A Dívida

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   Ela me ajudou a levantar, e subimos, deixando o corpo dela naquele imundo porão. Ao chegarmos ao chão da sala, nos deparamos com Jones nos observando, espantado. Ele encarava a pequena ao meu lado, como se estivesse confuso, e com muita seriedade no olhar. Se aproximou de nós, e sem pensar duas vezes já começou milhões de perguntas:

-O que estavam fazendo aí embaixo? Como conseguiram entrar em minha casa? E... Melissa, quem é está garotinha? –Ele perguntava sem pausas para respirar.

   Continuamos andando com pressa até a porta, sem nem quase dar atenção a ele, que caminhava por trás de nós, e não iria sossegar até respondermos suas perguntas:

-Não temos tempo para responder. Só sei que você precisa sair daí, e o quanto mais rápido, melhor. –Minha suposta "Irmã" fez suspense.

-Para que tanto drama? O que está acontecendo? –Ele retornou a perguntar, eufórico.

   Eu apenas tremia de receio, sem imaginar o que aconteceria, como nos livraríamos daquele momento, ou, melhor, como tiraríamos Jones daquela situação. Os dois, conversavam feito adultos tratando sobre negócios, ele é um adulto, mas me refiro a ela, que dizia coisas que nem eu sei do significado. Paralisei por um instante, e dali de fora observei o movimento daquela miúda porta do porão se mexendo, para cima... Para baixo... Como se algo quisesse sair dali:

-Como irei abandonar minha casa? Meu emprego? Meus propósitos? –Jones resmungava.

-Agora nada importa, a não ser a sua vida. Me escuta, faz o que estou pedindo. ENTRA NO CARRO! –A garota ordenou, aumentando o tom de voz, me fazendo voltar para a realidade.

-Mas... Mas a portão ficou aberto... –Jones lembrou, enquanto colocava a mão sobre a testa.

-Dane-se o portão. Obedece! –Ela pediu irritada, me deixando assustada com seu vocabulário.

   Jones, convencido finalmente, entrou em seu carro. Eu e a garotinha, por fim, entramos também, ela na frente ao lado de Jones, e eu atrás, não era para ser ao contrário? Enfim, sentei ali, isolada, olhando a rua pela vidraça do carro, pensando em nada. Ele apertou o freio e disparou com o carro. Minutos depois:

-Não consegue ir mais rápido? –A pequena perguntou.

-Mais rápido que isso? Irei levar uma multa desse jeito! –Ele a respondeu, assustado.

-Dá licença! –Ela pediu.

   Ela praticamente saltou para cima do volante e começou a dirigir como ninguém. O carro perdeu o controle e quase bateu em um poste. Jones teve uma crise e começou a gritar de tanta preocupação, enquanto eu, apenas tirava um cochilo. Depois disso, tudo correu bem, e o carro nunca havia ido tão rápido quanto agora. Já estávamos bem longe da residência de Jones, mas não sei para onde exatamente iriamos.

30 minutos depois.

-Chegamos! Desçam do carro, irei chamar a mamãe. –A garotinha disse e desceu do carro, correndo em direção da mansão.

   Desci do veículo e me deparei com uma enorme mansão, várias janelas, um jardim ao lado, com rosas, e borboletas sobrevoando ao redor, tudo limpo e organizado, as paredes rosas me animavam, e ali também havia uma varanda no alto, tudo muito... Perfeito. Eu e Jones seguimos a garota de mansinho, e esperamos no portão do local. A garotinha batia na porta desesperadamente, e finalmente alguém abriu a porta, ao levantar meu rosto, vi que era a própria, minha suposta verdadeira mãe.

-Filhas! Entrem. Quem é este belo rapaz? –A moça perguntou, abrindo a porta, liberando nossa passagem.

-É um amigo, digamos. Precisava vir conosco. –Respondi enquanto limpava meu par de tênis no tapete de entrada.

The Midnight SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora