A Grande Praia

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Acordei com meu gatinho saltitando em minha barriga, mas ele nem sequer me incomodava, gosto de sua companhia. Aquela bolinha de pelo, me pedia carinho, me pedia comida, e mesmo se eu não quisesse teria de levantar daquela cama macia. Aquelas cenas do dia retrasado ainda me assombravam, mas eu ignorava, e tentava desviar o pensamento para o mais longe possível. Meu gato me seguia, por cada passo que eu dava, até que não resisti e o peguei no colo, o enchendo de mimos. Quando cheguei na sala de jantar, ainda acariciando o bichinho, dei de cara com minha mãe que estava parada, falando ao telefone, e quando me viu, lançou um olhar irritado:

-Coloca ele no chão! Você já tem problema de respiração, e ainda fica beijando esse peludo!

Um riso saiu sem querer, e a expressão usada foi á culpada. Coloquei ração para ele, e o deixei comendo. Em rumo á cozinha, mamãe me chamou, e deu início a uma nova conversa, contou que conversou com papai por telefone, para saber como estava, e ele está mais disposto do que nunca, se inscreveu em um curso cientifico, e estava muito empolgado. Depois de um longo diálogo com ela, fui verificar minhas mensagens no celular, e a primeira de todas era de minha tia me convidando para ir a sua casa na praia, eu não poderia perder a oportunidade, então aceitei. Depois de 30 minutos me preparando, ela ligou avisando que já estará estacionando o carro na garagem do meu apartamento, e que em 5 minutos ia pegar o elevador e subir. Os minutos passaram, e ela subiu para me buscar, me despedi da mamãe e entrei no carro.
A distância não era pouca... e o trânsito também não! Olhar pela janela do carro, me deixava entediada, um entretenimento me faria bem. Minha tia, tentou puxar assunto, e começou a perguntar sobre a escola. Mesmo o assunto não me agradando muito, tentei ser educada, e respondi a cada pergunta feita. O silêncio permaneceu durante mais 20 minutos, até que finalmente chegamos. A primeira coisa que fiz, foi tomar um copo de água, e em seguida, tirar aquela jaqueta, que estava me fazendo suar. Toda animada, corri para a praia, e meus olhos se arregalaram ao ver o tamanho dela, soltei um grito de alegria, e comecei a rodar feito criança, meus cabelos voavam contra o vento.
Olhei aos redores, queria conhecer o lugar detalhadamente, até que de repente avistei um garoto, com a aparência de no máximo uns 17 anos, estava sentado numa rocha, olhando para o mar, concentrado ao balanço das ondas. O encarei, e fiquei intrigada, a propriedade era de minha tia, e a praia também! Quem era aquele? E porque estava lá? Irritada, aproximei-me para tirar satisfações, mas quando o olhei de perto, lágrimas escorriam em seu rosto, e ele soluçava. Sentei-me ao seu lado, e o olhei, ele olhou para mim, parecia estar desconfortado e preocupado, queria poder ajudar, mas não poderia fazer isso sendo que nem o conhecia.
Estava olhando meu colar pendurado em meu pescoço, e na mesma hora o pingente soltou, e caiu diante da areia, abaixei-me para pegá-lo e no mesmo instante o garoto se abaixou junto tentando pegar para mim, mas antes que eu pudesse encostar no pingente, a mão dele tocou sobre a minha, e nos olhamos nos olhos. Tentando disfarçar, perguntei:

-Quem é você? O que faz aqui?

Fiquei sem resposta, e depois de um tempo, ouvi:

-Me chamo Taylor, moro por aqui nas redondezas, e sua tia sempre me chama para ficar aqui na praia. -Disse ele colocando a ponta de seus pés na água.

-Como sabe que ela é minha tia? -Disse eu intrigada.

Ele arregalou os olhos e disse meio gaguejando:

-Bom, ela sempre fala sobre você! -Disse ele tentando me convencer.

Ele se levanta da rocha, e começa a andar depressa, o sigo, e pergunto:

-O que tá acontecendo?

Ele olha para mim, respira, e diz:

-Desculpa, preciso ir!

Não digo nada, e o deixo ir. O ar já estava gelado, e o céu escuro, resolvi entrar para dentro antes que pegasse um resfriado. Sentei-me na cadeira, e me deparei com minha tia trazendo uma bandeja de café com biscoitos, os colocou sobre a mesa, e sentou ao meu lado, me oferecendo o que acabará de ser preparado. Ela sorriu para mim, e começou a conversar... meu pensamento não estava ali, ou melhor estava muito distante, cada palavra que ela dizia entrava em um ouvido e saia no outro, não estava nem um pouco atenta.

-Melissa!- Disse minha tia acenando com a mão em minha frente.

-Desculpa, desculpa mesmo, estou muito cansada, preciso dormir, obrigada pelo lanche. -Levantei-me indo até o quarto.

Coloquei o pijama, sentei-me na cama e peguei o celular para ver as mensagens, pois não tenho costume de dormir tão cedo. O sinal do WI FI de minha tia estava péssimo... Devia ser por causa do lugar afastado em que ela mora, ou não. Meus créditos estavam poucos, mas como minha curiosidade é maior, tive que abrir o pacote de dados móveis do meu celular. Revirei os olhos vendo que a primeira mensagem era de Anne, pra variar, falando de sua festa.
Depois de quase 30 minutos de papo vai e papo vem, peguei no sono, e pelo incrível que pareça tive um sonho bom...

The Midnight SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora