensei em como estaríamos nos divertindo se não fossem os satas, e quis mais do que nunca resolver logo isso.
- Vamos logo! - chamei passando pelas pessoas apressado até chegarmos as nossas barracas onde Daniel nos esperava.
- Quem sabe usar uma arma? - cochichou a nós.
Não deveria ser muito difícil, sempre achei que fosse puxar o gatilho e apertar, mas não ousei dizer que sabia.
- Eu posso tentar - disse Fred sendo modesto, pois ele com certeza sabia, não por já ter matado alguém ou coisa do tipo, mas porque me contou que um tio-avô dele o havia ensinado uma vez quando ele ainda morava na capital. Esses eram os parentes de Fred.
- Na barraca - disse Daniel.
Fred entrou na barraca e logo saiu com o volume no moletom.
- E vamos nessa - Chamou Daniel já caminhando Rumo á arena principal.
O locutor do festival logo começou a falar, olhei para o telão, era um gordo barbudo. Suas palavras ecoando, pra mim entrava em um ouvido e saia por outro, eu estava atendo a todos ao meu redor com esperança de ver algum dos satas, assim como Daniel, Ramon e Fred que também olhavam atentos de um lado para o outro. Poderia ser bem difícil encontrar eles com suas capas pretas já que metade das pessoas estava de preto, mas eu reconheceria aquelas peles pálida fácil, transparecendo as veias, os olhos vermelhos e doentios deles e principalmente o corpo forte de Dener que era quem provavelmente estava com o Lensson.
O tempo passava e eu ficava cada vez mais preocupado, andávamos a um bom tempo e nada de os encontrarmos, por um instante parecia que estávamos sendo idiotas de procurar eles no meio de tanta gente, e de repente me sentia muito tonto. Nem ao menos tínhamos certeza se eles realmente estavam ali, talvez Dener quisesse usar o lensson em outro lugar, mas Carmos e Daniel não eram idiotas, se apostavam que ele estaria lá então era o jeito confiar e continuar a espreita. Outra banda já começava a tocar um som bem pesado, o povo já pulava bem eufórico dificultando nossa vista.
Tomo um susto com uma mão que agarra meu braço tão forte chegando a ferir, Daniel rapidamente saca a arma tão rápido que muitas pessoas gritam e se afastam de nós. Era a mão de Jennifer assustada. Adam também nos olhava alarmado.
- Eles pegaram Carmos e Alice - diz ela desesperada.
- O quê? - gritei alto com o barulho
- Vamos sair daqui - diz Daniel guardando a arma.
As pessoas continuam nos olhando assustadas e saímos com rapidez daquela área, com Daniel resmungando droga repetidamente. Depois de nos distanciarmos bastante dos assustados que a essa altura provavelmente já teriam falado com a polícia, Daniel parou.
- O que aconteceu? - gritou ele.
- Eles estavam juntos! - gritou ela de volta histérica - Os seis. Não entendi, saímos bem rápido, Adam me acompanhou até o banheiro, e quando voltamos Alice e Carmos estavam com eles!
- Quando voltamos eles estavam apenas parados na frente dos satas, nem tentavam fugir - disse Adam.
- Foram hipnotizados... - disse Daniel. - Droga!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Mistério do Livro Lensson
FantasyNa pacata cidade de Santa Rita no interior do Rio Grande do Sul, o estudante Davi e seus amigos companheiros de banda têm uma reviravolta em suas vidas ao encontrar um misterioso livro com supostos poderes sobrenaturais, entrando em uma tremenda bri...