O Conflito

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Depois de muito caminhar, finalmente cheguei à fazenda, estava cansado, e quase debilitado, mas espero que tudo volte ao seu devido lugar. O que me deixara confuso, foi o fato de me deparar com a grama seca, sem brilho, e infelizmente sem vida, as flores e rosas que antigamente eram coloridas e bonitas, estavam murchas e também secas, e a vegetação cultivada que há alguns meses atrás estavam crescendo e multiplicando, estavam suficientemente apodrecidas para que desse até para sentir seu cheiro ruim de longe.
Animais, não haviam por ali, nem mesmo pássaros. Estava tudo realmente tão deserto... com cuidado, empurrei a cerca em que levava a casa de meus avós, e vários insetos roíam a porta de entrada do local. As paredes estavam mofadas, velhas, e trincadas, semelhante a aquelas casas mal assombradas dos filmes. Aproximei-me da porta, e gritei chamando pelo nome deles, quase quinze minutos passaram-se, e nada, tentei novamente, mas dessa vez batendo, nem sinal. Encostei meu ouvido na janela que estava fechada, tentando ouvir algo, mas não havia um barulho sequer. Preocupado, tirei meu celular do bolso, e fiz uma ligação a eles, que não me atenderam, portanto iria tentar de novo, mas o sinal falhou, me impedindo de fazer o telefonema. Comecei a ficar extremamente irritado, ao ponto de ir para trás tomando impulso para arrombar a porta, e ao entrar deparei-me com a casa completamente vazia, mas ao olhar para o chão, avistei um papel, ao pegar vi que era uma carta assinada com o nome de minha avó, nela dizia:

"Querido Taylor, me desculpe por não te avisar pessoalmente, me desculpe por sumir sem deixar recado, tenho noção de que nada está sendo fácil, mas, por favor, se você estiver lendo esta carta, compreenda e leve-a contigo. Estou procurando uma maneira de expressar em palavras, o que estou sentindo, descobri que tenho uma doença grave, sem cura, e meus dias estão contados. Seu avô, faleceu, mas antes de deixar o mundo, pediu para mim te avisar, que ele foi muito grato por você, enquanto a mim, peço que você faça da sua vida a melhor, e que se amar alguém... diga o quanto antes. Mas saiba, que mesmo não estando ao seu lado, te amarei eternamente..."
Não esqueça!

Beijos, vovó.

Enquanto lia ainda a metade, me senti sobrecarregado, pressionado, sozinho. O que será de mim agora? A dor está me corroendo, por dentro. Dobrei a carta, e fiquei a segurando, e em seguida retornei para o lado de fora, ficar ali dentro me fazia sofrer ainda mais. Ao sair, sentei-me no chão, e me encolhi aos poucos, nada me faria melhorar, nada. Eu estou repleto de pessoas, ou melhor, o mundo está repleto de pessoas, mas mesmo assim me sinto sozinho, completamente sozinho.
Em meio das lágrimas, olhei para os lados, e avistei de longe uma garota caminhando em minha direção, então, parei de chorar imediatamente. A garota era loira, e estava com o cabelo trançado de lado, uma trança delicada e até bonita. Ela vestia uma camiseta lilás, uma calça bege dobrada quase até o joelho, e um tênis preto e comum. Seus olhos eram verdes, e ela tinha pequenas covinhas em sua bochecha, sua estatura era quase do meu tamanho. Confesso que em um momento até a achei bonitinha... mas mudei de ideia rapidamente quando olhei direito e vi que era Anne, uma conhecida minha não tão próxima, que para ser sincero, detesto-a, além de ser metida, pensa que têm autoridade e capacidade de ordenar pessoas.
Ela parou bem em minha frente, e sorriu, sentou-se ao meu lado, e sem permissão tocou em minha mão, eu apenas fiz sinal negativo com a cabeça, e me afastei, mas ela insistiu em querer conversar comigo:

- Tay?

-Não me chame de "Tay", só meus amigos me chamam assim! -Fui extremamente sincero.

-Ai por favor, não me faça rir. -Respondeu Anne com ironia.

-Enfim... Oi... -Ela acenou com sua mão.

-Oi, tudo bem?- Respondi sem a mínima vontade.

-Tudo bem sim, melhor agora! -Ela me olhou com uma cara maliciosa.

-Anne... por favor, não. -Pedi.

-A culpa é sua... se não fosse tão gato! -Ela se abanou como se estivesse sentindo calor.

- Bateu a cabeça enquanto dormia? -Ri.

-Posso ter batido, mas meus olhos continuam os mesmos para dizer o que eu vejo. -Ela se aproximou.

Ela começou a me rodear, e a falar repentinamente "Taylor, Taylor..." E eu fiquei meio repulso, olhando para baixo tentando não rir.

-Sério que você vai tentar me seduzir dessa forma? -Ri.

-É a forma mais ousada de te contrariar...-Ela cochichou em meu ouvido.

A garota cada vez estava mais perto, subiu em cima de mim, e levantou meu rosto, me pressionando para trás, puxou a gola de minha camisa, e disse:

-Então que tal dividir essa beleza comigo?

E me beijou...

No mesmo instante, empurrei-a com toda força para outro lado, estava extremamente com raiva, ela contrariou minha própria vontade, como pode não ter vergonha? Levantei-me imediatamente, mas ao desviar o olhar, vi Melissa, um pouco distante, parada e olhando como se quisesse me matar. Ela tremia, e teve um descontrole, correu e saltou em cima de Anne, as duas começaram a brigar, e eu fiquei sem atitude tentando apartar a briga...

Melissa

Iria voltar para minha antiga casa, mas ainda não tinha coragem de enfrentar minha família, e passar por ela como se nada houvesse acontecido. Mesmo sabendo que Taylor é independente e sabe se cuidar, fiquei preocupada, queria saber mesmo se ele iria para a casa de seus avós, ou se aquilo era apenas um plano para me manter longe dele. Já que ele havia me dado o endereço, segui em frente. Mas ao chegar lá, tive certeza de que eu não deveria ter ido, pois ele não merece, não a esse ponto... Que ódio, o que se passa na cabeça dele de ficar conversando com aquela cobra, ou melhor, não estavam nem conversando, estavam fazendo algo a mais, que intolerante! Descontrolada parti para cima, puxei-a pelos cabelos, com muito fúria. Taylor aproximou-se tentando afastar, mas eu o fuzilei pelo olhar, o queria bem longe, bem longe. Anne começou a gritar, dando uma de vítima, como se fosse a santa do local. Enfim, empurrei-a para trás e soltei minhas mãos daqueles cabelos imundos, a garota se levantou com o corpo torcido, fingindo estar com dor na coluna, mas ela não serve nem para atuar em um teatro:

-Você provocou o fim do meu relacionamento, e eu provocarei o fim de sua amizade! -Disse a garota, sorrindo com cara de nojo.

-Ah é? Como? -Perguntei rindo.

-Adeus! -Exclamou Anne, fazendo um tchau com a mão, e em seguida, empurrou Taylor que estava distraído, e o mesmo tropeçou e rolou montanha abaixo...

-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!! -Gritei ajoelhando no chão, e chorando, quase me jogando dentro do penhasco.

The Midnight SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora