XXV

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Eu não sabia para onde iria, mas continuei seguindo pela rua. Eu conseguia sentir a liberdade me acompanhar. Era apenas eu, indo para qualquer lugar. Eu fazia aquele tipo de coisa desde os meus doze anos. Quando estava perdida em mim mesma, sair para o desconhecido era a solução.Na primeira vez que fiz isso, meus pais surtaram. Expliquei que tinha apenas andado pela cidade e sem querer, tinha parado na cidade vizinha. Foi uma viagem legal. Eu havia feito amizade com a guitarrista de uma banda que estava de visita na cidade e ela me convidou para ir no próximo show. O único problema era que o show não seria na minha cidade, mas mesmo assim, eu fui. No dia seguinte, o ônibus de turnê da banda me deixou na porta de casa, sã e salva. Mas você acha que isso me livrou do castigo? Nãããããão. Um mês sem ir fazer minha habitual exploração de casas. Aquilo me deixou bem triste, mas depois de duas semanas, saí novamente.

Agora eu caminhava sobre o luar. Parei perto de um prédio, onde havia muitas luzes e a música era alta. No lado de fora tinha um segurança e uma enorme fila. Era uma balada e pelo visto a mais legal. Por que não entrar? Coloquei meus all star nos pés e caminhei na direção do segurança.
-Eu posso entrar?- perguntei, sorrindo.

Ele olhou para mim e abaixou a prancheta que segurava.
-Claro, meu bem. Hoje você pode tudo.- disse ele, abrindo passagem para mim.
-Obrigada.- e entrei.

Tinha muita gente ali. Estava meio escuro e jogos de luzes piscavam o tempo todo. A maioria ali era adolescentes que assim como eu, só queriam um pouco de diversão para distrair a mente. Uma nova música começou e uma fumaça se espalhou pelo chão. A batida contagiante da música me fez ir para a pista de dança. E foi assim, música após música. Não me importei com o cansaço ou com a sensação de desconforto que minha fantasia me proporcionava. Eu estava bem ali. Eu não precisava me preocupar com ninguém além de mim. Uma música com um ritmo animado começou a tocar. Prestei atenção no que dizia:

Ah-ooh! Se você tem problemas deixe-os ir
Deixe-os subir, bem alto, bem alto no céu
Assim como um balão vermelho
Ah-ooh! Não deixe que suas preocupações cheguem até você
Deixe-os flutuarem, bem alto no céu
Assim como um balão vermelho ...♪♪♪

Sorri com a melodia e a mensagem. Era aquilo que eu faria. Até o sol nascer, eu não pensaria em problemas ou missões estressantes. Eu vi as horas passar rapidamente e o cansaço por fim tomar conta de mim. Sai da balada e peguei meu celular.

25 ligações perdidas de " Idi❤t".

Ignorei as ligações.

1 nova mensagem de "Idi❤t"

Abri.

Lexy, onde você está? Pode parar com isso! Estamos todos preocupados. Thomas nos disse que você pediu não te procurar e que ficará bem, mas eu não ligo para as coisas que ele fala. Ele também disse que fiz merda de novo. Esse cara está estranho. Apenas me fale onde está, meu amor. Eu vou onde for preciso.Tentei te chamar, mas sua mente estava muito longe. O que aconteceu? Por favor, conte-me. Eu te amo.

Neguei com a cabeça.
-O que aconteceu? Eu vou descobrir isso também. Enquanto isso, estarei incomunicável. - e desliguei o celular.

Voltei a caminhar, cantarolando. Eu me sentia uma louca, porém estava mais leve. Andei calmamente, indo para casa. Casa, que palavra reconfortante. Peguei a chave reserva que ficava escondida no buraquinho do batente da porta e abri a porta. Na ponta do pé , entrei na casa. Quase tive um ataque cardíaco ao encontrar minha tia dormindo no sofá. Mexi no seu ombro e a acordei.
-Tia, está tarde! O que faz no sofá?- perguntei.
-Eu estava esperando o Ry chegar. Que horas são e o que faz aqui?- perguntou ela, sentando no sofá.
- São três da manhã. Eu vim ver se estava tudo bem por aqui.- comentei.
-Ah, minha querida. Está sim, mas no momento estou preocupada com seu primo. Está tarde e ele ainda não chegou.- afirmou ela se levantando. Eu vi o cansaço a dominar, assim como fazia comigo.
-Por que a senhora não some e dorme um pouco? Eu vou atrás do Ryan e vou trazê-lo em segurança.- propus.

The Cursed HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora