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Isso aí. Eu voltei! Queria poder dizer que esse livro é a continuação da minha vida feliz e calma, mas quem quero enganar?! Minha vida nunca foi normal. Eu poderia partir do meio da história e contar as melhores partes, mas para que entenda tudo, terei que começar do primeiro ocorrido. Nem sempre o que fazemos para o bem das pessoas, será para o nosso bem. Dizem que coisas ruins acontecem por um motivo. Mas nenhuma palavra sábia me fará parar de sangrar. ♪♪♪

Era um sábado de manhã, para ser mais exata, era dez da manhã. Clima estava agradável e tudo bem tranquilo, ao contrário de mim. Minhas mãos se mexiam sem parar dentro dos bolsos da calça. Mason passou seus braços em minha volta e afirmou:
-Vai dar tudo certo.
- Está tentando me convencer ou se convencer?- perguntei irônica.
- Os dois. Eu já enfrentei muitas coisas, até consegui convencê-la o que sente por mim. Porque enfrentar só sua tia e seu primo me parece o fim do mundo? - interrogou ele, olhando pra rua.
- Não sei. Podemos deixar isso para outro dia.- propus. Não queria soar triste, mas minha voz não havia entendido essa parte.
- Não mesmo. Alexa, eu quero muito fazer isso, mas ...- começou ele.

...Estou com medo da reação deles. Quero que me aceite, completou mentalmente.

Após algumas semanas, Mason e eu havíamos descoberto mais dons envolvendo a Marca. Além de ter mil regras para seguir, podíamos mandar essas mensagens mentalmente um para outro.

- Eu sei. - respondi. Comecei a rir ao pensar no que íamos fazer.
-O que foi?- perguntou ele,sorrindo.
-Eu... Só achei que éramos mais corajosos. A gente é muito mole.- expliquei.
- Verdade. Talvez nem seja esse bicho de sete cabeças que estamos pensando.- comentou ele.
-Hidra.- corrigi-o.
-O que?
- O bicho de sete cabeças só tem cinco na verdade. É uma hidra.
-Aula grátis sobre mitologia agora?
-Às vezes, o conhecimento nunca é demais.
- Haha. Certo. Vamos logo fazer isso?

Neguei com a cabeça. Ele riu e me deu mais um abraço forte. Depois,de mãos dadas, atravessamos a rua e seguimos na direção da minha casa. Notei dois carros parados na entrada. Nenhum era de Ryan. Apressei meus passos,curiosa para saber o que estava acontecendo.

Parei diante a porta, com um gelo pesado na barriga. Olhei para Mason que já me encarava.

Vamos conseguir, afirmei mentalmente.
Juntos, completou ele.

Assenti com a cabeça e coloquei a mão na maçaneta. Sem pensar em mais alguma desculpa que pudesse nos impedir de seguir em frente, abri a porta, puxando Mason comigo.

Deparei-me com nossa sala de visitas cheias de pessoas. Em alguns segundos, já havia encarado cada rosto presente ali. No sofá de três lugares, estava um homem jovem, de terno preto e maleta. Seu cabelo loiro escuro estava arrumado perfeitamente. Por mais de sua expressão ser dura e séria, seus olhos demonstrava amistosidade. Do lado dele, havia um homem de mais idade. Havia alguns fios grisalhos saindo dos seus cabelos pretos. Seu rosto redondo estava calmo e seus olhos iguais aos meus pareciam cheios de dor. Haviam mais coisas em que éramos parecidos: mesma cor de pele, mesma postura confiante e despojada. Apertei forte a mão de Mason. Resolvi prestar a atenção no terceiro integrante e esse por vez, totalmente desconhecido. Era um adolescente. Talvez mais jovem que eu. Seu cabelo era preto e liso, estilo emo. A franja grande chegava a tampar seus olhos marrom-esverdeado, semelhantes aos de Leah, minha antiga e adorada amiga-irmã. Sua pele clara dava destaque ao piercing de argola no seu lábio inferior. Usava um óculos quadrado que marcava seu rosto oval e se fundia com suas madeixas escuras. Vestia uma calça rasgadas, semelhante as que eu usava e uma blusa preta com letras prateadas escrito "Linkin Park". Na poltrona, estava minha tia e em pé, do seu lado, estava Ryan.

Olhei para minha tia a procura de respostas.
- O que estava acontecendo aqui?- perguntei.
-Alex, sente-se por favor.- pediu ela.
-Eu não quero sentar. Dá pra me responder?- perguntei, sentindo meu coração bater tão forte que chegava a sufocar-me.
-Alex, calma. Não surta.- disse Ryan, erguendo as mãos, em modo de rendição.
-Difícil.- resmunguei.

O advogado levantou e colocou-se a minha frente.
- Senhorita Alexa.- comprimentou-me, apertando minha mão.
-Doutor Steve.- afirmei, puxando a mão de volta e buscando por Mason.
-Tudo bem?- perguntou o doutor.
-Era para está, mas não sei dizer mais.- argumentei.- O que o trás aqui?
- Resolvendo um caso. Sente-se. Temos assuntos para tratar.- confessou.
- Já falei que não quero.- respondi, brava. Eu odiava quando me mandava sentar. Era uma frase com significado universal: vem bomba! Prepare-se.
-Calma, meu amor.Estou aqui com você.- disse Mason no meu ouvido. Aquilo foi um pouco reconfortante, mas não o suficiente para acalmar minha turbulência mental.
- O que ele está fazendo aqui?- perguntei, gesticulando com a cabeça na direção do meu pai que estava sentado no sofá.
-Vamos direto ao ponto,OK?- perguntou Dr. Steve.
- Beleza.- confirmei.
- Nesse intervalo de tempo em que seu pai esteve fora, na verdade estava ...- ele parou e encarou Mason.- É um assunto delicado. Talvez devesse ser discutido apenas por membros da família.

Mason se remexeu atrás de mim e disse:
-Certo. Eu já vou indo.- afirmou. Ele não queria ir. Eu sentia aquilo.
-Ah, não. Vai não.- confirmei, negando com a cabeça e segurando em seu braço.
-Isso é assunto de família, Alexa.- contra-atacou o advogado.
-OK. Vamos fazer assim então: se ele for, eu vou junto. Pouco me importa o que tem a resolver, Dr. Steve.- respondi, brava.
-Só estou tentando ajudar.- argumentou ele.
-É. Estou vendo como.- afirmei dirigindo um olhar acusador a meu pai. Aquilo estava me deixando mal.
-Não vejo problema em o garoto ficar.- comentou a minha tia.

Olhei para ela, agradecida e murmurei sem som um Valeu. Ela apenas sorriu e acenou com a cabeça.

Fica,por favor, pedi a Mason.
Tudo bem. Não vou a lugar nenhum se não quiser, respondeu ele.
Obrigado.

Senti ele retomando sua posição anterior, só que desta vez passando seu braço pela minha cintura. Era seu modo de dizer que ia me proteger. Eu me senti melhor com ele. Confiante, forte e responsável. Voltei a atenção ao que acontecia ao meu redor.

Olá, caros leitores. Hoje foi um dia muito diferente e legal: o primeiro show da minha banda favorita no Brasil. The Script ❤. Então esse capítulo é em homenagem a essa banda perfeita e a Borba (que se eu não postasse,cortaria meu gogó Kkkk) Valeu por tudo Borba ❤.

The Cursed HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora