Os Satas

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CAPÍTULO DEZ



Acordei bem cedo na manhã seguinte, verifiquei toda a casa e pra meu alivio estava perfeitamente normal, e sem nenhum sinal do gato. Depois de ler algumas mensagens no celular, inclusive do Ramon e Adam perguntando onde eu estava, os liguei e os contei o que tinha acontecido. A opinião dos dois era a mesma que a minha, de que os caras queriam apenas me dar um susto, e claro que os dois também ficaram cientes de que também podem ser assustados, e disse pro Ramon ficar mais atento, já que também sabiam onde ele morava. Depois do café da manhã que preparei, tive uma lembrança que me veio à cabeça: A identidade que eu havia pegado. Corri até o meu quarto, procurei a calça e a tirei do bolso. A foto era de uma moça branca, cabelos castanhos claros, rosto fino assim com o nariz e os lábios, e aparentava ter uns vinte anos. Mas a foto já estava bem rasurada. Seu nome era Anita Roses Ferro, era de 1983. Então com a minha péssima experiência em matemática calculei de que deveria ter uns trinta anos. Na foto ela vestia uma blusa clara e parecia bem normal, se notava um pouco de anormalidade apenas em seus olhos vagos e avermelhados, mas ficar incrivelmente ridículo na foto da identidade é praticamente uma norma da natureza humana.


Tive a ideia de tentar achar algo sobre ela na internet. Liguei o computador e procurei pelo seu nome completo no Google. Não foi muito difícil, de primeira li um link que dizia: Assassinato antirreligioso. Após alguns segundos a página carregou. Embaixo do titulo havia uma foto de Anita sorrindo sinistramente com homens de branco a segurando pelos braços. Nessa foto a reconheci, era a mulher que havíamos visto com o homem no quarto da pousada, Anita já estava bem diferente de sua foto na identidade, uma mudança bem notável era sua excêntrica tatuagem no pescoço, que na foto eu não conseguia entender o que era. A matéria já era antiga, de 2008. Na legenda da foto se lia: Anita sendo internada em uma clinica em 2007 de onde fugiu. Com receio li o post:

Por volta das 22 horas de ontem três de outubro de 2008, um pastor evangélico, Armando Victor, foi brutalmente assassinado em sua própria residência no centro da capital de Minas Gerais. A assassina já reconhecida e no momento, foragida, se chama Anita Ferro, já conhecida por um incêndio criminoso cometido em sua cidade natal no interior também de MG. Segundo a empregada do pastor, Margarete Albino, que foi amarrada em uma cadeira, poupada da morte, mas obrigada a assistir todo o crime, Anita teria dado um tiro no pastor e só depois o esfaqueado. "Foi monstruoso! Monstruoso!" foi uma das únicas palavras da doméstica desesperada após o internamento devido o trauma, além de contar que Anita esfaqueava o homem sorrindo sem dó.



Parei de ler a matéria pela metade. Perplexo em saber como aquela mulher era perigosa, voltei às pesquisas e cliquei em outro link mais abaixo: Terrível incêndio criminoso. A página logo carregou. A foto era a mesma do site anterior, na legenda dizia: Enfermeiros tentando controlar Anita. Li:



A população de Jumeirinho, uma pequena cidade no interior de MG, está de luto com o bárbaro crime ocorrido ontem, 16 de novembro de 2007.


Uma jovem de 24 anos provocou um grande incêndio proposital em um convento de freiras dominicanas que acabou matando uma e deixando as outras duas gravemente feridas. A acusada pega em flagrante confessou ter invadido o convento enquanto as religiosas estavam fora, jogado gasolina e outros produtos tóxicos em todo o local, confessou inclusive que só acionou o fogo após as freiras chegarem, causando esse enorme dano.


A freira que não aguentou tanta fumaça e chegou a falecer se chamava Amélia Vintal e era muito querida pelos cristãos da pequena Jumeirinho, as outras duas que estão com graves problemas de respiração são Irmã Alda e Irmã Antonia.


A jovem Anita Roses Ferro, já havia sido presa antes por pequenos delitos e agressões feitas na cidade. "Ela nunca prestou não, sempre foi esquisita, não me espanta ela ter feito isso não!" disse uma vizinha de Anita a um jornal local. Outra vizinha da jovem afirmou ao mesmo jornal que Anita tinha muita raiva de religiosos. "Ela parecia ter parte com o capeta, uma vez minha filha ia pro culto e quase foi espancada por essa maluca" disse a mulher se benzendo.

O Mistério do Livro LenssonOnde histórias criam vida. Descubra agora