Sede

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- E como está nosso pai? - A garota se aproxima do irmão sentado à cama.

De acordo com Theodore Vitae, Sean Grace, o pai de Alexander e Clarisse, estava preso na mega torre do cientista. Fora acusado de traição pois iria expor os arquivos de testes humanos feitos por aqueles laboratórios na internet. O telepata deveria fazer tudo o que o homem desejasse, caso contrário, seu estimado pai seria assassinado. Antes de ser capturado, James fez com que seus dois filhos fugissem por um simples túnel do porão. Alexander foi capturado meses depois, mas continuou mantendo contato secreto com sua irmã.

- Vitae não toca no assunto, Clarisse - Ele diz, tristemente - Apenas faz ameaças quando pensa que irei o desobedecer.

Ela leva seus olhos ao chão.

- E Charlie? - Vendo a confusão expressa pelo irmão, continua - O que acha que Vitae fará com ele? Será que é mesmo a tal cura?

Ele fica tenso.

- Eu não sei - Olha para a porta do banheiro que o pálido está tomando banho - Espero que sim. Ele é um bom menino. Não sei o que faria se ele fosse machucado.

- Eu não confio em Theodore - Ela diz.

- Nem eu - Ele a responde - Mas preciso entregar o garoto. A vida de nosso pai depende disso.

- Espero que ele esteja bem.

- Eu também - A encara - Todos nós ficaremos bem.

Então a porta do banheiro é aberta, fazendo a conversa chegar ao fim.

- Para onde vamos? - Pergunta o garoto pálido ao loiro. Não tinha dito uma palavra sequer até aquele instante.

Tinham ido de volta para a Segunda Estação de Beaverton. Para o menor, nem parecia que sua vida tinha mudado em apenas sete dias. Sentia que podia confiar no garoto ali ao seu lado. Tinham recebido uma carona de Clarisse do hospital até a estação de metrô. A madrugada de hoje foi complicada para os dois, depois do surto nos poderes de Charlie. Alex ainda estava com uma enorme tala enrrolada em seu corpo, por debaixo da blusa comprida preta e branca. O moreno adormeceu com a cabeça no colo da irmã mais velha de Alex. Antes, voltam para o hotel para pagar a estadia com o cartão prateado de Theodore Vitae.

- Vamos voltar para Portland - Alexander diz, simplesmente.

- Voltar? - Pergunta um pouco confuso.

O telepata olha para os olhos coloridos de Charlie.

- Nós dois - Aponta para o peito, dele e de si. Seu tom é relaxante - Vamos para um lugar, certo?

Mesmo inseguro, Charlie assentiu. Permaneceu calado desde então.

Os garotos sentaram-se na parte do final do vagão do metrô. Um ao lado do outro, dessa vez. Era sábado, as linhas não costumavam ter tanto movimento quanto nos outros dias da semana. O tempo, menos de 40 minutos, passou rapidamente e logo chegaram na Estação Haven.

Vão até a McKey Avenue através da saída subterrânea. Esperam alguns segundos até avistarem um taxi ao horizonte da avenida. Estende seu braço para a frente, sinalizando ao motorista.

- Para a Torre Sede de Laboratórios, por favor. O que acha que aconteceu com você ontem? - O maior indaga assim que o motorista acelera - Digo da sua pane.

- Eu não sei. Isso nunca tinha acontecido antes - Mesmo depois dos dias, seu tom continua relutante. Ele encara o maior, fazendo os olhares se encontrar - Sempre tive controle com a telecinese.

Então ele abaixa seus olhos quando se lembra de sua premonição. Era algo que ele podia mudar. Tentou e apenas piorou tudo. E ainda tinha seu poder novo. Aquilo que podia fazer em espelhos. Era doloroso demais. Tinha entrado em pânico.

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