A Despedida

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Desde que nasci, a pior coisa em toda minha vida, não foi um arranhão na infância, e nem uma amizade desfeita. A pior coisa em todo este tempo, foi observar aquela expressão de choro, aqueles olhinhos frustrados, aquele coração partido. Taylor observava de longe sua antiga casa, que desabava aos poucos, que queimava rapidamente, e que deixava de ser o que era antes. Mas o mais triste, não foi a perda de sua moradia, e sim a perda de uma pessoa especial, e agora o que restava a ele eram as lembranças. Daphine acabará de não estar mas entre a gente, por mais que tentamos não obtivemos resultados, e sem querer deixamos uma vida zerar.
Minha sensação era de culpa, se eu não fosse tão atrapalhada ao ponto de encostar no interruptor de luz, ela talvez estaria aqui, conversando conosco. Praticamente agora me sinto uma assassina, não que eu seja de verdade, mas por própria distração, acabei me tornando uma por um instante. E também por minha culpa eu teria de suportar ver meu amigo daquele jeito.
Talvez depois do acidente, nada seja como antes. Nunca se sabe se o garoto irá guardar rancor de mim. Desejo que não, ele é meu único amigo, e é a única pessoa em que posso confiar, e eu sei que ele precisa de mim, e eu dele, principalmente agora que ele está sem Daphine, e sem casa, e eu sem minha família, por razões, e sem amigos pois os únicos que eu tinha desistiram de mim, estamos completamente sozinhos, necessitamos um do outro.
Ao voltar para a realidade, depois de longos pensamentos, vejo o menino ainda sentado ao meu lado, pensativo:

-Desculpe, Taylor! -Abaixo o rosto me sentindo culpada.

"Esquece, não pense que vou te desculpar", isso foi o que imaginei ser a resposta, mas ouvi algo totalmente ao contrário.

-A culpa não foi sua. -Respondeu-me.

-Eu sei que seu coração está ferido. -Disse.

-Verdade, ele só está ainda batendo porque tenho você! -Ele olhou em meus olhos.

Meu coração ao ouvir aquilo acelerou e eu comecei a gaguejar:

-V...Você é fofo! -Sorri de lado.

-Obrigada açúcar. -Ele piscou para mim.

-Como assim, açúcar? -Fiquei confusa.

-Porque você é um doce! -Me agradou.

Não resisti e apertei suas bochechas coradas, e o próprio fez biquinho, e sorriu de leve, mas no fundo ele estava triste, ou melhor ele estava péssimo, só tentava disfarçar para não me deixar preocupada. Após conversarmos, chegamos a conclusão de que aquele não era o momento de conversa, resolvemos cada um seguir seu caminho, pelo menos por enquanto, ele iria se hospedar na fazenda de seus avós, até as coisas se acalmarem, e eu voltaria para minha antiga casa, não havia jeito. Nos despedimos com um abraço e sem nenhuma palavra, e seguimos nosso caminho.

The Midnight SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora