Fogo!

8 2 0
                                    

CAPÍTULO VINTE

- VAMOS ACORDEM! - gritava Carmos do lado de fora. Espreguicei-me e olhei pra Adam que continuava ressonando de boca aberta. Sentei-me com dificuldade e o chamei.
- Adam... Adam!
Adam logo abriu os olhos. Peguei seu celular, eram onze horas. Não acreditava no quanto eu havia dormido.
- Vamos - abri a barraca e saí. Os outros já estavam fora com cara de sono.
- Já fizeram o ritual e já foram pra Rocal - disse Daniel parecendo bem assombrado.
- Os seis? - perguntou Carmos.
- Não, apenas quatro. Ronald e Brian ficaram. Provavelmente pra nos cuidar.
- Brian o corredor? - perguntou Fred que já estava lá.
- E Ronald o esquentado! - disse Daniel.
- Vamos não temos tempo, se irmos agora chegamos lá ao anoitecer - disse Carmos - O festival já é amanhã. Desmontem as barracas, vamos.
Não duvidamos. Eu rapidamente com uma onde de ansiedade se espalhando no meu corpo corri até a barraca, peguei as pastas com as letras de Edgar, pus na minha mochila e logo desmontei a barraca com Adam, Fred desmontava a de Jennifer e Alice, assim como Carmos e Ramon desmontavam as deles e logo seguimos Daniel adentrando o mato, atravessamos toda a área verde e em seguida saímos na beira da rua, logo vimos uma vã branca estacionada e entramos ignorando alguns olhares curiosos de pessoas que passavam e provavelmente nos conheciam. Daniel ligou a vã e partimos.
Daniel e Carmos sentavam na frente. Eu, Adam e Fred nos assentos do meio; e Ramon, Jennifer e Alice atrás de nós. As mochilas e barracas ficaram no fundo, e o violão Ramon esqueceu, o que foi o motivo de eu não querer sentar atrás, perto de Jennifer, onde ele estava.
- Onde conseguiu a vã? - perguntou Fred à ele.
- Em uma oficina - respondeu Daniel. Pensei logo em perguntar em qual oficina lembrando-me do meu avô, mas tentei ignorar o pensamento.
O dia estava escuro prometendo chuva em breve, e com celocidade em pouco tempo já saiamos de Santa Rita passando pela pousada da estrada, lancei um breve olhar lembrando-me do sufoco que havia sido fugir dos satas na floresta e foi com alegria que de repente vi meu velho Ferrão atrás de nós, incrível como eu havia o esquecido completamente.
- Droga! - reclamou Carmos.
Fiquei tão animado em ver o Ferrão que idiotamente nem pensei em quem estava o dirigindo, e ao ter uma suspeita de quem seria me preocupei.
- Não tem mais como acelerar - disse Daniel a nós que já nos encarava pelo retrovisor.
O ferrão se aproximava de nós com muita rapidez, provavelmente haviam dado um grau nele.
- Vamos voltar, na policia sei lá - disse Alice se desesperando.
- Agora não dá mais - disse Carmos já puxando a arma da cintura.
A essa altura o Ferrão já estava ao nosso lado e pude ver Brian e Ronald pela janela.
- Abaixem-se - gritou Carmos. Daniel também já estava com sua arma na mão esquerda enquanto dirigia com a direita.
Eles estavam ao nosso lado ao que devia ser apenas um metro de distância, e nesse momento pude ver uma das coisas mais bizarras que já ja havia visto. Ronald mostrou os dentes amarelados e nos olhou diabolicamente quando fechou a mão em um punho e lançou algo invisível em nossa direção como se quisesse nos jogar o ar, não entendi até ver diante dos meus olhos chamas de fogo se acender dentro da nossa vã, todos gritaram enquanto eu sentia a temperatura aumentar e meu corpo esquentar, nos apressamos ao abrir as janelas da vã e logo ouvi os disparos dos tiros de Daniel e Carmos, as chamas logo ficaram pra trás ou se apagaram com o vento da velocidade da vã ou do vento, enquanto eu tossia tentando me livrar da fumaça que havia engolido. Ronald nos mandou mais chamas que sumiram do carro deixando minha camisa pegando fogo, comecei a gritar tirando ela rapidamente e jogando pela janela, Ronald insistiu com mais chamas que logo se apagavam e Carmos e Daniel continuavam com tiros, o Ferrão logo foi ficando pra trás e em seguida parou.
- Acho que acertamos eles! - gritei. Mas eu estava enganado, pois em seguida ouvi aquele conhecido barulho de quando o Ferrão teimava em não querer mais funcionar. Senti-me orgulhoso dele.
- Não para. - gritou Alice em pânico com Jennifer a acalmando. Adam fazendo muito barulho começou a comemorar com xingamentos aos satas, mas eu continuava atento olhando pra trás quando vi Brian com persistência correndo atrás de nós com o Ronald agarrado em suas costas como esses filhotes de macaco agarrado as costas da mãe. E eu sabia, eles nos alcançariam. De repente Carmos levantou-se, foi pra trás e pôs a cabeça na abertura da entrada de ar da van.
- SEUS DESGRAÇADOS! VENHAM QUE JÁ ME ESQUENTARAM O SUFICIENTE!
Brian logo nos alcançou correndo com velocidade e com pulos largos igual de um sapo gigante e as chamas logo recomeçaram. Eu tentava de alguma forma entender como uma pessoa era capaz de invocar fogo em um lugar sem nem ao menos encostar, mas também não entendia como eles poderiam ficar ajoelhados na lama fazendo aqueles rituais.
Daniel deu também sua arma a Carmos que tentava por a cabeça pra fora e atirar, mas logo se abaixava com as chamas. Eu desesperado pude ver Ramon levantar algo vermelho e logo uma fumaça branca encheu toda a van apagando toda e qualquer chama.
- Por que não usou isso antes? - Gritei a ele.
- Vi agora! - Justificou-se.
Brian já estava exatamente na traseira do carro quando Daniel parou a vã com uma freada tão inesperada que eu quase voo no para choque do carro. Brian caiu no truque mais uma vez e bolou longe com Ronald.
- ME DAR ISSO! - pediu Carmos a Ramon que o passou o extintor.
Carmos passou o extintor pela entrada de ar do carro e jogou pra trás com força acertando a cabeça de Ronald que desmaiou. Brian que havia bolado pra frente do carro tentava levantar com dificuldade, mas dessa vez Daniel não perdoou, acelerou o carro passando por cima dele com um barulho horripilante. Carmos voltou ofegante para seu assento ao lado de Daniel e o encarou com triunfo, Daniel sorriu malicioso e começou a gritar satisfeito!

O Mistério do Livro LenssonOnde histórias criam vida. Descubra agora