CAPÍTULO NOVE
Cheguei em casa por volta das cinco horas, tive sorte de um conhecido do Adam ter nos dado carona em sua moto. Fred e Ramon provavelmente pegaram um taxi, mas não me preocupei tanto com eles já que os maníacos estavam sem carro, não tinham como os alcançar.
Passei o resto do dia tenso tentando digerir tudo o que a gente tinha passado e descoberto aquele dia. Ás vezes me sentia meio fora de mim em estar realmente acreditando em tudo aquilo, e o Lensson era absurdamente surreal pra mim e pra qualquer pessoa que pudesse se chamar de racional, mas não conseguia não acreditar e me desesperava ao saber que o livro estava em mãos erradas. Até pensei em ligar pra algum dos chegados pra conversar sobre aquela doideira toda, mas talvez eles estivessem cansados, ou com medo daquilo tudo assim como eu.
O dia já havia escurecido á horas. Eu estava entediado no sofá ouvindo música enquanto olhava as imagens do jornal nacional. Me espreguicei, tirei o fone do ouvido e levantei. Fui até a janela sentindo a sensação de estar me esquecendo de algo. Olhando pra rua até movimentada de sábado, me esforcei e lembrei-me. Era aniversário do Adam, senti um pouco de pena do meu amigo, tinha certeza que Fred e Ramon também não lembravam.
Liguei pro Ramon que logo chegou até minha casa. Depois de vestir apressado um casaco cinza e minha calça padrão preta, fomos até Adam, o parabenizamos e fomos pegar Fred. Por sorte a mãe do Ramon havia liberado seu carro aquela noite...
- Ela era bem sexy cara. Eu pegava! - dizia Adam animado.
- Ela sim que quase nos pegou! - disse Ramon.
Rindo, nós falávamos da garota estilosa da tribo dos vampiros. Sim! A aventura que tivemos à tarde já havia virado piada. Mas aquela era nossa noite, quero dizer, a noite do Adam, não nos preocuparíamos com aquele assunto. Ainda estávamos no carro rumo a Tis - uma boate da cidade em que sempre íamos dias de sexta ou sábado quando não tinha coisa melhor pra fazer, geralmente lá só tocava musicas eletrônicas, raramente tocava rock, e quando tocava era remixado pelo DJ.
Já nos aproximávamos da boate que ficava próxima a uma pracinha bem movimentada, o som da musica já me excitava. Ramon estacionou o carro e logo saímos. Como sempre havia mais pessoas fora do que dentro da Tis, a maioria jovens, e menores de idade assim como eu, o bom de cidade pequena é isso, os pais são mais liberais com os filhos, se preocupam menos.
-... CADÊ O PRESENTE? - já gritava Adam para um cara de longe.
- Vamos entrar agora? - perguntei.
- Vamos! - respondeu Fred.
Pagamos na bilheteria e entramos depois de carimbarem nosso braço. A boate não tinha nada de especial, palco pequeno, mesas nas laterais, barzinho e luzes maneiras. Tocava alguma coisa do David Guetta.
- UOOOH! - gritou Adam empolgado chamando a atenção, ele adorava!
- Vou pegar um negocio pra beber! - falei. Tinha que ser refrigerante, ainda era cedo pra algo mais forte, e não vendiam bebidas alcoólicas pra menores de idade enquanto o Arnaldo, o cara do conselho tutelar ainda estivesse por lá. Mas isso não era um problema já que Fred e agora Adam já eram maiores de idade.
Caminhei entre as pessoas até o barzinho próximo ao palco.
- Fala Davi? - disse Jean, meu colega de aula atrasado que trabalhava na boate.
- Quatro Cocas! - gritei com o som muito alto.
Ao meu lado no balcão estava uma prima de Jennifer que não desgrudava dela, acho que era Alice seu nome.
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O Mistério do Livro Lensson
خيال (فانتازيا)Na pacata cidade de Santa Rita no interior do Rio Grande do Sul, o estudante Davi e seus amigos companheiros de banda têm uma reviravolta em suas vidas ao encontrar um misterioso livro com supostos poderes sobrenaturais, entrando em uma tremenda bri...