XXXVII

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Consegui chegar na cidade em menos de uma hora. Olhei ao meu redor à procura de alguma loja para poder comprar um mapa ou algum transporte. Achei uma conveniência e entrei, procurando o tal mapa do país. Também acabei comprado alguns salgadinhos e garrafas de água para a viagem. Sentei na escadaria da biblioteca municipal e peguei o mapa, abrindo um salgadinho e comendo. Eu já havia conseguido decorar o endereço que Bernardo havia me dado e liguei o Locest do meu celular. Era um aplicativo que Bernardo havia criado para nós dois, tipo um código e o nome era a descrição do aplicativo (localização e estado físico). A cada duas horas, esse aplicativo manda uma mensagem com minha localização e a mensagem: ML, TB (Mason Lerner, está Tudo Bem) . Essa opção aparecia na minha tela antes da mensagem ser enviada. Quando eu tinha problemas, eu mandava : ML, SOS. P's (Mason Lerner, Socorro. Problemas) . Era nosso código.Assim, também funcionava com Bear. Para mim aparecia: BR,TB / BR , SOS, P's a cada duas horas. Assim poderíamos saber como o outro estava sem muito trabalho. Era extremamente útil. Eu poderia pedir para por um desses no celular da Lexy, mas aposto que ela não ia querer. Odiava quando alguém ficasse na sua cola, mesmo que essa pessoa fosse eu. Era tão cabeça-dura e teimosa que era impossível não se apaixonar.

Voltei minha atenção ao mapa, achando o estado, depois a cidade. Agora eu precisava de algum transporte até a tal cidade. Era longe para mim ir correndo e seria bem cansativo. Caso eu precisasse lutar, não conseguiria. Observei as ruas e reparei em uma rodoviária funcionando. Juntei tudo e coloquei tudo na mochila, indo na direção do estabelecimento. Pedi uma passagem para o próximo ônibus e aguardei em um banco. A viagem seria demorada, entretanto eu não tinha melhor opção. Precisaria ir rápido. A agonia parecia me corroer por dentro. Cada minuto passava lentamente e qualquer ônibus, eu achava que era o meu. Ia acabar ficando louco assim. Mais.

Depois de quarenta e cinco minutos o ônibus parou e pude embarcar. A viagem demorou menos que o previsto, mas levou o reto da noite e a madrugada toda. Chegamos pela manhã. Precisei ir em um restaurante e me limpar no banheiro, tirando vestígios de sono. Em seguida, achei um táxi disponível e entrei.
- O senhor sabe onde fica esse endereço? - perguntei ao entrar no veículo e mostrei o papel.
- Conheço a rua, mas não o número. Posso lhe deixar perto, se quiser. - afirmou o motorista.
-Pode ser. - confirmei. Aquilo era melhor que nada.

Ele ligou o carro e outra viagem começou. Depois de alguns minutos, o senhor tentou puxar assunto.
- Então, é sua primeira vez na cidade? Desculpa dizer, mas está com cara de turista perdido. - comentou ele.
-Sem problemas. É sim. Nunca tinha vindo aqui antes.- confessei, tentando ser simpático.
- E o que te traz aqui? - perguntou ele.
- Vim atrás da minha namorada. Ela está por aqui. No endereço que te mostrei. Acho que está com problemas. - mencionei, olhando para fora. Foi então que reparei que subíamos uma especie de montanha.
- Mulheres. Sempre conseguem estar em problemas. Desejo-lhe sorte, garoto e espero que a encontre. -afirmou ele.
- Obrigado. - agradeci.

O resto da viagem foi silenciosa. Enquanto isso, eu pensava. Para mim, era complicado desviar meus pensamentos da Lexy, pois boa parte da minha vida estava ligada à ela. Não era uma reclamação, eu adorava pensar em tudo que a envolvia, como eu era perto dela. Eu sentia que poderia fazer e ser o que quisesse. Acho que era isso que chamavam de amor afinal. Era amar uma pessoa a ponto de querer o mundo para ela e amar a pessoa que se tornava em sua presença. De repente o carro parou.
-Chegamos, meu jovem. E eu sinto muito por fazer isso. Você parece um bom garoto. - confessou o cara de cabeça baixa.

Eu ia lhe perguntar o que queria dizer com isso, quando a porta do meu lado foi aberta e eu fui puxado para fora com violência. Olhei ao redor e me vi cercado por guardas. Um deles deu um passo a frente.
-Você não deveria estar aqui. - murmurou ele com raiva.

Depois disso, levei um soco no rosto e cai no chão, batendo minha cabeça nas pedras. A dor se estendeu tão forte que não consegui permanecer acordar. Infelizmente, desmaiei.




The Cursed HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora