The Midnight Secret

Acordos irreconciliáveis

   Eu tinha certeza absoluta que era ele, o jeito em que me tocava, a voz, o perfume, era tudo tão... Radiante. Bastava abrir os olhos e me envolver profundamente. E foi isso que fiz. E acabei chegando à conclusão, era mesmo quem eu imaginava ser, Taylor.
   Ele respirava profundamente enquanto me encolhia em seus braços, me acariciava e eu retribuia fazendo o mesmo. Ele parecia deprimido, seus olhos estavam molhados, e com grandes olheiras. Me afastei preocupada, sem dar explicações, o mesmo continuou imóvel, olhando para baixo, e batendo seus pés no chão, parecia nervoso:

-Está tudo bem? -Perguntei.

-Sim, está. -Ele provavelmente mentiu.

-Não, não está. -Respondi desconfiada. -Eu te conheço! Pode contar, quero só ajudar... -Pedi.

-Você tem razão. É que estou numa fase complicada, digamos, isso tudo por sua causa. -Ele desabafou.

   Fiz uma expressão confusa e brevemente perguntei:

-O que eu fiz? Só o que faltava querer me culpar por algo que nem sei sobre o que se trata. -Respondi, irritada.

-Nada disso, Mel. Nós somos as maiores vítimas deste caso. -Ele me acalmou enquanto trançava meus cabelos.

-Ufa! Mas agora faça favor de me contar. -Pedi, autoritária.

   Ele sorriu de lado e continuou:

-Melissa, desculpe dizer, mas todos estão lhe manipulando. E por isso, passo noites sem dormir, pensando em como resolver essa situação. -Ele disse.

-Quem está me manipulando? Conte em detalhes! - Perguntei.

-Meus pais e os seus. Eles querem lutar, estão te enganando, fingindo concordar com tudo, mas não. Querem lutar por sua guarda. -Ele respondeu, tenso.

-Lutar por minha guarda? Que idiotice! Como fui acreditar na bondade deles? Já disse para seus pais, que iria voltar para minha nova família, recomeçar. -Debruçei na parede, chorando.

   Ele se aproximou e me abraçou, secando minhas lágrimas, mas aquilo não foi suficiente para conte-las:

-Mas o pior de tudo, querem nos afastar, então acho melhor mantermos distância. Será melhor para mim e para você. Você seguirá sua vida, e eu a minha. -Ele respondeu.

-O que? Está de brincadeira? O que ganham separando pessoas? O que isso agrega na vida deles? Taylor, imaginei que fossemos amigos, mas agora, descobri que não. Valeu por destruir meu dia! -Respondi, extremamente revoltada.

   Ele surtou, revirou os olhos, e brevemente, deu um chute na parede, e lá se debruçou:

-Você é a garota mais teimosa que já conheci. Não se contenta com nada, não compreende nada. Talvez seja por isso que ninguém goste de você. Estava dizendo que é melhor darmos um tempo. Talvez quando tudo se acalmar, podemos voltar a conversar. Mas você leva tudo para o outro lado, já estou cansado, quer saber? Terminamos por aqui! -Ele decidiu.

-Então tá! Se essa é sua escolha... Mas fique sabendo, quando voltar irei pagar na mesma moeda. Ingrato! -Disse, nervosa.

-Poxa Melissa, você precisa entender meu lado. Não é fácil! Estou aqui tentando te fazer feliz, mas agora não posso contrariar nossos pais. -Ele desabafou.

- Entendo. Então... Até mais! -Disse já com os olhos marejados.

-Vai dar tudo certo, confie em mim. -Ele me abraçou e se foi...

                           ~♥~

Uma semana depois...

-Ela não pode se envolver com esse garoto. Ela não sabe de suas intenções, seus desejos. Ele é um inimigo! -Ela sussurrava para meu pai.

-Você tem razão, amor. Precisamos oferecer o melhor para nossa filha, e ele não está nessa lista. Devemos arranjar um menino ideal para ela. -Ele respondeu para mamãe.

-Ótima ideia! Podemos anunciar, tenho certeza que vários pretendentes irão vir. Colaremos avisos na porta de casa. E brevemente teremos nossa filha compromissada, com um rapaz bom, e rico de preferência. -Minha mãe respondeu, determinada.

   Eles não sabiam, mas eu escutava tudo por trás da porta, e ao ouvir aquilo, não aguentei, e logo comentei sobre o assunto:

-Não estou á venda! E vocês sabem exatamente de quem eu gosto. -Sussurei, decepcionada.

-Queremos apenas o melhor para você. Terei prazer de ir na cerimônia de casamento, vendo você ser feliz, com quem nós escolhemos. -Papai respondeu.

-Vocês dizem como se eu estivesse em um conto de fadas! Caem na real! Nem percam tempo. -Gritei, e corri para meu quarto.

   Chegando lá, vejo que está vazio, melhor para mim, que precisava de um pouco de privacidade. Sento na cama, começo a chorar. Pego meu celular, abro minha playlist de músicas lentas, e fico ali escutando. É lamentável meus próprios pais planejarem algo sem minha permissão. Queria tanto estar com Taylor agora, uma pena estar impossibilitada de fazer tantas coisas. Desde que me mudei para cá, minha vida praticamente virou de cabeça para baixo, estou me sentindo uma prisioneira. Nunca posso tomar uma decisão sozinha, pois é sempre eles que decidem em meu lugar. Sinto falta de quando erámos só nós dois, nos aventurando, arriscando a adrenalina e sem ninguém para atrapalhar. Espero que um dia, eu seja livre como era...